Operação Lei Seca: mais de 90% dos motoristas aprovam fiscalização do Estado e dizem contribuir para a segurança pública, aponta pesquisa da UFRJ

segunda-feira, 25 de outubro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Uma pesquisa feita pelo Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontou que a Operação Lei Seca – realizada pela Secretaria de Estado de Governo – é aprovada por 91% dos motoristas abordados nas blitzes e que 91,7% deles acreditam que, além de ser uma questão de saúde pública, as ações também contribuem para a segurança dos locais onde é realizada. O estudo identificou que a operação está produzindo mudanças de comportamento no Rio. No início da ação, em março de 2009, 12% dos motoristas se recusavam a soprar o etilômetro. Hoje, apenas 1,4% dos condutores se negam a fazer o teste.

Desenvolvida por alunos da Escola de Enfermagem Anna Nery (UFRJ), a pesquisa foi realizada em blitzes da Operação Lei Seca nos bairros de Copacabana, Botafogo e Barra da Tijuca, entre junho e agosto de 2010. O objetivo inicial era registrar a percepção da população em relação à operação, mas os pesquisadores verificaram, por exemplo, que 95% dos motoristas que se submetem ao teste não ingeriram bebida alcoólica. E que apenas 6,5% dos condutores diz voltar para casa dirigindo depois de beber. Outros afirmaram eleger ‘o amigo da vez’ ou pegar carona, mas grande parte afirmou que prefere pegar um táxi (38,6%).

A partir do levantamento, também foi possível traçar um perfil dos motoristas: a grande maioria é homem (80%), entre 20 e 40 anos (66%), solteiro (58%) e tem escolaridade em nível superior (67%).

“Esse resultado confirma que a Operação Lei Seca, com foco na fiscalização e, sobretudo, na conscientização, produziu uma mudança de comportamento extraordinária no Rio de Janeiro. As pessoas passaram a entender que a operação não é contra a bebida, mas a favor da vida. Com isso, ao longo desses 18 meses, conseguimos preservar mais de 5,2 mil vidas”, destaca o coordenador geral da Operação Lei Seca, Carlos Alberto Lopes.

Em relação à abordagem, os entrevistados classificaram a atuação das equipes como muito boa (47%) e boa (43%). O atendimento realizado nas barracas também recebeu os conceitos muito bom (45,9%) e bom (46,4%).

A Pesquisa

Os dados foram coletados pelas alunas do sétimo período de Enfermagem, por meio de um questionário. O levantamento foi feito sempre às sextas-feiras, sábados e domingos, entre 22h e 3h. No total, foram entrevistados 362 motoristas.

De acordo com a chefe do Departamento de Enfermagem da UFRJ, professora Angela Abreu, a iniciativa foi muito bem recebida junto aos condutores e a grande maioria respondeu prontamente às questões. Apenas cinco pessoas se negaram a participar. Ela explicou que a Universidade já realizou outros estudos de avaliação sobre a associação de álcool e drogas com o trânsito, no Instituto Médico Legal e nas emergências dos hospitais do Rio, mas que a Operação Lei Seca oferece um universo mais amplo, com novas possibilidades de abordagem.

A pesquisa foi apresentada na Jornada Científica da UFRJ, em outubro. Para o próximo ano, a universidade planeja desenvolver um levantamento semelhante, porém com abrangência maior.

Mais de 340 mil motoristas já foram abordados na operação

Do início da Operação Lei Seca, em 19 de março de 2009, até a madrugada desta quarta-feira (20/10/10), as blitzes abordaram um total de 343.465 motoristas. No mesmo período, 326.041 testes com etilômetro foram realizados, 55.208 motoristas receberam multas e 22.756 carteiras de habilitação foram recolhidas. No total, já foram aplicadas 3.392 sanções administrativas e 1.177 criminais.

A Operação Lei Seca é uma campanha educativa e de fiscalização, de caráter permanente, que abrange bairros da Capital e de municípios da Região Metropolitana (Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá) e da Baixada Fluminense. As ações são desenvolvidas nas vias com maior número de acidentes. Os motoristas são abordados em blitzes nas ruas e passam pelo teste do etilômetro para medir o teor de bebida alcoólica ingerida. Em paralelo, cadeirantes vítimas de acidentes de carro, estudantes de Medicina e fiscais da Secretaria de Estado de Governo fazem panfletagem em bares, boates e restaurantes sobre o perigo de misturar direção e álcool.

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