Ode aos policiais do Estado do Rio de Janeiro

terça-feira, 14 de dezembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra

Constantemente na entrevistas, palestras ou até quando sou provocado em conversas mais sérias sobre a constante ousadia – não é de hoje – dos traficantes em tentar acuar as autoridades estaduais, sempre disse, a todo volume, que só faltava alguém assinar que estávamos em regime de guerrilha urbana – com terrorismo – no Rio de Janeiro. A Constituição do país estava sendo aviltada e já estava na hora das Forças Armadas auxiliarem as polícias – disse auxiliar, e não intervir.

Os estudiosos do assunto dizem que terrorismo é um método de ação, não um objetivo; a população ofendida esquece isso e só sabe que está sendo incomodada.

Os marginais acuam a população infundindo o pânico; quem é que não tem medo? Num primeiro momento dos acontecimentos – a invasão de um reduto tido como inexpugnável –, os mais açodados, e sempre tem, poderiam ser protagonista de um dos maiores banhos de sangue já desencadeado no país.

Era preciso planejar, com calma e paciência, sem esquecer o atual bordão: “Muita calma nessa hora”. E a hora era séria e ninguém queria esperar mais. Esse era o meu medo.

Quero chamar a atenção aqui para a ação da PM, que para muitos parecia invisível, e sua firme resposta em todos os instantes do conflito, com participação irretorquível do policial militar, em todas as ocasiões em que foi chamado.

Com a PM atuando, logo acudiram em seu auxílio, num primeiro instante, a Polícia Rodoviária Federal e a Marinha do Brasil, e num segundo momento, também de muita tensão, a Polícia Civil, Polícia Federal e o restante das Forças Armadas, numa operação cívica que jamais se viu no país, para acabar com a arrogância dos traficantes.

Penso que não existe sequer um cidadão de respeito – exceto os marginais – nesse país que não esteja orgulhoso de suas forças de segurança e feliz em poder dizer que “quando o poder constituído quer, ele faz”. Parece que, finalmente, depois de muito sofrimento, encontramos o caminho, do qual o Estado, nas diferentes esferas e nos diferentes poderes, não pode se afastar, caso contrário é suicídio anunciado.

Na capital a coisa está andada em bom ritmo. Não vai ser solucionado agora, pois não tem como, os trabalhos serão longos, árduos e talvez com muito sacrifício e incômodos as comunidades atingidas. As autoridades do nosso interior é que não podem esmorecer, pois os reflexos do que aconteceu lá certamente serão vistos aqui, mas, como lá também, controláveis e resolvíveis.

Com enorme gratidão – do alto dos meus 37 de serviço – escrevo essa pequena homenagem por tudo que os “PAPA MIKE E PAPA CHARLIE” nos deram nos últimos dias.

A cada minuto que recebemos notícias. A cada instante que vemos as imagens. A cada minuto que reconquistamos o nosso território. Fico feliz de ser deste Estado e guardado por essas corporações.

Estávamos, todos, esperando uma resposta fiel aos princípios norteadores da segurança pública e capaz de dar um basta ao exercício do “estado paralelo”.

O que vimos na TV justifica o sonho de criança em ser policial. Conseguimos saborear o doce sabor da reação coordenada em busca de um objetivo definido e claro.

Conseguimos ver que é possível. Conseguimos sentir que somos do lado de bem. Podemos ver que o mal existe e será controlado.

Os “canelas pretas” trabalhando junto aos “canelas marrons”. ADSUMUS. Mas os Policiais são os guias. Mostrando que lá é seu terreno.

Conseguimos ver nos olhos dos policiais o AMOR pela sociedade que tão bem servem e protegem. Conseguimos ver no rosto de cada policial a HONRA de servir ao propósito maior. Conseguimos ver o ORGULHO deles em poder agir com o respaldo das autoridades políticas. Conseguimos ver que podemos de verdade. Eles declararam o seu amor a todos nós.

Essa declaração foi feita por meio de noites sem dormir. De férias suspensas. De licenças canceladas. De turnos ininterruptos. De distância das famílias. De honra e dignidade. De apresentação espontânea dos reformados e da reserva. Essa declaração foi feita por meio da entrega da vida de cada um deles por nós.

A operação nos deu a exata dimensão do amor e do respeito que esses homens e mulheres merecem de nós. Eles nos amam sem nos conhecer. Eles se arriscam por nós pelo fato de acreditarem ser possível fazer uma sociedade melhor para todos. Eles se entregam como os jovens fazem no primeiro amor. Mas eles o fazem a cada dia, mesmo estando tão perto do sujo, do mal, do podre, da dor e da desgraça.

Os policiais não pedem amor. Mas eles merecem. Seja o Civil ou Militar. Ambos nos dão a chance de sermos felizes. Reforçam o sonho de criança em servir ao próximo, manter a esperança e promover a caridade. Fazem a caridade com a entrega do que eles possuem de mais valioso, a própria vida. Mantêm a esperança ao reconquistarem cada território das mãos da personificação do mal. Servem ao próximo dando a nós o que eles mesmos querem.

Celso Novaes

clpnovaes@grupo-ls.com.br

ex-Diretor de Integração Institucional

CONSEG

Trabalho feito em parceria com o

Dr Leonardo Braz Penna

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