Oficina-Escola de Artes: sem salários há quatro meses, professores podem parar de dar aulas

segunda-feira, 06 de maio de 2013
por Jornal A Voz da Serra

A Oficina-Escola de Artes, que oferece diversos cursos gratuitos de artes a crianças, jovens e adultos, abriu matrículas recentemente para novos alunos, mas algumas modalidades podem ser comprometidas com a possibilidade de alguns professores pararem de dar aulas a qualquer momento. Não se trata de greve, mas da incapacidade de continuar devido à falta de pagamento de salários desde janeiro. Atualmente, pelo menos seis professores da Oficina-Escola têm ido trabalhar por puro “amor à causa” e não veem um centavo de salário no fim de cada mês. Eles mesmos dizem que “em respeito aos alunos” têm dado aulas normalmente, mas confessam o natural, e óbvio, desestímulo. A falta de perspectivas é outro agravante, já que a Prefeitura ainda não sinalizou qualquer possibilidade de solução. Somente os professores concursados e convocados recentemente pelo município estão com a situação funcional definida na Oficina. 
“Estou com vontade de desistir. Às vezes venho para a aula e a professora falta. Ou quando vem, fica desanimada. Muitos cursos estão se esvaziando e podem acabar, como já aconteceu com alguns. Não é justo que os professores trabalhem de graça. Muitos colegas da minha turma já desistiram de continuar no curso”, diz um aluno de 16 anos, que admite também ficar desestimulado com a triste situação dos professores, alguns veteranos no projeto de estímulo às artes e à cidadania e que já atraiu mais de mil alunos. 
“Já tentamos inúmeras vezes nos reunir com o secretário municipal de Cultura e até mesmo com o prefeito, mas não conseguimos uma posição oficial até agora”, relata um professor que deixou a Oficina-Escola. “Sinto muito pelos alunos, mas as contas chegam, o aluguel vence. Não dá para ficar esperando por uma solução que nunca chega”, disse ele, que não quis ser identificado. Todos os professores da Oficina que permanecem sem salários integram o quadro de nomeados ou são contratados temporariamente. 
No entanto, muitos contratos temporários na Oficina-Escola de Artes foram rescindidos em 31 de dezembro de 2012 e os professores nomeados automaticamente dispensados. Alguns, porém, acreditaram na possibilidade de serem mantidos na função. A intenção da Prefeitura, segundo os próprios professores da Oficina, é substituir o quadro funcional por outros professores aprovados no concurso de 1999, mas, de acordo com alguns do quadro atual, não há concursados habilitados disponíveis para preencherem todas as modalidades. “Não seria bem melhor aproveitar os que já estão aqui e já conhecem os alunos? Basta buscar na Justiça uma autorização ou algum acordo para retomar as nomeações”, observou outro professor. 
No saguão de entrada da Oficina-Escola, um quadro de avisos aponta a existência de vagas para os cursos de desenho, balé, dança, cavaquinho, circo e instrumentos de sopro. “Pelo que tenho observado nos dias que fico aqui esperando minha filha ter aulas, a procura tem diminuído. As pessoas chegam para conhecer a Oficina-Escola e em alguns horários está tudo vazio ou com poucos alunos. Os comentários acabam desanimando muita gente”, diz uma mãe de aluna que frequenta a Oficina-Escola de Artes há três anos e também quis manter-se no anonimato. 
No mês passado, a Secretaria Municipal de Cultura anunciou ter firmado parceria com a Banda Campesina Friburguense para a difusão de mais cursos de música e artes na Oficina-Escola, mas a iniciativa ainda não avançou. O não pagamento de salários aos professores foi denunciado, inclusive, por cartas de pais de alunos enviadas à redação de A VOZ DA SERRA.

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