Será mesmo, rapaziada?
Psy conseguirá emplacar outro sucesso? Teló acertará de novo como em “Ai Se Eu Te Pego” (apesar de todo mundo saber que “Fugidinha” é superior)? E será que Nova Friburgo conseguirá lançar algum cantor de arrocha/breganejo no cenário musical deste 2013?
Felizes anônimos
Priscilla Franco
“Olá, mundo!” Essa é a frase que Nova Friburgo sempre quis que fosse ouvida. Não no meio de uma tempestade, qualquer fosse a natureza chuva. Friburgo gostaria de ser conhecida como a Suíça Brasileira, a capital da Moda Íntima, a Cidade Jardim! Mas ainda que dissesse “olá” para o mundo, receberia de volta um aceno de cabeça, constrangido. O mundo não conhece Nova Friburgo. Sequer o Brasil o conhece. Não fora dos contextos nada agradáveis que os jornais andaram noticiando.
Nos viram chorando, mas no fundo ninguém liga para o que nos faz sorrir. Ninguém entende o orgulho bobo que nos toma quando descobrimos que o criador do Dia da Criança nasceu aqui. Ninguém compreende a alegria pueril de acompanhar um bom desempenho do Friburguense, ainda que tenhamos no coração um dos quatro grandes times do Rio. Aliás, enquanto escrevo esse texto, a palavra “friburguense” é destacada pelo corretor ortográfico (e sem sugestão de sinônimos).
Tá, e daí que não somos populares? Eu diria que esse sempre foi o nosso charme. Pra que defender a naturalidade de Luma de Oliveira e Cauã Raymond se friburguenses ainda mais interessantes nunca saíram daqui? Quantos romances de portão, histórias de heróis, mocinhas e fantasmas são contadas na Praça Getúlio Vargas, entre colheradas de sorvete Fribourg? Temos nossos vilões, benfeitores, lugares espetaculares, romancistas, poetas, artistas de rua.
E daí que o mundo não nos cumprimenta, não nos saúda, não nos vê como iguais? Eu me conformaria em continuar surpreendendo, na paisagem deslumbrante de Mury, tão logo eles subissem a serra. Me faria feliz ouvir de Friburgo como um lugar distante de tudo, cidade de veraneio. Que nossa característica mais famosa ainda fosse o frio, mesmo que isso signifique míseros dois graus a menos do que se observa na capital.
Tenho saudades de uma Friburgo desconhecida, anônima, distante do resto do mundo. Era melhor do que ser lembrada como um lugar onde as coisas ruins também acontecem.
LEMBRA DISSO?
Amine Silvares
Das coisas mais legais que surgiram nos anos 90 foram os One Hit Wonders, aqueles artistas que só conseguiram fazer sucesso com uma música. O que faz esses artistas serem melhores do que os dos anos 80? Eles não usavam sintetizadores com a mesma intensidade. O que faz esses artistas serem melhores do que os dos anos dois mil? Eles ainda se esforçavam para fazer letras minimamente interessantes. Fiz uma pequena lista com alguns dos meus favoritos e suas histórias.
One hit wonders
New Radicals – You Get What You Give: Rebeldia porque seus pais não te dão dinheiro para comprar nada, quem nunca? A ideia da banda era acabar depois que o vocalista e idealizador Gregg Alexander conseguisse US$1 milhão e... acabaram!
Spin Doctors - Two Princess: Aparentemente, eles têm um outro hit, mas eu nunca ouvi falar. Rockzinho bonitinho. O sucesso veio em 96, mas banda só acabou em 2005.
The Wonders - That Thing You Do: Provavelmente a melhor banda fictícia dos anos 90. Mentira, foi The Commitments. Mas The Wonders ficou mais famosa. A banda, criada pelo ator Tom Hanks para seu debut como diretor, era caracterizada como os grupos de rock do começo dos anos 60 que eram One Hit Wonders.
Soul Asylum - Runaway Train: Se algum clipe for mais triste, eu desconheço. Dizem que a banda era boa, mas nunca fui atrás de mais nada para dar meu parecer.
Haddaway - What is Love?: Bem dance, bem poperô, bem basicão, esse sucesso não poderia faltar nesta lista. Um bate-cabelo inesquecível que só os anos 90 poderiam nos propiciar. É também o cara sensualizando na foto acima.
Blind Melon - No Rain: Mais uma música bonitinha. O vocalista se matou, a banda arranjou outro, acabou, voltou e ainda estão na ativa. E o clipe é fofinho demais.
Joan Osborne - One of Us: A Joan não canta mal, só que nunca mais conseguiu emplacar nada. Uma regravação sua ficou famosa por ser tema do filme “Que Mulher é Essa?”, mas só nos Estados Unidos.
Deee-Lite – Groove is in The Heart: Não confie num DJ que faça playlist para festas e não inclua essa música. Pode até não tocar, mas tem que estar incluída. É muito divertida, muito boa, muito pra cima. E tem a participação do Bootsy Collins. E do Q-Tip.
Scatman John – Scatman: O cara era músico de jazz e era GAGO. Pois é. A letra da canção é um boost de autoestima. Ele morreu em 1999 devido a um câncer no pulmão.
Sinead O’Connor - Nothing Compares 2 You: Essa música do Prince ficou uns 2600% melhor depois desta versão, tanto que, apesar de ser fã do Mr. Purpleness, não recomendo que você ouça a original. Sério. Não ouça. Por favor.
LER, VER, OUVIR
João Clemente
Ouvir:
A trilha sonora original do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain) (2001), do multi-instrumentista Yann Tiersen, é um fenômeno mundial. É música de fundo para casamentos, batizados, Natal, ano-novo, vernissage, apresentações de dança, chá da tarde, desfile de moda, ou simplesmente para curtir um jardim florido de uma manhã de primavera—enfim, pode-se botar pra tocar esse disco em qualquer circunstância em que se queira promover um clima de bem-estar, alegria e leveza da vida. O chato é que, de tão usado e abusado, já começa a virar clichê, se é que já não virou. Mas, na falta de outra coisa, é default, é tiro certo.
Ler:
Máximo Gorki é um autor russo não tão conhecido do grande público quanto Dostoiévski, Tolstoi ou mesmo Turgueniev. Na verdade o conheci ao ler o diário de Bukowski, no qual ele falava mal de praticamente todos os escritores mas elogiava Gorki. E assim eu naturalmente tive que lê-lo. Consegui no sebo um livro de contos e gostei de cada um deles. Todos são muito tristes, mas não é aquela tristeza existencial, é tristeza fruto da miséria, da vida dura, que faz por efeito de contraste a nossa vida parecer boa.
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