A ditadura do Estado Novo ia chegando ao fim e a nação, depois de anos mergulhada na censura, exigia eleições livres. Neste cenário surgiram três grandes partidos políticos: o Partido Social Democrático, a União Democrática Nacional e o Partido Trabalhista Brasileiro.
O PSD fluminense, tendo então como chefe supremo Ernani do Amaral Peixoto, deliberou fundar um diretório em Nova Friburgo, sob a liderança do prefeito Dante Laginestra. Para divulgar os ideais do partido junto ao eleitorado, era preciso dispor de um meio de comunicação, que seria seu órgão oficial. Assim, foi organizada uma sociedade por cotas — que não chegou a ser legalizada – com a participação de membros do partido.
O nome inicialmente sugerido para se responsabilizar pela redação foi o do professor José Côrtes Coutinho, que descreveu o episódio: “Como eu tinha certa prática com imprensa do interior, pois fora um dos fundadores e o redator do jornal A Voz do Povo, de Bom Jesus de Itabapoana, meu tio, Carlos Côrtes, um dos mais ativos do grupo, sugeriu o meu nome. Mas, não ignorando a soma de canseiras e sacrifícios por que passam aqueles que a ele se dedicam, não aceitei”. O professor, no entanto, acabou cedendo — mais que isso; José Côrtes escolheu o nome do jornal: A Voz da Serra.
Em seguida Côrtes Coutinho listou os nomes dos fundadores: Dante Laginestra, José Pedro Ferreira, Carlos Côrtes, Messias de Moraes Teixeira, Carlos Magno de Mello, Jerônimo Mário de Azevedo, Amâncio Azevedo, Joaquim Pereira Bispo, Antônio Folly, Carlos Alberto Braune, Silvio Henrique Braune, Juvenal Marques, Odílio Quintaes e Américo Ventura Filho.
Em 7 de abril de 1945, quando o jornal surgiu, Nova Friburgo era uma simpática cidadezinha com uma população que girava em torno de 25 mil habitantes. Em sua primeira edição, o jornal ostentava o slogan: “Semanário independente”, e se apresentou:
“Daremos a Friburgo um órgão de feitio atraente, moderno e popular, com boas seções de informações e colaboração seleta que interprete com exatidão a alma de nossa gente, seja o eco das suas aspirações, o veículo de seus anseios.
“Estamos cônscios da importância que a pequena imprensa, a do interior, representa como força moral e construtiva quando tem a guiá-la superiores interesses como os que nos propomos a exercitar”.
O slogan criado foi: “Uma voz de Friburgo para ecoar no Brasil”.
No dia do lançamento, na primeira edição, o editorial estampado na primeira página reafirmava que o jornal seria “o intérprete com precisão da alma de nossa gente, o eco de suas aspirações, o veículo de seus anseios”.
O novo semanário, com quatro páginas e 18 anúncios, trouxe uma análise profunda dos acontecimentos políticos da cidade e do país. Como diretores vinham os nomes de José Côrtes Coutinho e Juvenal Marques. Nas primeiras edições, o jornal publicou quase que exclusivamente notícias nacionais e esportivas, com muito texto, pouquíssimas fotos e alguns raros desenhos.
Em 1953, A Voz da Serra estava prestes a encerrar suas atividades, quando Américo Ventura Filho decidiu adquirir as cotas da pequena editora, passando a responder oficialmente por ela. O jornal, então, deixa de ser um órgão do partido PSD, embora continuasse seguindo a linha pessedista, de acordo com a ideologia de seu diretor. Combativo por índole, honesto por formação, foi ele o cérebro e a alma do jornal durante 20 anos, tendo como lema a máxima que repetia em vários textos: “Combater o bom combate”.
O nome A Voz da Serra
“Um milhar de edições de um semanário do interior é algo de épico, qualquer coisa de extraordinário, digno de comemorações excepcionais, e à qual se detecer as loas mais entusiásticas.Naquela época, o jornal que ia nascer precisava de um nome. Demos-lhe o de A Voz da Serra por achar que o mesmo, além de simpático e sonoro, espelhava bem a finalidade para que fora criado: uma voz de Friburgo a reboar por todo o Brasil. A pena e o teclado de uma máquina de escrever não são armas que possam ser encerrilhadas em um jornal que sempre ensinou e pregou que a sã política é filha da razão e da moral.Daí a certeza de que A Voz da Serra continuará, pelos tempos em fora, sua pregação cívica, impertérrito lidador na arena da democracia e das liberdades públicas, por Friburgo e pelo Brasil!” (José Côrtes Coutinho)
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