Por Alessandro Lo-Bianco / @Alessandrolb
Segundo a opinião pública, a reforma política é a reforma prioritária e, sem ela, as demais reformas não se concretizariam. Pelos diversos cantos onde tenho percorrido para escutar falar a respeito do assunto, principalmente nos últimos movimentos organizados para protestar a corrupção no Brasil, escutei diversas opiniões que trouxe para esta publicação. Dentre as principais mudanças desejadas pelos eleitores, dentre elas, o perfil do político ético, avaliação e controle sobre suas obrigações e mudanças no sistema eleitoral.
É sabido que o STF estabeleceu que os mandatos pertencem ao partido, o que projeta melhoras na questão da fidelidade partidária. Porém, o quadro político mostra que o brasileiro ainda está distante de uma verdadeira reforma política. Para que isso de fato ocorra, faz-se necessário que se forme uma nova política que dê as costas à corrupção e que resgate o espírito público necessário a qualquer governo. Há muito tempo esse espírito público desapareceu dos ideais e das ações daqueles que os representam.
A explicação, segundo alguns cientistas políticos como Lúcia Hipólito, é a falta de punição de políticos pelo STF. É difícil acreditar na isenção dos ministros que compõem o Supremo no julgamento de ações pelo governo, pois todos foram nomeados por sucessivos presidentes da república. Existem exceções que são aqueles ministros que pautam suas sentenças na justiça e na obediência à constituição, como ministro Joaquim Barbosa que num ato louvável pela opinião pública mandou para o banco dos réus os 40 mensaleiros e disse em plena sessão que exigia respeito do até então presidente do STF na época, ministro Gilmar Mendes, em decorrência de “não ser um dos seus capangas do Mato Grosso”.
Porém, outras perguntas ainda pairam sobre a cabeça dos brasileiros: Para que mais de quinhentos deputados e cinquenta senadores trabalhando em média três vezes na semana, fora os recessos? Entende-se a resistência por parte dos legisladores para uma revisão; reduzir cadeiras significa menos tetas para mamar. Segundo levantamento da ONG Transparência Brasil, 1500 é o número de cidades no país que gastam mais com vereadores do que com as necessidades da população.
Através de uma enquete realizada na zona norte e sul do Rio de Janeiro, assim como em Niterói e Nova Friburgo, ficou claro que a produção de escândalos, desvio de dinheiro público e tantas outras mazelas chegaram ao limite da intolerância, segunda a opinião pública. Para a maioria dos entrevistados, os políticos se tornaram numa classe “nefasta” e servem de “gafanhotos” para os meios de comunicação e têm, hoje, o pior índice de respeito e credibilidade no país.
Certa vez, a Câmara dos Deputados se manifestou contra um quadro do Casseta & Planeta que comparava um deputado a uma prostituta. Ao serem processados por setores governamentais, a turma do Casseta emitiu a seguinte nota:
“Foi com surpresa que nós, integrantes do Grupo Casseta & Planeta, tomamos conhecimento, através da imprensa, da intenção do presidente da câmara dos deputados de nos processar por causa de uma piada veiculada em nosso programa de televisão. Em vista disso, gostaríamos de esclarecer alguns pontos:
1- Em nenhum momento tivemos a intenção de ofender as prostitutas comparando-as com os deputados. O objetivo da piada era somente de comparar duas categorias de profissionais que aceitam dinheiro para mudar de posição.
2- Não vemos nenhum problema em ceder um espaço para o direito de resposta dos deputados. Pelo contrário, consideramos o quadro muito adequado e condizente com a linha do nosso programa, uma linha de humor.
3- Caso se decidam pelo direito de resposta, informamos que nossas gravações ocorrem às segundas-feiras, o que obrigará os deputados a interromper seu descanso”.
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