Quem for conferir os novos trabalhos do grupo Jovens vivendo arte contemporânea pode ser que se confronte com algo atípico. Feito de colagens, um processo artístico pouco usual nos dias de hoje (em que um simples comando de um mouse pode ser capaz de realizar em poucos segundos o equivalente a horas de trabalho), as obras expostas demonstram ousadia e criatividade. As peças, que variam de pequenos ensaios até propagandas de utilidade pública (a favor do meio ambiente, ou a interessante formação de uma bandeira nacional vista no cartaz/manifesto em prol do direito do brasileiro aos seus dentes), nasceram durante uma oficina ministrada pelo renomado artista gráfico Rico Lins.
O curso, realizado no último dia 17, serviu para aproximar o grupo do trabalho de Rico Lins, cuja exposição na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro, havia sido visitada por eles no mês passado, quando também puderam conferir a famosa exposição de Vik Muniz no Museu da Arte Moderna (MAM), além de visitas ao Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) e outra ao Paço Imperial, para a exposição de Burle Marx.
A oficina proporcionou aos alunos a oportunidade de produzirem trabalhos arriscados, utilizando recortes, fotografias e desenhos próprios que, misturados ao painel principal, podem lembrar algumas brilhantes colagens já feitas. O trabalho de Rose Borges à frente do Jovens vivendo arte contemporânea promete deixar rastros nos talentos promissores que parecem estar emergindo.
Rico Lins, arte pós-moderna
Reconhecido como um dos maiores designers brasileiros, Rico Lins viveu no exterior de 1979 até 2007, sempre mantendo vivas as raízes e o jeito brasileiro. Seu primeiro contato com o design foi ainda na escola. Mais tarde, o trabalho numa miniagência de publicidade e a atração pela imagem e pela organização espacial acabaram por consolidar a carreira do jovem Rico, que ingressou na faculdade de Comunicação Visual da Esdi, no Rio de Janeiro.
Sua pós-graduação, em 1979, o levou até a Université de Paris, onde conseguiu uma bolsa para um curso, que largou pela metade. Em Paris, Rico permaneceu por mais seis anos, colaborando com jornais e revistas francesas, além de criar ilustrações para livros infantis. Em 86, mudou-se para Londres, disposto a se aprofundar em seu trabalho, completando lá o seu mestrado.
Londres também proporcionou a Rico Lins um de seus maiores desafios. As ilustrações para livros destinados a crianças cegas, ou com problemas de linguagem, percepção e cognição. Convidado para trabalhar como diretor de arte da CBS Record em Nova York, Rico abriu o leque de oportunidades, passando a contar com clientes como a MTV, as gravadoras Polygram, RCA, a revista Time e os jornais Washington Post e The New York Times.
Rico tem seus trabalhos expostos no Musée de l’affiche et de la publicité, em Paris, no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo. A distância da terra natal, no entanto, é menor do que se pensa, principalmente em um mundo globalizado como o nosso, e Rico sempre manteve o contato com o Brasil, fazendo questão de estreitar essa ponte com exposições, workshops e projetos que envolviam artistas de fora do país.
Deixe o seu comentário