Segundo Inea, local é sujeito a inundações
Eloir Perdigão
Passado um ano e três meses da tragédia que assolou Nova Friburgo, os problemas de Córrego Dantas, um dos locais mais afetados pela chuva, ainda persistem. Um deles diz respeito à creche. Mesmo tendo recebido verba da Suíça, a obra, que já havia sido iniciada, não pode continuar por se situar em área de risco.
A questão vem sendo tratada pela diretoria da Associação de Moradores de Córrego Dantas com a superintendência local do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), na esperança de uma resposta que até agora não chegou. A pretensão era dar continuidade à construção da creche com a verba doada pelos suíços.
“Não podemos perder este presente”, dizem os diretores da associação. O dinheiro se encontra depositado num banco de Nova Friburgo e eles se preocupam com a possibilidade de esta verba retornar à Suíça. “Nesse caso, que explicações daríamos? Falta de interesse, orgulho ou deixaríamos simplesmente que os suíços rotularem os brasileiros, mais uma vez, de incompetentes?”, questionam.
Os moradores tomaram conhecimento, através do Inea, de que a creche se encontra na chamada “área amarela do parque fluvial, sujeita a supostas inundações”. Eles destacam que aquela foi a primeira vez na história do bairro que o local foi inundado. Eles reconhecem que a dragagem do rio finalmente está sendo feita, assim como a instalação de alarmes no bairro e, portanto, não há que se pensar em perigo.
“Estamos pensando é no direito à educação, à autoestima, ao respeito de toda a comunidade que, com muitos méritos, conseguiu arrecadar fundos para um empreendimento que deveria ser da alçada das autoridades.”
A VOZ DA SERRA entrou em contato, por e-mail, com a superintendência local do Inea, a titular, Margareth Nacif, que foi enfática.
“A creche não pode continuar sendo construída naquele local, apesar da obra já ter sido iniciada, por se situar em área sujeita a inundação.”
Os mapas com plantas do bairro, feitas a partir de fotos aéreas, mostram que a obra da creche fica na área amarela, de alto risco de inundação.
Segundo Margareth, os imóveis localizados nessa área terão que ser demolidos, embora não imediatamente, mas no local—a faixa marginal de proteção do rio—não poderá mais haver construções. Resta à associação de moradores local pleitear a indenização do valor gasto até agora. Que, como observou a própria Margareth, poderia ter sido economizado, pois a obra já tinha autorização do Inea.
Em reunião recente com a superintendente local do Inea, os diretores da associação de Córrego Dantas pretendem recorrer da decisão ao próprio Inea, que pretende construir no local o chamado parque fluvial, com plantio de árvores e equipamentos de esporte e de lazer.
Uma semana após o temporal que assustou os friburguenses, alagou várias ruas do centro e alterou o trajeto da procissão do Senhor Morto, muitos pontos da cidade continuam com lama e poeira. Locais como a Rua General Osório, o entorno da Praça Getúlio Vargas e ruas adjacentes como a Monsenhor Miranda, Marques Braga e Dante Laginestra, ainda exibem as marcas da forte chuva que caiu no município no último dia 6. A sujeira vem sendo alvo de queixas da comunidade que aguarda a limpeza das ruas, conforme os apelos que têm chegado à redação do jornal. Além de conferir um aspecto de abandono a endereços tradicionais do município, a lama contribui para piorar a qualidade do ar e aumentar a probabilidade de doenças alérgicas e respiratórias, principalmente neste período de outono.
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