Obra apresenta pontos polêmicos e retrata a Belle Époque da cidade

segunda-feira, 29 de junho de 2009
por Jornal A Voz da Serra

Política e Economia entram como pano de fundo para contextualizar e explicar uma realidade social diferente sobre Nova Friburgo, na última década do século XIX – espaço temporal sob análise. Janaína Botelho vai desconstruir, basicamente, pontos tidos como inquestionáveis na História do município serrano. O primeiro é a suposta supremacia da agricultura na referida década. Segundo a pesquisadora, foi o turismo o grande motor da economia local por conta das epidemias que assolavam a então capital do País, o Rio de Janeiro, fazendo com que os cariocas passassem quase seis meses por ano em Friburgo.

Outro ponto polêmico do livro diz respeito à qualificação da cidade como “Suíça Brasileira” se os parâmetros que justificam tal título forem socioculturais. Para Janaína, critérios geográficos e climáticos são os únicos a favorecer tal similitude. A pesquisadora é enfática ao afirmar que imigrantes italianos e portugueses tiveram participação bem mais ativa na região do que os colonizadores suíços, sem esquecer dos turcos, espanhóis e africanos.

Mas o livro revela muito mais do que as desconstruções históricas: mostra que Friburgo viveu a sua Belle Époque, seguindo uma tendência nacional de europeização dos costumes. Janaína Botelho pesquisou os jornais “O Friburguense” e “A Sentinella”, publicações periódicas entre 1890 e 1900, em especial as crônicas sociais do período, e consegue traçar, com riqueza de detalhes, o cotidiano da cidade e o perfil de seus habitantes, analisando seus costumes, modos de convivência, atitudes, tensões e formas de sociabilidades. Ao mesmo tempo, abre espaço para crítica social e aponta formas preconceituosas e racistas adotadas pela população.

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