O voleibol ressurge

Friburgo Vôlei desenvolve trabalho de base, coleciona títulos e revela novos talentos na modalidade
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
por Jornal A Voz da Serra
O voleibol ressurge
O voleibol ressurge

Quando entrarem em quadra no próximo domingo, 15, pela segunda etapa da Liga Rio Vôlei, as meninas do Friburgo Vôlei/NFCC darão mais um passo para o ressurgimento deste esporte na cidade. A equipe friburguense sediará a próxima etapa da Liga domingo, 8, a partir das 10h, no ginásio do Nova Friburgo Country Clube.

História: paixão pela filha e pelo esporte

A história começa com Gustavo Titoneli, um apaixonado pelo esporte e pela filha, e capaz de unir outras dezenas de pessoas em um ambicioso projeto de voleibol. Formado em oceanografia, trabalhou na Marinha durante alguns anos e retornou para Nova Friburgo, onde montou um comércio. Apesar de seguir por caminhos diferentes, jamais abandonou a prática esportiva.

"Hoje o mundo é muito competitivo e esse espírito está presente no esporte. Qualquer ambiente de competição faz a pessoa se acostumar com a cobrança que ela vai encontrar na vida profissional. Eu sempre fui muito ligado ao esporte. Pratiquei quase todas as modalidades, do futebol ao ciclismo e badminton. Sempre gostei de vôlei, mas nunca pratiquei efetivamente. Sou comerciante, mas a paixão pelo esporte não mudou nunca.”

O interesse de Gustavo Titoneli pelo vôlei surgiu através do sonho da filha mais velha. A boa estatura levou Gabriela a praticar o esporte e ser aprovada em um teste em Macaé, mas foi na fila do ginásio de Caio Martins, em Niterói, que a semente do Friburgo Vôlei foi plantada. "Na fila nos recebemos um prospecto sobre o Niterói Vôlei Clube, que havia sido campeão de várias categorias. Comentei com minha esposa que Niterói era mais fácil de ir vir do que Macaé.”

O empresário propôs uma visita ao técnico do Niterói Vôlei Clube, a fim de conhecer as instalações físicas da cidade para a prática do esporte. Valner dos Santos ficou encantado com a estrutura e a variedade de quadras e ginásios. "Levei ele ao Friburguense, ao Sesi, ao Ienf, Anchieta e outros lugares. Com a estrutura precária que ele tinha em Niterói já fazia um trabalho fantástico e aqui, repleto de locais excelentes, não tinha nenhum projeto.”

Gustavo aproveitou a avaliação positiva e fez uma proposta a Valner: montar um núcleo semelhante ao de Niterói em Nova Friburgo. O trabalho teve início em 2009 e o professor de Educação Física Rondinelli Esteves recebeu o convite para integrar o projeto como auxiliar técnico. Um ano depois, ele assumiria de vez como o responsável por comandar as meninas do Friburgo Vôlei. No mesmo ano, o treinador encarou o primeiro desafio na Liga Rio Vôlei, uma associação até então independente da Federação Estadual. Para montar a equipe do Friburgo Vôlei, Rondinelli selecionou atletas jovens e veteranas da cidade, mas o resultado não foi dos melhores. "Na verdade foi um fiasco. O pessoal estava há muito tempo parado e necessitava ter uma continuidade de treinamentos. Os outros times apresentaram um nível muito alto”, lembra.

De volta a Nova Friburgo, Gustavo repensou a filosofia implantada no projeto e resolveu participar da mesma liga com uma equipe feminina sub-13. O time friburguense entrou na competição na terceira etapa e, ainda assim, conquistou o título. "Percebemos que o caminho não era com as adultas, e sim com as pequenas.”

O Friburgo Vôlei participou de todas as outras etapas, da quarta à sétima, não perdeu nenhuma partida e foi o campeão geral. Em 2011, a maioria das jogadoras subiu de categoria e a renovada equipe manteve o bom desempenho ao conquistar a terceira colocação. 

