Dayane Emrich
O Observatório Social de Nova Friburgo é uma ONG parte de uma rede nacional e que tem como principais objetivos combater a corrupção, fiscalizar os recursos públicos, cobrar eficiência dos órgãos governamentais e atuar na educação fiscal da população. A organização sem fins lucrativos foi fundada em Nova Friburgo em 2011, e desde então vem trazendo temas para discussão em sociedade.
Em julho deste ano, o Observatório, que tem como presidente Ivan Prado Fernandes, realizou junto a especialistas uma análise das águas do Rio Cônego, antes e depois dos despejos da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) de Olaria. A iniciativa partiu do próprio Ivan, após observar que as águas do rio tornavam-se mais leitosas após passar pela ETE. "Entramos em contato com a Águas de Nova Friburgo através da página da empresa no Facebook, mas não obtivemos resposta. Resolvemos então contratar o Laboratório de Águas para avaliar a situação do córrego”, disse ele.
Segundo dados fornecidos pela ONG, um exame macrobiológico da água quanto ao nível de oxigênio e coliformes encontrados confirma a piora na qualidade do líquido após os despejos da estação. As amostras para esta análise foram retiradas próximo à ponte do Nova Friburgo Country Clube — isto é, antes de passar pela ETE — e em uma ponte localizada na Rua José Tessarolo dos Santos — depois de feitos os despejos. Em documento cedido para A VOZ DA SERRA, o Observatório declara que a água piora significativamente depois de passar pela estação, passando da classificação ruim para muito ruim.
Além do levantamento feito pelo laboratório, o ambientalista Fernando Cavalcante também foi convidado a checar os dados obtidos. "Nos 300 metros, entre a primeira e a segunda coleta das amostras, o Rio Cônego recebe uma carga considerável de poluentes. Percebemos isso pela alteração dos índices de demanda biológica de oxigênio e oxigênio dissolvido”, explicou Fernando, esclarecendo que o oxigênio da água de fato diminui após a intervenção da ETE.
Em nota a Águas de Nova Friburgo, empresa responsável pela distribuição e tratamento de água na cidade, informou que: "A água do Rio Cônego não entra na Estação de Tratamento de Esgotos de Olaria (ETE Olaria). O que a ETE Olaria recebe são os esgotos que foram coletados e interceptados pelas tubulações ao longo de toda a bacia de contribuição desta Estação. Estes esgotos não se misturam mais à água do Rio Cônego, como ocorria anteriormente à implantação do sistema, e são conduzidos ao tratamento em conformidade com as exigências da legislação ambiental, o que justifica a transparência das águas do rio em todo o trecho onde existem os interceptores. Devido à transparência das águas do rio após a implantação do sistema, realmente há um efeito de turbidez na região de mistura do esgoto tratado com a água do rio, o que não significa que o tratamento não está adequado, pois não há limite para turbidez na legislação ambiental. Para eliminar este problema, a empresa está instalando novos equipamentos neste verão e aguarda apenas a Licença de Instalação do Inea para iniciar os trabalhos.”
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