No futuro certamente o carnaval 2009 terá destaque na memória do friburguense. Entre as inúmeras novidades, um dos grandes destaques vai para a série de shows apresentados na Praça Dermeval Barbosa Moreira, desde o início do ano. Isto, somado ao bem arquitetado sistema de segurança posto em prática durante a folia, acabou gerando um dos carnavais mais agradáveis da região, sem incidente algum que merecesse nota.
O espaço para críticas, no entanto, também deve ser preenchido por algumas dessas novidades. O principal alvo das controvérsias parece ter sido a inversão do trajeto durante o desfile das escolas e blocos. Em resposta, o prefeito Heródoto Bento de Mello recentemente afirmou que as mudanças que não foram bem recebidas serão repensadas para o próximo ano.
Quanto à inversão de mãos, as críticas feitas foram principalmente em relação à dispersão pós-desfile, confusa para a maioria das escolas e blocos. O fato do desfile terminar em frente à Prefeitura também foi tema de discussão, por conta do desgaste físico sofrido ao longo de toda a avenida, os foliões pareciam mais cansados e desanimados ao fim do trajeto.
Para saber como as novidades foram recebidas, A VOZ DA SERRA foi até as ruas buscar a opinião do público.
“O carnaval foi meio enrolado. Eu achei que a inversão ficou muito confusa, não aprovei.”
Thaís Lourdes Marotti Valente, 31, técnica de enfermagem, Vila Guarani
“Achei meio complicado. As pessoas, principalmente o pessoal da bateria, ficaram bem enroladas para sair da Ariosto. E a Avenida (Alberto Braune) de lá pra cá tem um caimento do lado direito que prejudica muito os sambistas, como eu mesma. No fim do desfile houve problemas que prejudicaram a minha escola, na saída de um carro alegórico. Acho que o certo seria o normal, da Alberto Braune em diante, até a Praça Getúlio Vargas.”
Joyce da Silva Rosa, 25, ajudante de cozinha, São Jorge (destaque da escola Acadêmicos do Prado, também desfilou no bloco Bola Branca)
“Não gostei. Faz mais de cinco anos que não desfilo, mas antes desfilei por 40 anos e achei que essa inversão complicou o carnaval. Se continuar como era antigamente vai dar certo, porque no fim do desfile os carros ficaram trepando um em cima do outro.”
Antonio Haroldo Pacheco Ferreti, 56, aposentado, Ypu
“Todo mundo já sabe que esse negócio não deu certo. Não gostei, de jeito nenhum, nem um pouquinho. Foi muito complicado, você vai dali pra lá, depois pra cá... Tem que ficar como era antes. Mas o carnaval foi bem melhor este ano. Agora veja, é ruim até pra gente andar nessa avenida, imagine desfilar. É hora de trocar esse piso, colocar asfalto. Esse negócio de tradição já era! As tradições boas que eles tinham de preservar não preservaram, que são os palácios históricos. E dizem que há tradição... As tradições de Friburgo já caíram. Minha sobrinha desfilou em cima de um carro e no fim não parava de tremer. Ela me disse que não podia sambar, porque parecia que ia cair. Se fosse tudo lisinho, não precisava ficar parando, ia direto, o desfile fluía, desembocava na rua. Agora termina em frente à Prefeitura, onde as pessoas já estão desanimadas, o público já está cansado.”
Fátima Sabino, 50 anos, manicure e pedicure, desfilou pela Saudade
“A respeito da inversão da avenida, pra mim foi indiferente, foi até legal. Só faltaram arquibancadas, som na concentração, que o pessoal reclamou que não estava escutando nada. A parte ali da bateria, tem um ponto de saída, a gente que trabalha com bateria, a rua estava estreita pra gente. E você sai de um ponto estreito, chega na Alberto Braune, ela ficou mais larga em relação aos anos anteriores, então, conforme você sai ali, já tem que arrumar a bateria de novo, porque saiu espremida e pega um campo maior e na dispersão lá em cima ficaram de fazer um recuo de bateria, mas, pra isso, teríamos que ter um acesso mais livre do público. Conforme acabávamos de desfilar, ficava muita gente em volta, e você ali, com o instrumento, com peças, precisando encostar caminhão, aquela confusão toda. Isso aí deve ser revisto e melhorado para o ano seguinte. Agora, no geral, em termos de segurança, foi tudo legal. Tudo tranquilo.”
Jorge Francisco de Souza, 41 anos, desempregado (comandou a bateria do bloco Imperador e colaborou na bateria da escola Alunos do Samba)
“Um problema foi a acomodação do público, precisa aumentar o número de arquibancadas. Colocar mais extensões de som, criar um recuo pra bateria na extensão, para não dar embolação, criar uma área livre pra fazer a dispersão da escola. Só isso. Foi um dos melhores carnavais que Friburgo já teve. Em termos de segurança foi muito boa a organização.”
Norberto de Moraes, 29 anos, sacoleiro, Cordoeira (tocou na bateria da Unidos da Saudade)
“Acho que essa tentativa é válida. A gente tá muito acostumado num sentido só de mão na época de carnaval. Então, tem que se fazer testes, observar as maneiras que mais se adequam. Percebo que já há um esgotamento do carnaval na Alberto Braune. Nós devemos procurar uma outra alternativa.”
Cláudio Damião, 48 anos, vereador e bancário, Catarcione
“Achei que melhorou, principalmente para quem mora no centro da cidade. As pessoas agora têm um pouco mais de sossego. E essa inversão melhorou para o público, também. Eu acho que chamou muito mais o povo pras festas, porque agora a concentração não é mais aquela confusão, com as pessoas todas voltando pra assistir ao desfile. Me pareceu mais organizado.”
Débora Carla Vasconcelos, 45 anos, dona-de-casa, Centro
“Acho que isso foi bom. A inversão foi por conta do acidente que aconteceu há uns anos atrás, não? Quando um homem morreu eletrocutado em um carro alegórico, porque esbarrou num fio, e mais duas pessoas ficaram acidentadas. Talvez as chances disso acontecer sejam menores agora, com a inversão de mão.”
Stefani Felix da Silva, 20 anos, atendente, Olaria
“Acho que ficou melhor. O carnaval deste ano foi mais organizado. Tanto que as pessoas tiveram mais lugares para sentar, ficou aparentemente mais bonito. Pelo menos os dias em que fui, não vi briga, confusão. Foi um carnaval muito bonito e contente. E espero que cada vez melhore mais. Agora, com esse novo secretário de Turismo, que eu acho que tá botando pra quebrar, tá bem legal. As pessoas gostaram. Quem veio de fora, meus parentes, por exemplo, gostaram bastante. Não tenho do que reclamar. Só espero que cada vez melhore mais, que as escolas venham mais bonitas e melhores.”
Alyne Mello, 24 anos, auxiliar administrativa, Perissê
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