Do Friburguense ao Country Clube

Durante os primeiros anos do projeto, o Ginásio Helena Deccache foi a casa do Friburgo Vôlei. Em 2009, o então presidente do Friburguense, professor Raul Marcos, abriu as portas para a equipe e disponibilizou o espaço de maneira gratuita durante o primeiro ano de parceira.

Desde o início deste ano o Nova Friburgo Country Clube passou a ser a sede do time. O projeto cresceu e atualmente conta com cerca de 80 atletas, entre homens e mulheres, fato que exige maior disponibilidade de horários para treinamentos. "Estávamos no momento de crescer, buscar novos horários e o Friburguense não teve como fornecê-los para nós. Os treinos eram duas vezes por semana apenas, o que é pouco”, argumentou Gustavo.

Paralelo ao impasse, o Country Clube iniciou o processo de reforma do Ginásio Paulo Cesar Marra de Moraes para voltar a trabalhar com o vôlei e o basquete. Gustavo Titoneli apresentou o projeto ao clube, explicou a necessidade de expansão e acertou a nova parceria. "Não houve nenhum problema com o Friburguense, pelo contrário. Nós somos muito gratos por eles terem aberto as portas para nós e acho que honramos o nome do clube. Mas agora estamos em novo momento de ampliação do trabalho.”

A união entre família e esporte

O desenvolvimento do espírito de equipe é mais intenso no vôlei. Ao contrário de outros esportes, o erro sempre proporciona pontos ao adversário e o time depende do bom funcionamento de todas as peças. "É um jogo de muita pressão psicológica, que aumentou quando o sistema de vantagem deixou de existir e passou a ser por pontos corridos.”

O papel da família torna-se fundamental durante esse processo. Algumas reuniões são realizadas durante o ano e essa necessidade é explicada pelos professores. O apoio e o carinho dos pais ajudam a amenizar a pressão. "Se não houver esse carinho, a prática do esporte pode passar a ser um sofrimento para as crianças. Todo esse clima de tensão quando a pessoa sente quando entra em quadra ou mesmo treina tem proporcionar prazer. O grupo é legal, a viagem é bacana e ganhar é ótimo. Essa é a ideia que a criança deve ter.” 

Núcleo masculino e profissionalização

O sucesso das equipes femininas permite ao Friburgo Vôlei sonhar com novos horizontes. O primeiro passo foi a criação do time masculino com o patrocínio da Superpão — convertido em bolsas de iniciação esportiva. Uma seleção aconteceu no Colégio Estadual Professor Jamil El-Jaick e algumas outras escolas da rede pública para escolher os primeiros integrantes do time friburguense. Na estreia em competições oficiais, há cerca de dois meses, os meninos derrotaram o Rio das Ostras por 2x0.

O objetivo a médio e longo prazos é formar equipes na categoria sub-18 (infanto). No entanto, existem dificuldades para envolver os jovens dessa idade no projeto, uma vez que as atenções estão dividas com o vestibular. "A maioria dos nossos atletas são de classe média e, quando chegam nessa idade, o vestibular está muito próximo. E esta é uma realidade mais concreta do que o esporte. É natural que a família concentre os esforços nos estudos.”

O passo seguinte seria a profissionalização, e o credenciamento para disputar a Superliga nacional. O patamar das competições organizadas pela federação muda em relação à Liga Rio e as despesas também. A quantidade jogos aumenta de cinco etapas por categoria para jogos semanais entre março a dezembro. Além do mais, os custos de viagens e arbitragens são de responsabilidade do próprio clube. "Isso exige um gasto muito maior e precisaria da ajuda de uma grande empresa ou o apoio da prefeitura. É algo pra se pensar daqui a cinco ou dez anos”, ponderou. Difícil, mas não impossível para um pai apaixonado pelo esporte que abraçou a causa da filha, envolveu outras famílias de Nova Friburgo na tentativa de reerguer o esporte e que sonha chegar ainda mais longe.

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