Fotos: Lúcio Cesar Pereira
A recente onda de calor, que segundo alguns meteorologistas promete durar — com pequenas tréguas — até meados de março, tem enfatizado ainda mais os excessos cometidos na poda de algumas árvores do centro da cidade. É o que pensa, por exemplo, Dona Maria Helena dos Santos Pinto, moradora da Rua Marques Braga. "Sim, estão faltando árvores em algumas ruas do Centro. Está muito quente e estou sentindo falta das sombras dessas árvores, que foram podadas recentemente.”
Em essência, a poda das árvores se deve ao difícil convívio com a fiação elétrica, que em Nova Friburgo continua exposta e funcionando através de postes. São antigas as reivindicações de que, a exemplo de cidades vizinhas como Petrópolis, ao menos parte dessa viação seja transferida para uma estrutura subterrânea, liberando espaço nas calçadas e despoluindo a paisagem. Da mesma forma, já faz tempo que setores da sociedade manifestam dúvidas a respeito dos critérios aplicados nas operações de poda, uma vez que em certos casos são preservados galhos em contato direto com os fios, e noutros ocorrem verdadeiras mutilações, em árvores bastante afastadas do sistema de transmissão de energia.
Muitos desses contrastes podem ser observados na pequena Rua Luiza Engert, transversal à Rua Augusto Cardoso. De um lado, pequenas árvores mutiladas sem justificativa aparente, a vários metros de onde passa a fiação; de outro, uma enorme palmeira real bloqueia a calçada e já alcança o topo do prédio, enquanto ainda continua a crescer. Uma cena que gera confusão: afinal, quais diretrizes orientam a presença ou a ausência de árvores nas áreas urbanas de Nova Friburgo? Quais as espécies mais indicadas e onde devem ser plantadas? A reportagem de A VOZ DA SERRA tentou contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Às vésperas de completar duzentos anos, parece contraditório que uma cidade tão privilegiada sob o aspecto ambiental ainda apresente tamanhas contradições em sua relação com as árvores do perímetro urbano.
Logo ao lado, neste trecho da Rua Prefeito José Eugênio Müller, apenas
Contrastes da Rua Luiza Engert: uma pequena árvore mutilada a vários metros da fiação elétrica,
e ao fundo a enorme palmeira, que já supera a altura dos prédios
O tronco da palmeira na Rua Luiza Engert bloqueou a calçada. Já a raiz representa
uma ameaça para estruturas subterrâneas, como o sistema de água
Dona Maria Helena, moradora da Rua Augusto Cardoso:
"Estão faltando árvores em algumas ruas do Centro”
A Rua Luiz Spinelli, transversal à Praça Getúlio Vargas, é exemplo de
endereço que carece de sombras naturais (Foto: Regina Lo Bianco)
Deixe o seu comentário