Técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável vão realizar nos próximos dias uma vistoria na obra que pode ter provocado danos na estrutura de um prédio residencial e de uma casa na Rua Cristina Ziede, no Centro de Nova Friburgo. Os dois imóveis tiveram que ser desocupados pelas famílias após interdição da Defesa Civil municipal.
“Tudo indica que a obra entre os dois imóveis agravou as trincas nas paredes”, disse o secretário de Defesa Civil, coronel João Paulo Mori, nesta terça-feira, 28. “Houve movimentação de terras e a construtora usou bate-estaca (equipamento utilizado para execução de fundações profundas em grandes construções). Isso pode ter causado danos”.
A Defesa Civil vem monitorando a estrutura do prédio amarelo, semelhante a um sobrado, há cerca de quatro meses, quando as primeiras rachaduras apareceram nas paredes do imóvel, localizado no número 98 da Cristina Ziede. Ao lado, está sendo construído, desde meados de fevereiro, outro prédio residencial. A obra está na fase de fundação e possui licença da prefeitura.
Na madrugada do último sábado, 25, porém, um barulho no prédio despertou moradores e vizinhos da rua. “Parecia que uma marreta havia batido contra a parede. Levantei e não vi nada de mais. Mas quando acordei, pela manhã, os moradores do prédio estavam desocupando os apartamentos”, relatou Rafael Emerich, que mora em uma casa colada ao prédio. O imóvel dele não foi afetado.
Um engenheiro da Defesa Civil esteve no local nas primeiras horas da manhã de sábado, 25, e interditou o prédio. As famílias que ocupavam quatro dois oito apartamentos do imóvel deixaram o local e foram para um hotel próximo, que vem sendo pago pela corretora que administra o prédio, a Ricardo Pedretti. A empresa informou que tem prestado assistência às famílias.
Na manhã desta terça-feira, 28, uma equipe da Defesa Civil voltou ao local e manteve a interdição do prédio amarelo. Uma casa localizada no número 42 também foi desocupada pelos moradores e interditada, porque apresentou rachaduras em sua estrutura. Já as obras de construção do novo prédio residencial, entre os dois imóveis afetados, não foram embargadas pela prefeitura.
“Essa obra vinha causando transtornos a nós, moradores, há muito tempo. Quase ninguém parava no prédio devido ao barulho e a poeira que vinha do canteiro. Depois surgiram as rachaduras. Não entendi porque a Defesa Civil não embargou a obra também. Ninguém da construtora nos procurou para oferecer auxílio, somente a corretora”, disse Pedro Tavares, morador do prédio.
Em nota, a prefeitura informou que “o laudo de interdição da Defesa Civil, que comprova o agravamento das trincas nos imóveis, será encaminhado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável, que deverá fazer uma nova vistoria na obra, a fim de avaliar se a mesma tem relação com as trincas ou um possível embargo”. A VOZ DA SERRA não conseguiu contato com a construtora.
Símbolo da tragédia de 2011
A Rua Cristina Ziede é conhecida por ter sido um dos locais mais marcados pela tragédia climática de 2011, que devastou Nova Friburgo. O edifício Monte Carlo, localizado no início da rua, foi partido ao meio por um deslizamento de encosta na fatídica madrugada de 12 de janeiro daquele ano e se tornou um símbolo da catástrofe ao expôr as áreas externas dos apartamentos durante vários anos. O prédio foi recuperado, mas ainda não está totalmente ocupado.
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