Espaço nunca foi problema no coração da empresária Margarida Carriello, de 63 anos. Depois de dar à luz quatro filhos (Erica, agora com 35 anos, Ariane, com 34, Sabrina, 38, e Rogério, 41), Margarida e o marido, Ricardo Carriello, encontraram, há 18 anos, mais três amores pelo caminho: Larissa, Vanderleia e Franciléia. As irmãs, entretanto, não passaram pelo ventre da friburguense.
“Não deu tempo de pensar, na verdade. Quando vimos, já estávamos com elas em nossa casa e já sentíamos que eram nossas filhas”
Margarida Carriello
Larissa, Vanderleia e Franciléia tinham 7 meses, 6 e 8 anos, respectivamente, quando foram morar com a nova família. As três irmãs, de uma família de sete filhos, estavam passando necessidades em uma casa muito simples, na localidade de Colonial 61, próximo a Vargem Alta. Margarida ficou sabendo da situação e resolveu ajudar, levando uma cesta básica para eles.
Quando chegou ao local, entretanto, a friburguense se deparou com um cenário ainda mais dramático do que imaginava. A mãe das crianças não aparecia há um mês e elas sofriam com fome e sujeira. Margarida então pediu ao pai delas para cuidar, pelo menos, da frágil Larissa, de apenas 7 meses, por uma semana. Ao voltar ao local para dar notícias, o homem não estava mais lá. Sem pensar duas vezes, a empresária levou os cinco menores de uma só vez para casa. Logo depois, se responsabilizou pelas três meninas, enquanto as outras duas crianças ficaram com parentes do casal.
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Com tamanha dedicação e cuidado, a guarda permanente não demorou muito a chegar. Ou seja, o que era para ser um simples ato de generosidade de Margarida e Ricardo, representado por uma cesta com mantimentos, se transformou em um lindo caso de adoção.
“Graças a Deus, nunca passamos dificuldades. De qualquer forma, também nunca chegamos a pensar que poderíamos passar ao tomar essa atitude. Não deu tempo de pensar, na verdade. Quando vimos, já estávamos com elas em nossa casa e já sentíamos que eram nossas filhas”, conta Margarida.
Hoje Larissa, Vanderleia e Franciléia têm, respectivamente, 18, 22 e 25 anos. Com toda a prole unida, o casal só consegue sentir orgulho da grande família que construiu. Sobre a relação de todos, ela é rápida em afirmar: “Eles sempre se deram muito bem. Crianças têm ciúmes dos pais, mas os nossos filhos nunca agiram diferenciando os que são adotados dos de sangue. No nosso caso, pais, o afeto sempre foi imenso por todos, mas não tem jeito: quando crianças, acabávamos tratando as meninas (Larissa, Vanderleia e Franciléia) com mais cautela por ter medo de magoar, de elas não se sentirem amadas”, confessa.
E a gratidão das três irmãs é nítida. Para Vanderleia, não poderia haver família melhor. “Ter Margarida como mãe e Ricardo como pai foi uma das melhores coisas que aconteceram nas nossas vidas. Eles são anjos que Deus nos enviou. Não existem palavras para agradecer o tanto que eles fazem por mim e minhas irmãs. Nosso amor por eles é imenso, fomos muito abençoadas”, emociona-se a jovem.
“Os irmãos que Deus nos deu também são pessoas maravilhosas. É muito bom quando sabemos que temos pessoas com quem contar, que estarão ali para nos apoiar e, com eles, é assim. Temos um carinho enorme por cada um e, graças a Deus, somos bem unidos. Sem contar que eles me deram os maiores presentes da vida, que são meus sobrinhos”, acrescenta Vanderleia.
Para Sabrina Carriello, a irmã mais velha entre as seis meninas da família, o amor não vê genética. “Agradeço a Deus pelos pais maravilhosos e de coração enorme que tenho, e os irmãos de sangue e coração que Ele me deu. Não existe diferença entre nós. Assim como todas, não somos uma família perfeita, mas nossos pais sempre nos ensinaram a perdoar. Sem todo esse amor e ensinamento não seríamos tão unidos como somos hoje”, afirma Sabrina.
Dos sete irmãos Carriello, seis trabalham na confecção da família. E hoje, além dos filhos, as reuniões de família de Margarida e Ricardo também contam com a presença de nora, genros e os oito netos do casal.
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