Eloir Perdigão
Olaria é uma unanimidade entre seus moradores. Parece que não há quem não goste do bairro. É uma cidade dentro da outra. As ruas são pavimentadas e movimentadas, inclusive por conta do pujante polo de moda íntima e seu turismo de compras. Com tanto movimento, surgem alguns problemas.
O nome se deve ao local onde funcionava a olaria da fazenda do Cônego. Cresceu abrigando operários das fábricas da cidade, principalmente a Fábrica de Rendas Arp, que chegou a ter uma vila de casas, com área de lazer e escola, onde hoje são construídos vários prédios. Era conhecido como bairro proletário.
PONTOS POSITIVOS - Bem no centro de Olaria ficam as praças 1º de Maio e Monsenhor Mielli, com a bela Igreja Nossa Senhora das Graças e o colégio do mesmo nome. Há quem reivindique uma praça maior para o bairro e mais atividades de lazer, restritas à Via Expressa, como as caminhadas e passeios de bicicleta, e seu local de eventos, onde se realizam festas e funcionam parques e circos. O decadente campo do Serrano ainda sedia atividades de futebol de crianças e adultos.
Olaria é bem servido quanto à educação, com quatro educandários públicos municipais e um estadual, além do já citado Colégio Nossa Senhora da Graças e a Escola Fribourg—sucessora da Escola Fábrica de Rendas Arp—, entre outros particulares menores. A cultura se faz presente com o Ponto de Cultura existente na Rua Gustavo Lyra e as sedes da escola de samba Imperatriz de Olaria e do bloco Unidos do Imperador, este no alto de Olaria.
Uma das reclamações dos moradores de Olaria é com relação à saúde. O posto Tunney Kassuga não atende a contento e o posto do antigo Sase está desativado (ainda funciona como abrigo para famílias assoladas pela tragédia de 2011). Várias clínicas dentárias e laboratórios prestam atendimento particular. As farmácias são muitas em todo o bairro.
Os restaurantes, principalmente de comida a quilo, existem em bom número e são concorridos, bem como os bares. Aliás, um dos pontos altos de Olaria é seu variado comércio, com fama de bons preços. Um dos destaques são as lojas de fábrica de moda íntima.
O bairro é bem servido por ônibus urbanos. É uma das linhas mais movimentadas do município e os usuários ainda contam com o reforço das linhas Cascatinha, Sítio São Luiz e Vargem Grande/Marechal Rondon. O 11º Batalhão de Polícia Militar mantém no bairro um Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO), na Praça 1º de Maio.
Em Olaria ficam as indústrias NFP (ex-Torrington), Pedrinco e ILG Metalúrgica, entre outras menores. As confecções se multiplicam por todo o bairro. Os fiéis contam, além da Igreja Nossa Senhora das Graças, com as igrejas Batista, Presbiteriana, Universal, Assembleia de Deus, Evangelho Quadrangular, Testemunhas de Jeová, Nova Vida, entre outras. Há agência dos Correios, pontos de táxi, entrega de gás, os sinais de TV são captados com facilidade; serviços bem prestados de abastecimento de água, esgoto, energia elétrica, telefone, coleta de lixo, rio e ruas limpos.
PONTOS NEGATIVOS - Para acolher as reivindicações dos moradores uma associação está em processos de formação no bairro. Enquanto isso, os moradores se valem de A VOZ DA SERRA para suas reivindicações. É o caso do vigilante aposentado Wilson Roberto Mury (Beto), que aponta o lazer como uma das necessidades dos moradores, além de um shopping e um cinema. Beto também aponta um hospital como de grande necessidade, além de melhorias no atendimento do posto Tunney Kassuga, a volta do posto do Sase e uma UPA no bairro. “Eu me sinto muito feliz por morar em Olaria e espero que o bairro melhore mais ainda”, diz.
“Olaria é tudo. Eu amo Olaria”, declara-se o motorista Luiz Adalto Barreto. Ele, no entanto, vê o bairro maltratado com relação às calçadas. E aponta as ruas São Roque e Raul Veiga como as que têm as piores calçadas do bairro, além da calçada do posto Tunney Kassuga. “Nós temos que receber bem o turista que vem aqui, os compradores, porque precisamos disso. A nossa moda íntima é a mola mestra de Nova Friburgo.” Luiz Adalto diz que as autoridades devem agir junto aos proprietários dos imóveis para que as calçadas sejam recuperadas. “Melhorando as calçadas tudo vai correr às mil maravilhas”, encerra.
O contador Luiz Valadão gosta das pessoas de Olaria, sua população, e aponta a necessidade de melhorias na estrutura de saúde e no trânsito, principalmente na confluência da Praça Monsenhor Mielli, Avenida Júlio Antônio Thurler e ruas Maria d’Ângelo Magliano e Presidente Vargas, por ser travessia de estudantes.
Mais presença do governo municipal em Olaria é a principal reivindicação do advogado Robson Melhorance, que também diz gostar do bairro. “Os moradores são excelentes, mas o poder público municipal não chega aos habitantes.” E ele enumera os principais problemas: sistema de saúde precário, ausência de guardas de trânsito (mesmo com a Autran sediada no bairro) e fiscais de posturas, devido a irregularidades cometidas pelo comércio, calçadas danificadas ou irregulares (em sua opinião o governo municipal tem que cobrar os consertos dos moradores e consertar as de sua responsabilidade). Para Robson é preciso que o governo municipal dê atenção a Olaria também, além do centro da cidade. “O bairro está abandonado e só é visitado pelos políticos em época de eleição”, lamenta.
“Só tem buraco nas ruas, cara. Está feia a coisa”, exclama o taxista Antônio Carlos Cardoso de Freitas. Ele reclama do estado das ruas de Olaria e cobra mais ação da Prefeitura no bairro. “Nossas ruas parecem um queijo suíço. Não tem carro que aguente. Melhorar as ruas é a nossa grande reivindicação”, finaliza.
Resposta da Prefeitura
Revitalização da Via Expressa, com instalação de aparelhos e sinalização para caminhada e aferição de pressão, a abertura de uma academia na praça de Olaria e, principalmente, a criação da Praça de Esportes e Cultura (PEC) na Via Expressa, com anfiteatro, quadra e outras benfeitorias, na ordem de dois milhões de reais, são algumas das obras e projetos do governo municipal para Olaria, conforme anunciou o secretário municipal de Esportes, Renato Satiro.
Em relação aos problemas no trânsito, o superintendente da Autran, Rubem Braga, informou que, em parceria com a Secretaria de Olaria, Cônego e Cascatinha, está em fase de avaliação todo um trabalho de modificação no trânsito, uma vez que, reconhecidamente, o tráfego cresceu muito no bairro. Em relação à falta de guardas de trânsito, Rubem afirma que devido ao número reduzido de agentes, mas por outro lado, pela sede da autarquia estar em Olaria, constantemente os agentes estão fiscalizando irregularidades.
Em relação à Saúde, o secretário municipal de Saúde, Rafael Tavares, disse que o Sase passa no momento por interdição e que nenhuma unidade de saúde pode ser reaberta no local, mas que o Posto Tunney Kassuga funciona em plena atividade.
Sobre os problemas de buracos nas ruas, o secretário especial de Olaria, Cônego e Cascatinha, Rafael Rodrigues disse que o trabalho da equipe é incansável na recuperação dos logradouros, como na limpeza das ruas e na execução de obras, atuando fortemente em diversos pontos em todo o bairro.
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