Carlos Emerson Junior
Ainda no espírito da Rio+20, recebi a historinha abaixo por e-mail, de autor ignorado, ilustrando como a nossa sociedade consome e descarta em ritmo acelerado, sem medir ou sequer ter noção de suas consequências. Quando deixamos que a situação fugisse do controle, jamais imaginamos que o futuro chegaria tão cedo, cobrando o preço de nossa imprevidência.
No entanto, não dá para ser pessimista e simplesmente cruzar os braços. Ainda há tempo para mudanças, mesmo contra a vontade das lideranças mundiais. Se os resultados políticos da Conferência foram pífios, a participação popular mostrou que somos mais realistas que os nossos pretensos reis.
*****
“Na fila do supermercado, o caixa diz uma senhora idosa:
— A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse:
— Não havia essa onda verde no meu tempo.
O empregado respondeu:
— Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com nosso meio ambiente.
A velha senhora suspira profundamente e fala:
— Você está certo, a minha nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, refrigerante e cerveja eram retornáveis: a loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, em vez de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência cada vez que precisamos ir a dois quarteirões. Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. A secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos e não roupas sempre novas. Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente. Naquela época tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma em cada quarto. Na cozinha, batíamos tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco mais frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico-bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Bebíamos água diretamente da fonte, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Recarregávamos as canetas com tinta umas tantas vezes em vez de comprar uma outra. Abandonamos as navalhas, em vez de jogar fora todos os aparelhos descartáveis e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte. Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, em vez de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima. Por tudo isso, meu jovem, é risível que hoje se fale tanto em meio ambiente, mas ninguém pense em abrir mão de nada e muito menos viver um pouco como na minha época.
*****
Finalmente as bicicletas entraram na pauta de Nova Friburgo. Em hipótese alguma podemos abrir mão desse modal barato e não poluente. E aproveitando que a concessionária de ônibus do município agora tem um novo dono, uma sugestão: em Vancouver, no Canadá, os ônibus têm capacidade para levar até duas bicicletas, gratuitamente. O sistema é muito simples, bastando você prender a bike em um suporte localizado na parte dianteira do coletivo.
Para quem, como eu, mora em cima de um morro, seria uma mão na roda. Bastaria pegar o ônibus, descer para o centro, ir para as ciclovias e voltar da mesma forma. É por isso que defendo a implantação das ciclovias e ciclofaixas junto com uma mudança radical no nosso transporte público. A adoção de ônibus do tipo BRT, por exemplo, ou até mesmo um VLT (como o de Macaé), tiraria uma quantidade enorme de carros da cidade e reduziria o custo de locomoção dos moradores.
Isso sim é qualidade de vida!
* carlosemersonjr@gmail.com
Deixe o seu comentário