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OS CANDIDATOS ALTERNATIVOS
terça-feira, 23 de outubro de 2012
por Jornal A Voz da Serra
Muitos eleitores não conseguem entender os verdadeiros propósitos das chamadas candidaturas alternativas. O que leva um político a se candidatar sabendo de antemão que não existe a menor possibilidade de ser eleito? São muitos e diferentes os propósitos daqueles que se aventuram a uma missão como esta: a de ser candidato alternativo. A principal é que lá no fundo, é a tênue esperança de virar um novo “fenômeno” eleitoral, isto é, receber os votos de quem quer protestar ou mesmo minimizar uma eleição. Este fenômeno, entretanto, parece estar restrito aos eleitores paulistas.O eleitor mais esclarecido sabe que cada um destes candidatos sem chance palpável de vitória nas urnas se lança com um propósito: sempre algo espera cumprir. Nas últimas eleições o quadro sucessório friburguense apresentou três destas candidaturas: Edil Nunes, Marconi Medeiros e Jorge Carvalho.EDIL NUNESCom a credencial em seu currículo de ter sido até hoje o primeiro político eleito em Nova Friburgo pelo Partido dos Trabalhadores, Edil manteve a estratégia político-eleitoral desenvolvida com o PT desde sua criação: a de em todas as eleições ter candidaturas próprias. Desde que foi fundado, o partido de Lula se fez presente nas eleições, qualquer que tenha sido ela e em todas as cidades brasileiras. É para marcar presença mesmo. Para que eleitor fosse conhecendo as propostas partidárias, para fixar a imagem na consciência coletiva. A prática acabou dando certo com o tempo. O PT, além de eleger vereadores, prefeitos, deputados e senadores, fez de Lula e Dilma presidentes do Brasil.O Psol, principal partido pelo qual Edil se apresentou ao eleitorado friburguense, além de ter nascido de uma divergência do PT, segue, neste aspecto, a política de firmar imagem e lançar candidatos sempre.Com propostas eminentemente ideológicas, o Psol, assim como o Partido Verde e os de extrema esquerda, segue esta proposta de lançar candidatos qualquer que seja o cargo em disputa.Mas, para uma candidatura que apenas cumpria missão kamikaze a campanha e até mesmo a votação obtida devem ser consideradas como uma vitória, se olharmos e pesarmos os propósitos do partido.Poucos são os partidos políticos desta verdadeira salada de siglas em que se transformou o quadro político nacional, poucos, repito, são os que têm e mantêm ideologia que os identifiquem. MARCONI MEDEIROSNão foi a primeira vez e nem será a última que Marconi se apresenta ao eleitorado friburguense. Diria que sua presença atende a um projeto familiar. Divide com o irmão, Marcos, os propósitos políticos dos Medeiros dentro do partido a que pertencem: o PTB. Sua campanha desta vez ficará marcada pelo insólito. Apropriando-se da propaganda de um homônimo seu, o atual governador de Goiás, Marconi foi o campeão de citações na internet quando os internautas descobriram que as mensagens veiculadas no horário político gratuito eram cópias da campanha goiana.Desta vez, pelo menos, uma diferença marcou a campanha de Marconi. Em campanha anterior ao cargo de prefeito, Marconi apresentou uma só proposta: bater na candidatura de Saudade Braga. Agora, quando se esperava a repetição da postura do candidato, ela não se repetiu. Deixou a candidata de lado, muito embora, desta feita, Saudade começara favoritíssima.Os objetivos políticos e eleitorais, desta vez, não deram certo. Os Medeiros ficarão sem mandato, pelo menos até a próxima eleição. Marconi não viu cumprida a missão a que se propôs: reeleger o irmão Marcos com quem chegou até dividir o horário da televisão.JORGE CARVALHOFoi o grande sacrificado nas eleições de outubro de 2012. Um dos principais herdeiros políticos da marcante rejeição do grupo político do PMDB, Jorge foi lançado e lançou-se também numa aventura eleitoral que marcará e manchará sua trajetória. Não importa, ao eleitor friburguense, o fato de ele estar num outro partido—Jorge carrega o fato e o fardo de ter feito parte do governo de Paulo Azevedo.Em minha opinião, o nome de Jorge teria sido usado, provavelmente, como estepe eleitoral. Explico: na expectativa de uma decisão favorável da Justiça, Dermeval Moreira Neto entraria posteriormente como candidato a prefeito do grupo, cujo discurso da posse que não houve, quando voltou ao cargo de prefeito e foi afastado de novo em menos de 24 horas, havia sido um discurso de candidato. Enquanto a Justiça não devolvia Dermeval ao cargo, fato que até esta data não aconteceu, Jorge ia cumprindo a missão de guardar a vaga para—na frente—deixá-la para o atual vice-prefeito. E nesta espera, assumiu, digamos, aquela tarefa a que me referi acima que foi de Marconi nas eleições de 1998: se contrapor a Saudade Braga. Das três candidaturas que chamei de alternativa, a de Jorge Carvalho foi a mais suicida, a que mais danos políticos e eleitorais resultou. Mesmos os que dele divergem reconhecem que com o passado que tinha, tanto como vereador quanto secretário de governo, a votação foi desapontadora. Fiel à bandeira do PMDB, mesmo fora dele, Jorge não era merecedor do verdadeiro sacrifício a que foi submetido. Até para seus mais ferrenhos opositores, a candidatura Jorge Carvalho e o político Jorge Carvalho não mereciam ter sido submetidos a tamanha aventura partidária.Fecho assim, com a coluna de hoje, a minha análise sobre as eleições para prefeito deste ano. Na próxima abordarei a nova composição da Câmara de Vereadores.
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