Opiniões - Como você está se preparando para a chegada das próximas chuvas?

terça-feira, 13 de setembro de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Luiz Augusto Queiroz

A enxurrada do último verão surpreendeu grande parte da população friburguense com o desmoronamento de morros, soterramento de casas, centenas de feridos e mais de 400 mortos. Para saber se a sociedade está se preparando para a chegada da próxima temporada de chuvas, a reportagem de A VOZ DA SERRA foi às ruas para ouvir as pessoas sobre a questão.

Como você está se preparando para o próximo verão? Pretende sair de sua casa? Estocar alimentos? Dar abrigo a pessoas que ainda estão em áreas de risco? Mesmo na incerteza da ocorrência de nova tragédia, é certo que a população aja de forma diferente, de preferência, prevenindo-se do pior.

“Estou me prevenindo e instruindo as pessoas sobre como agir em caso de emergência. Também tenho tentado manter os bueiros da minha rua limpos, desobstruídos. Onde eu moro não é área de risco, graças a Deus não aconteceu nada de grave, só o prédio que desabou na véspera do dia 11, mas fora isso, não temos maiores problemas. Porém, mesmo assim, tenho alertado as pessoas para que saibam como agir em caso de uma nova chuva forte.”

Leandro Souza, Olaria, operário

“Agora eu não moro mais em área de risco, embora morando em Campo do Coelho. A gente procura fazer o melhor, como desentupir bueiros, manter a área ao redor sempre limpa e a gente aconselha que todos façam o mesmo também. Mas quem deveria mesmo fazer alguma coisa, não está fazendo. Então eu espero que a população se previna como pode porque se ficar esperando alguém fazer, eu acho que vai ser difícil.”

Honório Nogueira, Campo do Coelho, produtor rural

“Bem, o que eu tinha que fazer, confesso que já fiz: um muro de contenção. A proteção dessa encosta eu fiz logo após as chuvas de janeiro com o dinheiro que saiu do FGTS. Porém, também é verdade que, caso chova forte, eu pretendo sair de casa. Ainda não sei exatamente pra onde eu vou, mas com certeza em casa não devo ficar. Apesar de ter construído esse muro de contenção, meu psicológico ainda está muito abalado, aí eu vou sair sim, com certeza. O que dava pra eu fazer, eu já fiz, que foi esse muro, mas a gente não controla uma mente assustada, com medo. Então, em caso de chuva forte eu pretendo sair de casa sim, talvez ir pra casa de parente, mas lá não devo ficar.”

Jorge Luís Arcanjo, Riograndina, vigilante

“Por não morar em área de risco, eu não estou me prevenindo contra essas próximas chuvas de verão. Onde eu moro não houve nada de anormal na tragédia desse ano, por isso não estou muito preocupado com isso. Porém, eu faço parte de uma instituição social (Loja Maçônica), e através dessa instituição eu pretendo ajudar as pessoas que necessitarem, como já fiz em janeiro. Mas como eu disse, eu mesmo não estou me prevenindo em relação a nada, nem à enchente nem à queda de barreira.”

Paulo Augusto, Ponte da Saudade, aposentado

“Bem, depois das chuvas de janeiro tive a minha casa interditada, então nem obras de melhoria eu posso fazer nesse momento, e hoje estou morando de aluguel. Não pretendo sair dessa casa de aluguel em caso de novas chuvas fortes, pois segundo me informaram, não é área de risco e eu acho que se saísse, iria criar pânico pra população, se eu sair, vou pra onde? Na minha opinião, se você não está numa área de risco, o melhor a fazer é não sair de casa, principalmente se essa chuva for à noite, pois nessa hora a visibilidade é pouca, às vezes tem um bueiro aberto que você não vê. Corre-se o risco de acontecer um acidente mais grave. Então, o melhor lugar é dentro de casa, aí sim, no dia seguinte, quem sabe, procurar um lugar mais seguro. Tenho parentes que infelizmente ainda estão em área de risco, e eles sabem que as portas da minha casa estão abertas para eles no momento das chuvas. Então, nesse sentido, eu estou me prevenindo em ajudar quem precisa. E se por acaso eu ficar sabendo da chegada de alguma chuva forte, com certeza vou avisar quem eu puder para que fiquem atentos”.

Peter Filot, Conselheiro Paulino, funcionário público

“Como estou me prevenindo? Não ficar em área de risco. Onde eu moro está fora de risco, então não preciso me preocupar diretamente comigo e minha família. Infelizmente perdi dois primos em janeiro, então, agora estamos procurando ajudar mais essas pessoas que necessitam. Caso seja preciso, minha casa, com certeza, vai receber essas pessoas. É claro que sempre esperamos não seja necessário, mas se for, é a única coisa que podemos fazer num momento como esse. O problema que vejo é que muitas casas condenadas pela Defesa Civil continuam sendo habitadas, e essas casas podem cair de uma hora pra outra, mesmo sem chuva. Então, sempre que posso, converso com essas pessoas, explico a situação, mas não posso obrigá-las a sair de casa, a escolha é delas. Não pretendo sair de casa, e se for preciso, ajudarei quem necessitar.”

Wanderley Araújo, Prado, funcionário público

“Eu não moro em área de risco, então, pra ser sincero com você, não pretendo tomar nenhuma medida mais radical pra me prevenir das chuvas, não. Agora, com certeza, estou à disposição para ajudar os amigos e familiares que ainda estão em áreas de risco. Se for o caso, até abrigá-los em minha casa, pois a comoção que tivemos em janeiro, tenho certeza que friburguense nenhum quer ter de novo”.

Paulo Knust, Jacina, técnico em edificação

“Eu moro na Vila Amélia e felizmente no prédio onde moro não sofremos nada. Não pretendo tomar nenhuma decisão no sentido de me prevenir para essas próximas chuvas. Por isso, por não morar, ou pelo menos até agora não ser considerado área de risco, pretendo permanecer em casa. Acho que o melhor a fazer, é ficar dentro do prédio, a orientação é essa. Agora, tem outras pessoas lá do bairro que ainda estão em área de risco, e eu tenho insistido para que eles se organizem e participem das reuniões pra gente ver como agir nos próximos meses. Minha filha e outros parentes que moram em outros bairros, caso venha a acontecer alguma coisa, eu já os recomendei para que viessem aqui pra minha casa, estão orientados para isso, espero que eles tenham condições de chegar lá também.”

Gilberto dos Santos, Vila Amélia, aposentado

“Do jeito que está não vai ser muito bom não. Onde meu filho mora foi atingido por enchente. Mas, pra falar a verdade, não tem como fazer muita coisa, pois é praticamente impossível impedir que o rio transborde. Então, eu confesso que não tenho pensado sobre isso, e nem de como me prevenir, nem meus parentes.”

Cenildo Jevezier, Conselheiro Paulino, autônomo

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