A falta de água é apontada como um dos maiores desafios do século. A situação ainda não é crítica, mas os primeiros efeitos do desperdício e da estiagem deixaram de ser uma exclusividade da região Nordeste e são sensíveis em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. As altas temperaturas aumentam a preocupação também em Nova Friburgo — e os moradores do Alto do Floresta já conviveram com os problemas decorrentes do desabastecimento no início de janeiro.
Algumas atitudes simples contribuem para reduzir o desperdício de água, tais como fechar bem as torneiras e mantê-las fechadas ao ensaboar as mãos e escovar os dentes, evitar os banhos demorados ou mesmo dosar a frequência do uso da água para lavar as calçadas e quintais. Entretanto, nem sempre elas são colocadas em prática.
De acordo com estudos meteorológicos, o calor intenso deve prosseguir neste mês, e a previsão é de poucas chuvas. Apesar da estiagem, a concessionária de águas e esgotos de Nova Friburgo garante que os reservatórios estão operando em níveis normais, e as possibilidades de falta de abastecimento são reduzidas. Em caso de alteração, a empresa promete avisar a população. A reportagem de A VOZ DA SERRA foi às ruas para saber se os friburguenses temem o desabastecimento. A maioria não esconde a preocupação, mas acredita que Nova Friburgo não sofrerá tanto quanto outras cidades do país.
"Esse é um problema sério. Eu moro no condomínio recém construído, o Terra Nova, no Maria Teresa, e lá já faltou água. Agora está normalizado, mas parece que os riscos ainda existem. Vamos torcer para chover nos próximos dias, ou a tendência é realmente faltar água. Assisti a uma reportagem comprovando que o solo está seco, e outra mostrando que um reservatório está 14 metros abaixo do normal. A situação é ruim no país todo.” Alexandre Lopes, 65, autônomo, Maria Teresa
"A gente sempre teme. A temperatura em Nova Friburgo é amena, e com esse calor as pessoas recorrem muito ao banho. Elas exageram um pouco no tempo, e tomam dois ou três banhos por dia. O consumo nesse período é maior, e nem todo mundo economiza como deveria.” Leandro Rodrigues, aposentado, Centro
"A situação é preocupante sim, porque há muito tempo que não temos um mês de janeiro tão seco como este ano. O povo até está um pouco mais consciente, economizando a água. Não tenho visto tanta gente lavando as calçadas, por exemplo, como antigamente.” Cesar Braga Gastim, autônomo, Olaria
"Eu não tenho problema em casa, porque utilizo o poço artesiano. Mas a situação é crítica já há algum tempo. Acho que realmente não vai chover muito e é provável que falte água em alguns pontos da cidade, principalmente nos lugares mais altos.” Rui Mendes, 65, corretor de imóveis, Parada Folly
"É óbvio que estamos sentindo a falta das chuvas e isso é visível nas cachoeiras da região. Elas estão cada vez mais vazias. É uma consequência do aquecimento global, mas Nova Friburgo ainda tem a sorte de ter um pouco de água a mais que em outros lugares, a exemplo do Rio de Janeiro, Rio das Ostras e região. O povo precisa se conscientizar mais, e acho que a situação até piorou. As pessoas estão descrentes e menos cuidadosas com essas questões.” Marcos de Carvalho, 30, fotógrafo, Braunes
"Essa época, normalmente, é de chuvas, mas estamos atravessando um período de seca. Obviamente, existe a preocupação do desabastecimento, até porque as pessoas não têm o costume de economizar água. Pode ser que venha a faltar.” Marcelo Amorim Monteiro, 40, arquiteto, Braunes
"Acho que sim e essa é uma preocupação no Brasil inteiro. São várias cidades que estão atravessando longos períodos sem chuva, mas acho que Nova Friburgo, com os reservatórios, corre menos riscos. Mas não sei como está o nível, e por isso os riscos existem. Ainda falta a conscientização da população, pois o desperdício é muito grande. Só vamos dar valor à água quando os problemas começarem a aparecer.” Luiz Gustavo Nogueira Jordão, 34, servidor público, Ponte da Saudade
"Acredito que Nova Friburgo corre menos riscos que outras cidades, por ter muitos recursos naturais, cachoeiras e um reservatório grande. Mas isso não significa que as pessoas não devam economizar e tomar os cuidados necessários para não desperdiçar sem necessidade.” Andréia Ferreira, 28, cabeleireira, São Geraldo
"A cada ano, essa preocupação aumenta. Acho que as pessoas não compreendem que os riscos são reais. Infelizmente, quando percebermos na prática a falta que a água nos faz, já será tarde demais. Vamos torcer para que chova em fevereiro, pelo menos o suficiente para não corrermos riscos.” Carla Figueira, 33, auxiliar de serviços gerais, Mury
"Não creio que vai faltar água em 2014, mas se as pessoas não mudarem de atitude, teremos problemas sérios nos próximos anos. O consumo está cada vez maior, e as chuvas escassas. As campanhas contra o desperdício até existem, mas não adiantam. A mudança cultural é lenta, e só espero que não seja tarde demais.” Maria do Carmo Silveira, 42, dona de casa, Jardim Califórnia
"A falta de água é uma preocupação constante, e infelizmente será cada vez maior. Não sei se a cidade tem estrutura para atender a demanda de tantas pessoas e a tendência é piorar. As pessoas devem mudar os hábitos urgentemente, ou todos nós vamos pagar o preço do desperdício.” Maria Clara Ferreira, 25, estudante, Olaria
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