Texto: Vinicius Gastin / Fotos: Rafael Ribeiro (CBF)
Um teste para não deixar dúvidas sobre a genialidade de Neymar. Ovacionado pelos torcedores, o atacante parece assumir a condição de protagonista. A Seleção Brasileira não fez uma grande apresentação contra o Panamá, mas jogou o suficiente para vencer por 4x0 no Serra Dourada. Tal facilidade, em parte, justifica-se pelo talento do camisa 10 brasileiro, autor do primeiro gol e do passe genial de calcanhar para o tento de Hulk, o terceiro do Brasil. Daniel Alves e William completaram o placar. No próximo dia 6, o time de Felipão encara a Sérvia, às 16h, em São Paulo, no último amistoso antes da estreia na Copa do Mundo.
Antes de a bola rolar, o cantor Péricles interpretou o hino nacional brasileiro, e os campeões mundiais Pepe, Mengálvio, Piazza, Viola, Edu e Zito — este representado pelo filho — foram homenageados. O árbitro Raul Orosco, da Bolívia, observou um minuto de silêncio em referência ao ex-jogador Marinho Chagas e o narrador esportivo Maurício Torres.
Precisão faz diferença
Em campo, um esboço do Brasil que deverá enfrentar a Croácia no próximo dia 12, no jogo de estreia da Copa do Mundo. Os poupados Thiago Silva e Paulinho deram lugar a Dante e Ramires. O primeiro, substituto do capitão, vestiu a amarelinha pela 12ª vez para formar dupla com David Luiz e mostrou a habitual disposição desde a primeira disputa de bola. Ramires foi a opção de Felipão para manter o meio-campo dinâmico e ter um jogador para chegar ao ataque, assim como Paulinho costuma fazer. O Brasil tentava trocar passes diante de um Panamá defensivo. Neymar e Oscar voltavam para buscar o jogo, enquanto Ramires encostava em Daniel Alves pela direita para tabelar. Nada feito até os 15 minutos, e a Seleção sequer chutou ao gol panamenho. As tentativas se resumiram aos cruzamentos à grande área, interceptados pelo goleiro McFarlane. O time brasileiro havia feito seis faltas, contra apenas duas do adversário. A terceira, no entanto, representou real perigo ao goleiro do Panamá. Na entrada da grande área, próximo à meia-lua. Era a chance que Neymar esperava para mudar a história do confronto: cobrança impecável, no ângulo, abrindo o placar aos 26 minutos. Após marcar o gol de número 200 da carreira, o camisa 10, referência da equipe de Scolari, despertou. No lance seguinte, colocou entre as pernas do adversário e levantou na direção de Fred, mas a defesa cortou antes do complemento do centroavante.
A vantagem proporcionou a tranquilidade que faltava até então. O jogo brasileiro começou a aparecer, ainda que de forma tímida, e as jogadas de ataque fluíram com maior naturalidade. As dificuldades de conclusão, contudo, permaneceram até Daniel Alves arriscar de fora da área e acertar o canto direito para ampliar, aos 40 minutos.
Testes e genialidade de Neymar
Se na primeira etapa o Brasil demorou a engrenar, a genialidade de Neymar fez o time de Felipão praticamente definir a vitória antes do minuto inicial. O camisa 10 desmarcou Hulk com um passe de calcanhar, e o atacante do Zenith bateu de três dedos para ampliar o marcador. Nem deu tempo para avaliar as alterações feitas por Felipão no intervalo: Maicon, Maxwel e Hernanes substituíram Daniel Alves, Marcelo e Ramires. Neymar roubava a cena ao chamar a responsabilidade e participar das principais jogadas ofensivas. Aos sete, finalizou de perna esquerda e obrigou McFarlane a trabalhar. Se este era um jogo-treino, Julio César também foi testado aos dez minutos, e conseguiu a recuperar-se após o escorregão para defender a cabeçada no canto esquerdo. Contudo, o domínio era brasileiro e os espaços apareceram à medida que o Panamá saiu pra jogar. Felipão mexeu mais duas vezes, promovendo as entradas de Jô e William. Pouco depois, Henrique substituiu David Luiz.
