Obras do PAC tiram férias mas chuvas insistem em trabalhar

Segundo Inea, obras do Rio Bengalas foram interrompidas devido a recesso de fim de ano e em breve serão retomadas. Consórcio, no entanto, afirma que atividades já voltaram na última segunda-feira
terça-feira, 06 de janeiro de 2015
por Dayane Emrich
Obras do PAC tiram férias mas chuvas insistem em trabalhar
Obras do PAC tiram férias mas chuvas insistem em trabalhar

As obras de canalização do Rio Bengalas, parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, é uma das muitas novelas protagonizadas pelos friburguenses. Antes mesmo do seu início, ainda durante a fase de execução do projeto, das audiências para a divulgação do mesmo e da licitação, elas já vinham causando polêmicas. Isto porque muitas pessoas não sabiam ao certo como seria a sua realização --- se a obra realmente ajudaria no combate as enchentes, tão comuns no município durante o verão --- ou temiam pela demolição de suas casas próximas ao leito do rio. Houve ainda um período de espera para a liberação dos recursos, a fim de que se iniciasse o projeto, e a demorada fase de negociação com os moradores, os quais receberiam uma unidade habitacional entre as recentemente construídas com a ajuda do governo federal, ou seriam indenizados ou poderiam também optar pela compra assistida, conforme o valor da residência.

Passados os primeiros capítulos, após a liberação de parte da verba pela Caixa Econômica Federal as obras tiveram início, fato que ocorreu em março de 2013. Desde então a obra, que prevê a macrodrenagem entre o trecho que abrange Duas Pedras e o Prado, orçada em R$ 145 milhões, mesmo que a passos lentos, vinha sendo executada. 

Atualmente, no entanto, A VOZ DA SERRA tem recebido uma série de reclamações de moradores do local e de indivíduos que diariamente passam pela Avenida Roberto Silveira sobre a paralisação da mesma. Segundo eles, desde novembro é comum passar pela região e não encontrar máquinas e homens trabalhando. O fato que mais chama atenção é que a interrupção das obras ocorreu próximo ao período de chuvas, quando há muitas famílias preocupadas com possíveis enchentes e alagamentos, como já vêm ocorrendo em alguns pontos da cidade nesses dias.

Em nota, a Assessoria de Comunicação do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que "já foram realizadas no Rio Bengalas dragagem de desassoreamento e conformação de calha com volume de material removido de aproximadamente 33.000 m³; desmonte de rocha, totalizando um volume de 3.300 m³; cravação de 131 perfis na margem esquerda e 238 perfis na margem direita, o que representa 33% do total previsto; lançamento de 92 placas pré-moldadas na margem esquerda: lançamento de 12 placas pré-moldadas na margem direita; fabricação de 648 placas pré-moldadas, equivalente a 32% do total previsto e execução de 12% dos tirantes, totalizando 265 unidades”. As obras em execução, diz o Inea, incluem dragagem, adequação de calha, proteção e contenção das margens do Rio Bengalas e canalização de trecho de 3,5 km, além da reconstrução da ponte entre a Avenida Roberto Silveira e o centro de Conselheiro Paulino, já realizada.

Sobre a paralisação, o instituto informou ainda que "as obras de recuperação ambiental em Nova Friburgo sofreram apenas interrupção temporária devido a férias coletivas pelos feriados de fim de ano e serão retomadas em breve.” O problema é que apesar do contrato ser de 38 meses, isto é, três anos e dois meses, as chuvas não esperam e põem em risco a vida de diversas pessoas que moram próximas às áreas comumente alagadas. 

Córrego Dantas

Além do Rio Bengalas, a obra do consórcio nacional formado pelas empreiteiras EIT Engenharia, responsável por 60% da obra, e a Ferreira Guedes responsável por 40%, compreende a macrodrenagem do rio Córrego Dantas onde serão feitas dragagem, adequação de calha, proteção e contenção das margens em um trecho de 3 km, reflorestamento e implantação de 16 parques fluviais. Segundo informações do Inea, no local já foram realizadas "dragagem de desassoreamento e conformação de calha com volume de material removido de 4.500 m³; adequação de calha, com proteção das margens através da execução de enrocamento e implantação de grama nos taludes em um trecho de aproximadamente 520m, nas margens direita e esquerda”.

Vale destacar ainda que a obra, no total, é considerada de alto custo — R$ 200 milhões — e que a previsão contratual é de que seja concluída em maio de 2016. 

O que diz o Consórcio Rio Bengalas

Em entrevista para A VOZ DA SERRA, o gerente de contrato do Consórcio Rio Bengalas, José Lima, destacou que a obra conta com 55% de avanço físico e que, apesar da paralisação, acredita que o projeto ficará pronto dentro do período estipulado pelo contrato. Ele esclarece ainda que o total de funcionários varia de acordo com o momento da obra e conforme o período chuvoso, o que explica a grande movimentação de operários no trecho que compreende as atividades em algumas épocas do ano e a baixa atividade em outros períodos. "Durante as chuvas é impossível imprimir o mesmo ritmo que se tem em épocas mais secas. Estamos implantando uma cortina com mais de três metros de profundidade. É preciso trabalhar com funcionários dentro do rio, por isso a gente fez uma inversão na produção. Temos feito o desassoreamento do rio e a dragagem para poder aumentar a capacidade de vazão do mesmo durante esse período chuvoso”, disse ele acrescentando que "atualmente, cerca de 150 funcionários estão em trabalho”. 

Para o gerente, as pessoas devem compreender que a obra do Rio Bengalas não é como a de um prédio ou uma casa. Devem ser levadas em consideração eventuais mudanças e dificuldades durante sua execução. "Não é uma obra linear, como a de um prédio em que é feita a fundação e depois só se depende da mão de obra. Aqui você tem questões como chuva, interferência de concessionárias, questões de geotecnia, ou seja, em determinados trechos podem ser encontradas pedras, matacões — blocos de rocha que podem ser subterrâneos ou superficialmente expostos —, entre outras dificuldades. Nesse sentido, o prazo final já foi dimensionado pensando em todos esses empecilhos. Sem contar as questões de desapropriações que dependem de negociações com moradores”, pontuou ele.

Outra questão acentuada por José são os benefícios que a obra proporcionará para a cidade. "Vai haver toda uma urbanização ao longo do rio, guarda corpo (proteção a meia altura que resguarda as faces laterais das escadas, terraços, varandas, sacadas), novas calçadas e acessibilidade para cadeirantes. No Córrego Dantas nós também estamos redimensionando toda a calha do rio, fazendo desassoreamento e proteção de margem, mas lá a modalidade é mista: tem gabião, enrocamento de pedra, ou seja, é feito de acordo com a geotecnia local e com a proximidade que se tem de tráfico e casas”, disse. A respeito dos parques fluviais, José explicou que serão, na verdade, praças. "A ideia é construir uma área não habitável, mas que tenha utilidade pública e, desta forma, evitar novas invasões e consequentemente acidentes, como os que ocorreram nas chuvas de 2011”, falou. 

Sobre as interrupções, diferentemente do que disse o Inea, José afirma que houve um período de férias coletivas entre o Natal e o Ano-Novo, mas que as obras já foram retomadas na última segunda-feira, 5. Ele garante, inclusive, que a paralisação não comprometerá o prazo de entrega. "Está tudo dentro do planejado, tudo no contrato. A partir de março, quando as chuvas começarem a diminuir, aceleraremos os trabalhos”, afirmou.

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TAGS: Rio Bengalas | Obras
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