Uma lixeira repleta de peças metálicas foi encontrada na manhã desta terça-feira, 20, próxima ao canteiro de obras do Hospital do Câncer, em Nova Friburgo. O material, que inclui tubos de conexão e chapas de aço, teria sido furtado de dentro do prédio, no bairro Ponte da Saudade, onde deve ser implantada a nova unidade de oncologia do estado. As obras de reformas para adequação do imóvel estão paradas há quase um ano.
“Ao passar pela rua, vi a lixeira e o material que seria do hospital no interior dela”, disse o presidente da Associação de Moradores e Amigos da Ponte da Saudade (Amaps), José Roberto Folly. “Conversei com um morador que disse que viu um indivíduo, na segunda-feira, 19, lançando a lixeira por cima do portão do hospital. As sacolas com peças já estavam do lado de fora. Não sabemos o que mais pode ter sido levado”.
Na manhã desta terça-feira, 20, não havia ninguém na guarita do prédio nem no canteiro de obras do hospital. O imóvel estava cercado por tapumes e o portão, trancado. Segundo Folly, apesar de refletores acesos, que iluminavam o terreno, não há vigias no local, o que torna o espaço propício para furtos. Ele contou que procurou a PM e a 151ª DP, mas não conseguiu registrar queixa.
“Vou apresentar uma denúncia ainda nesta semana ao Ministério Público estadual e à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para apuração do caso. Dinheiro público está indo para o lixo”, disse o presidente da Amaps.
Em nota, a Secretaria estadual de Obras informou que comunicou a denúncia à FW Empreendimentos Imobiliários e Construções Ltda para que “a empresa tome providências a fim de preservar o canteiro de obras, que é de sua responsabilidade”. A VOZ DA SERRA não conseguiu contato com a construtora.
Obras paradas
As obras no hospital pararam depois que uma portaria foi publicada, em março de 2016, no Diário Oficial, que determinou a interrupção dos serviços devido à crise financeira no estado. Sem recursos, a construtora começou a dispensar, aos poucos, os cerca de 80 operários contratados para a reforma do prédio. Muitos deles, que foram subcontratados pela empresa, entraram na Justiça para receber verbas rescisórias.
A licitação para a implantação do Hospital do Câncer foi realizada pelo governo do estado, em parceria com o governo federal, em novembro de 2014. A obra foi orçada em R$ 93,6 milhões — sendo R$ 10 milhões destinados à desapropriação do imóvel onde funcionou, na década de 1990, o Centro Adventista de Vida Saudável (Cavs), R$ 45,7 milhões para as obras e R$ 35 milhões para compra de equipamentos.
A reforma para adequação do prédio começou em abril de 2015 e o novo hospital seria inaugurado no primeiro semestre de 2016, mas o prazo foi adiado para outubro e, depois, estendido para dezembro. Dois anos e dois meses depois, a unidade de saúde, projetada para ser uma referência no tratamento de câncer na Região Serrana e atender 500 mil pessoas por ano, ainda não saiu do papel. O governo não informou qual a nova previsão de entrega das obras.
O projeto do hospital, numa área tranquila e cercada pelo verde da Mata Atlântica, prevê serviços de clínica, diagnóstico, cirurgia, radioterapia, medidas de suporte, reabilitação e cuidados paliativos. Estima-se que a unidade terá capacidade para o atendimento de 500 mil pessoas por ano. O centro de oncologia vai contar com 200 leitos, sendo 30 destinados à infância, cerca de 300 consultas por dia e até quatro mil cirurgias por ano.
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