Entretanto, a tarde era de Neymar. O repertório de jogadas incluiu o passe preciso para a passagem de Maxwel nas costas da defesa. O lateral rolou para William completar para as redes aos 29 minutos. Completamente entregues, os panamenhos não esboçaram reação alguma e o goleiro McFarlane trabalhou mais algumas vezes para evitar o quinto gol. Nada capaz de estragar a festa e o show de Neymar em Goiânia.
Brasil 4x0 Panamá
Ficha Técnica
Estádio Serra Dourada
– Goiânia (GO)
Público pagante: 30.663
Público presente: 31.871
Renda: R$ 2.548.030,00
Arbitragem: Raul Orosco (Bolívia)
Assistentes: Efraín Castro e Javier Bustillos (Bolívia)
Brasil
Julio César
Daniel Alves (Maicon)
David Luiz (Henrique)
Dante
Marcelo (Maxwel)
Ramires (Hernanes)
Luiz Gustavo
Oscar (William)
Hulk
Fred (Jô)
Neymar
Técnico: Luiz Felipe Scolari
Panamá
Mc Farlare (Calderón)
Adolfo Machado
Román Torres (Cummings)
Baloy
Nahil Carroll (Carlos Rodríguez)
Amílcar Henríquez
Gavilán Gómez
Cooper (Jairo Jiménez)
Alberto Quinteros (Gabriel Torres)
Luis Tejada (Roberto Nurse)
Nicolas Muñoz
Técnico: Herman Dario Gómez
Neymar é o cara.
E esperamos que continue assim
Texto: Liliana Sarquis
O menino de 22 anos, preterido na Copa passada pelo técnico Dunga, foi o grande nome do amistoso da Seleção Brasileira contra o Panamá. É claro que a equipe da América Central é bem fraca. Mas amistosos servem para isso: testar jogadores e dar ritmo e entrosamento ao time. E, em tempos de bruxa solta — quando grandes nomes do futebol estão contundidos e, se não desfalcaram suas equipes, não vão chegar em plenas condições ao Brasil —, o que vimos foi um Neymar solto, fazendo um lindo gol de falta e dando passes para seus companheiros. Como no gol de Hulk. E mais, um Neymar perigosamente levando faltas, fazendo faltas e até levando cartão amarelo. O que não é muito positivo. Mas quem aguenta levar pontapé o tempo todo e, num certo momento, não revidar? Difícil controlar.
Mas é bom lembrar: começamos bem — mas ainda falta. A goleada por 4 x 0, naturalmente, é bastante positiva, anima a torcida e dá confiança à equipe. O desafio de Felipão agora é acertar o meio-campo. Como Paulinho, considerado titular, não jogou por estar contundido, a vaga ficou com Ramires, que não convenceu. Oscar ainda não está rendendo o esperado. O polivalente, e até então reserva, William pode ganhar uma vaga a qualquer momento. E merece. Entrou, jogou bem e foi premiado com um gol.
Se Fred não teve uma participação como a esperada, não dá para dizer que Jô deve ser o titular. O atacante do Fluminense é homem de confiança de Felipão e tem correspondido a essa preferência. E Hulk, enfim, deixou seu golzinho.
No mais, só deu Neymar. Se continuar assim — e espermos que isso aconteça — ele tem tudo para ser o nome da Copa, mesmo tendo Messi e Cristiano Ronaldo na disputa. O argentino e o português, porém, levam a vantagem da maior experiência, principalmente por jogarem há muito mais tempo que o brasileiro em duas grandes equipes da Europa — Barcelona e Real Madrid, respectivamente — e já terem se consagrado como melhores do mundo.
Mas não será agora a hora de Neymar? Estamos na torcida!
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