Operação Carne Fraca não muda hábitos dos friburguenses

Preços de cortes, no entanto, já estão mais baratos na cidade
quarta-feira, 22 de março de 2017
por Karine Knust
Estabelecimentos que comercializam carne local veem em polêmica oportunidade para alavancar as vendas (Foto: Henrique Pinheiro)
Estabelecimentos que comercializam carne local veem em polêmica oportunidade para alavancar as vendas (Foto: Henrique Pinheiro)

A Operação Carne Fraca, articulada pela Polícia Federal na última semana, gerou enorme polêmica e assustou muitos consumidores adeptos do consumo de carnes vermelhas e frango. Grandes frigoríficos do país foram flagrados comercializando produtos adulterados e vencidos, ou seja, impróprios para consumo. Os dados divulgados foram tão alarmantes que alguns compradores estrangeiros estão suspendendo a importação de carnes brasileiras. Há até quem diga que passou a diminuir o consumo do produto por medo. 

Em Nova Friburgo, assim como em todo o país, a população ficou assustada com as denúncias, mas não mudou seus hábitos. Na manhã desta quarta-feira, 22, em visita a alguns açougues do centro da cidade, a equipe de A VOZ DA SERRA constatou que a maioria dos clientes não pensa em deixar de comprar carne bovina. 

“A gente sempre fica um pouco assustado. A carne está na nossa mesa todos os dias, e quando essa dúvida sobre a procedência e a qualidade surgiu, deu um baque. Lógico que não parei de comer, mas estou mais atento às origens das carnes, comprando em lugares mais confiáveis, observando bem a aparência. O caminho é por aí”, afirma o administrador Ricardo Bastos. 

Para a dona de casa Maria de Lourdes, a tradição de sempre comer carne e frango no almoço ou jantar continua. “Não consigo abrir mão da mistura. Quando vi que as marcas mais famosas estavam no meio dessa confusão, fiquei impressionada. Mas continuo comprando. Aliás, é difícil saber o que que a gente compra e não tem algum tipo de veneno. O negócio é cozinhar a comida bem direitinho e confiar em Deus”, diz Maria. 

Oportunidade

De acordo com gerentes de açougues da cidade, de fato, ainda não foi observada nenhuma queda nas vendas após a divulgação da Polícia Federal. Em alguns casos, inclusive, a notícia se transformou em oportunidade para alavancar as vendas.

“Agora, algumas pessoas que chegam ao açougue perguntam de onde vem a nossa carne. Mas como não trabalhamos com embalados e sim com fabricação própria e produtos frescos, nossas vendas não têm sido afetadas. Pelo contrário, temos sentido um aumento nas vendas. Acredito que isso acontece porque temos uma carne que é altamente fiscalizada e dentro dos padrões de consumo”, afirma o gerente de um dos estabelecimentos do centro da cidade, Jailton de Oliveira. Em conversa com nossa equipe, Jailton ainda explicou que todas as peças comercializadas no local vêm de um frigorífico da cidade de Cantagalo, onde há grande criação de bois e aves. 

Promoção 

Coincidência ou não, também nesta semana, muitos açougues começaram a divulgar promoções de carne em Nova Friburgo. A alcatra, por exemplo, que custa em média R$ 25 o quilo, agora pode ser comprada por R$ 14,90 em um estabelecimento do centro da cidade.

Devido à suspensão de importação de carnes por alguns países que compram produtos brasileiros e o consequente acúmulo de estoques nos grandes frigoríficos do país, o churrasco de muitos deve sair mais barato nos próximos dias. A estimativa é que ocorra queda de 10% a 15% no preço de carnes e aves.  

De acordo com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), entidade que abriga empresas exportadoras e importadoras, o Brasil pode perder neste ano entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões em exportações. No ano passado, os embarques de carne chegaram a US$ 12,7 bilhões.

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