A GRANDE imprensa vem batendo na tecla com insistência, porém, os candidatos às eleições municipais parecem não enxergar a gravidade do problema nem estão interessados em colocar o assunto na pauta de propostas de governo. Saneamento básico é um tabu para a maioria dos políticos brasileiros.
TODOS sabem: obras de melhorias na coleta e tratamento de esgotos e na canalização de água potável ficam debaixo da terra, o eleitor não vê. Simplesmente não rende votos e custa caro. Então, pela lógica dos homens públicos, não vale a pena perder tempo com isso. A consequência: em pleno século 21, a maioria das grandes cidades brasileiras continua na lama, com todos os seus efeitos colaterais.
O RANKING do Saneamento 2014, preparado pelo Instituto Trata Brasil, organização não governamental especializada na questão, já diagnosticou. Cem maiores municípios foram analisados. Foram investigados não somente a coleta e o tratamento de esgotos nas cidades com mais de 250 mil habitantes, como também a expansão da rede de abastecimento de água e as perdas provocadas por tubulações velhas e ligações clandestinas.
DE INÍCIO, algumas constatações gritantes: as duas cidades mais ricas e populosas do país – São Paulo e Rio de Janeiro – tratam apenas a metade de seus esgotos (São Paulo, 52,15%; e Rio, 50,2%). Curitiba é a capital com os melhores serviços de abastecimento de água. Dos municípios brasileiros avaliados, 55 tratam somente 40% dos esgotos. E 34 deles não têm seus Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) definidos. Imagina-se a situação das cidades menores, Nova Friburgo incluída.
DIARIAMENTE o Brasil despeja no meio ambiente 2.959 piscinas de esgotos sem qualquer tratamento. Cada piscina tem capacidade para 2,5 milhões de litros. É muito. Além de contaminar os nossos recursos hídricos, esse monte de lama fétida pode ser responsável por casos de doenças como verminoses, hepatite A, dermatites e diarreias que sobrecarregam os hospitais.
O RANKING conclui que os avanços nos serviços de água e esgotos, assim como na redução das perdas de água continuam lentos e que, a se manterem os mesmos níveis não ocorrerão a tão sonhada universalização dos serviços em 20 anos. Os resultados mostram a necessidade de haver um maior comprometimento dos governos federal, estaduais e municipais, se quisermos universalizar o saneamento em duas décadas. Um recado que deve ser lembrado nas urnas de outubro.
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