Lucas Vieira
Neste domingo, 21, às 19h, Nova Friburgo recebe a Orquestra Petrobras Sinfônica para um grande concerto no Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura, com classificação livre. Com mais duas apresentações em outras localidades no fim de semana, a orquestra apresenta em Nova Friburgo peças como a abertura da ópera "As Bodas de Fígaro”, de Mozart; "Canção de Marieta e Canção de Pierrot”, da ópera "A Cidade Morta”, de Korngold; e "Concerto para Trombone e Orquestra” de Nino Rota. Como um dos objetivos da orquestra é democratizar o acesso à música clássica, as apresentações serão gratuitas.
Em entrevista ao jornal A VOZ DA SERRA, o maestro Carlos Prazeres — hoje um dos principais maestros convidados da Orquestra Petrobras Sinfônica — falou sobre as expectativas para o concerto de domingo e também da situação da música clássica nos tempos atuais.
A VOZ DA SERRA - Há quanto tempo existe o trabalho da Orquestra Petrobras Sinfônica?
Carlos dos Prazeres - Esse trabalho da orquestra com a Petrobras completou 30 anos recentemente.
Quantos músicos formam a orquestra hoje?
A Orquestra Petrobras Sinfônica possui hoje cerca de 70 músicos atuantes.
Qual é a base da Orquestra em termos de repertório?
Nós temos uma tradição de saber como interpretar repertórios barrocos e clássicos. Nosso repertório é composto por músicas do século 18 e 19.
Como surgiu a parceria com o trombonista inglês Ian Bousfield?
Foi através do Festival de Trombones da Universidade do Rio de Janeiro. A gente se conheceu e logo em seguida o João Luís Areias, que é o primeiro trombonista da Petrobras Sinfônica, convidou o Ian para fazer um concerto com a gente.
Como está a expectativa para a apresentação do "Concerto para Trombone e Orquestra”?
A expectativa é muito grande, pois esse é um importante concerto para trombone. O Nino Rota é um compositor de trilhas sonoras importantes, ele compôs temas para os filmes do Fellini [cineasta italiano]. Nós faremos o concerto em Nova Friburgo com o José Newton Vieira, que é o principal primeiro-trombonista da Orquestra de Porto Alegre. A gente iria tocar o "Pânico e Ironia”, estreando a obra de René Starr no Brasil, mas como o Ian Bousfield teve um problema de saúde, a gente não tocará essa música na apresentação.
Há um grande público para a música clássica? Como é a relação desse público com a música hoje em dia?
A música clássica passa por um grande dilema e uma autorreflexão. Nós temos uma atuação parecida com os concertos de 150 anos atrás. O grande problema que a música clássica enfrenta é a renovação do público. A questão é o que fazer para conseguir prender a atenção das pessoas por duas horas, mantê-las em silêncio, com celulares desligados, prestando atenção só no concerto.
Uma tendência recente das orquestras é misturar música popular com erudita. A Petrobras Sinfônica faz algum tipo de trabalho com essas características?
A gente tem uma série chamada "MPB e Jazz”, mas ela tem um papel menor em nossa programação. A mistura atrai novos públicos, porém é preciso ter um certo cuidado, pois esses temas desviam do propósito da orquestra. No meu entender, a música clássica precisa de uma nova embalagem. É necessário fazê-la tornar-se mais acessível, mais leve para o público.
Deixe o seu comentário