Eles fazem parte da paisagem urbana. Estão nas esquinas, perto das bancas de jornal e em pontos estratégicos como próximos a postos de saúde, escolas, bancos, entre outros. Mas, embora façam parte do cenário das cidades, em tempos de telefones móveis, os orelhões muitas vezes passam despercebidos. Afinal, com a mobilidade trazida pelos celulares e os baixos preços das chamadas desses aparelhos, pouca gente recorre aos orelhões. Conforme dados da empresa de telefonia Oi, somente entre 2008 e 2013, houve uma queda de 96% no uso dos mesmos.
São aproximadamente 1.500 telefones públicos no município e, ainda que eles sejam o principal alvo de vândalos, em Nova Friburgo, os aparelhos conhecidos popularmente como orelhões em geral vêm sendo preservados. A equipe de A VOZ DA SERRA percorreu uma das principais avenidas da cidade, a Alberto Braune, e constatou que, embora a maior parte dos orelhões tenha sido pichada, rabiscada ou sofrido algum tipo de destruição, todos os aparelhos encontrados e testados estavam realizando chamadas.
Segundo a empresa de telefonia responsável pelo serviço na cidade, 95% dos orelhões estão em funcionamento. Entretanto, isso não assegura a preferência pelo seu uso. Érica Moura, 32 anos, professora, afirma que nunca usa orelhões. “Normalmente, não preciso ligar da rua. Mas se necessitar, tenho o celular. Nem me lembro quando foi há última vez que usei um”, afirmou ela.
De acordo com Francisco Amendola, dono de uma banca no centro da cidade, ao lado de um orelhão, é muito raro ver alguém utilizando o aparelho. “Quase ninguém mais compra cartões para orelhão. Vendo apenas dez unidades por semana, isso quando vende. A procura é muito baixa. Todo mundo hoje em dia tem celular”, disse.
Opinião diferente e um tanto surpreendente tem a também comerciante Elaine Barros. “O número de usuários dos orelhões realmente caiu. Mas ainda tem muita gente que recorre ao aparelho, principalmente quando a pessoa não tem dinheiro para pôr crédito no celular, que é de, no mínimo, R$ 10, ou quando a bateria acaba. Acho importante ter orelhão na rua, pois na hora do sufoco é a ele que as pessoas recorrem”, contou, acrescentando que “chego a vender vinte cartões por dia, o que considero bastante”.
Ainda de acordo com a instituição, mesmo com a expressiva queda na utilização dos aparelhos, não há indícios da retirada dos orelhões de vias públicas, já que os telefones são mantidos nas ruas por determinação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
A regulamentação para a instalação de Telefones de Uso Público (TUPs) é realizada pelo Plano Geral de Metas de Universalização da telefonia fixa (PGMU). Esse plano assegura, por município, o número mínimo de quatro orelhões para cada mil habitantes, instalados em distância máxima de 300 metros. Contudo, de acordo com dados fornecidos pela Anatel, quase 50% dos orelhões existentes no Brasil realizam somente de uma a duas chamadas por dia.
O orelhão como alternativa
Que a tecnologia tem sido uma mão na roda é um fato, mas há de se convir que, às vezes, o aparelho que veio para facilitar a vida acaba causando dor de cabeça e é preciso pôr a mão no gancho e recorrer ao bom e velho orelhão. Olívia Moura, 22, por exemplo, precisou utilizar o telefone público quando o celular não funcionou. “Há mais ou menos uns dez dias, saí da faculdade mais cedo e tentei ligar para os meus pais. O celular travou. Estava sem área, não enviava mensagens e eu nem conseguia entrar na internet para usar o WhatsApp. Foi um caos e precisei usar um orelhão”, contou, rindo.
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