Ao surgir no Brasil a partir da década de 1910, a música sertaneja foi chamada genericamente de modas e emboladas. Tirando o som da viola estava o sertanejo caipira. Atualmente, o sertanejo é o mais popular estilo musical no país, superando o samba, na maioria dos estados, especialmente São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins.
Historicamente, esse gênero teve início com o Bandeirismo, um movimento de desbravamento no interior do Brasil pelos bandeirantes paulistas, no século XVI. O sociólogo e crítico literário Antonio Candido de Mello e Souza (Rio, 1918/São Paulo, 2017), definiu como Paulistânia todo o eixo de expansão e difusão da cultura bandeirante, em cuja região se fixou o que entendemos por cultura caipira.
Parte desses bandeirantes abandonou a lida nas Bandeiras, formando roças no interior paulista, onde teve origem o homem caipira. E foi lá que a música caipira ganhou corpo e notoriedade, com os cantos de seus ‘causos’ e suas vidas, gravada pela primeira vez em 1929, por Cornélio Pires.
Gêneros e sub-gêneros
Inicialmente, esse estilo musical foi propagado por uma série de duplas, com a utilização de violas e dueto vocal, cuja tradição segue até os dias atuais. Mas, o que seria música caipira/sertaneja? Críticos literários e musicais, produtores, cantores e compositores debatem sobre quais seriam as formas artísticas de expressão do gênero, que levam em conta as mudanças ocorridas ao longo de sua história.
Outros no meio acadêmico, entretanto, consideram música caipira e música sertaneja gêneros completamente independentes, baseado na ideia de que a primeira seria a música rural autêntica e/ou do homem rural autêntico, enquanto a segunda seria aquela feita como "produto de consumo", nos grandes centros urbanos brasileiros por não-caipiras.
Mas, adotado o critério de que música caipira e sertaneja são sinônimos, pode-se dividir este gênero musical em alguns subgêneros principais: caipira ou sertanejo de raiz, romântico, dançante e universitário. Em cada um desses nichos, seus ídolos têm um público fiel. Confira abaixo algumas estrelas desse universo:
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A dupla Tião Carreiro e Pardinho (1954) é tida como uma das principais da música sertaneja de raiz, de todos os tempos. Tião era impecável em todos os fundamentos da sua arte, e entre seus muitos clássicos estão “Rio de Lágrimas” e a insuperável interpretação de “Rei do Gado”.
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Nascida numa família abastada e apaixonada pela cultura, Inezita Barroso começou a cantar, tocar violão e viola aos sete anos. Considerada uma das principais cantoras da música sertaneja brasileira, é reconhecida como a mais antiga e mais importante expressão artística da música caipira no país.
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Milionário e José Rico se conheceram em SP, ao final da década de 1960. Conhecidos nacionalmente como “As gargantas de ouro do Brasil”, em 42 anos de carreira a dupla vendeu cerca de 35 milhões de seus 29 discos.
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A dupla Tonico & Tinoco é considerada a mais importante da história da música brasileira e a de maior referência: ambos entraram na lista dos maiores músicos recordistas de vendas da história mundial. Em 60 anos de carreira, realizaram quase 1000 gravações em 83 discos. Suas gravadoras lançaram um total de 60 discos e a dupla vendeu mais de 150 milhões de discos, realizando cerca de 40 mil apresentações em toda a carreira.
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Chitãozinho & Xororó, mais de 40 anos de vida artística. O primeiro disco oficial foi “Galopeira” em 1970 e os primeiros bons resultados vieram em 1978. Com “60 Dias Apaixonados” conquistaram o primeiro disco de ouro da carreira. O reconhecimento do grande público veio em 1982 com “Fio de Cabelo”.
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Graças à própria persistência, seu Francisco, fã de Tonico e Tinoco e pai de Zezé di Camargo & Luciano realizou o sonho de tornar 2 de seus filhos numa dupla famosa. Da trilha sonora do filme biográfico “2 Filhos de Francisco”, surgiu um dos maiores sucessos da dupla: “No dia em que saí de casa”.
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Foi com a canção “Dadá Maria”, cantada por Gal Costa no Festival de Música da Record, em 1967, que o paulista Renato Teixeira conheceu o sucesso. E muitos outros nos anos seguintes. Porém, o seu maior sucesso como compositor é a canção “Romaria” interpretada por Elis Regina, em 1977.
Almir Sater está lá no editorial. E mais gostaríamos de dizer sobre tantos outros grandes artistas, mas o espaço acabou. Do gênero sertanejo e moda de viola, há canções para todos os gostos. E mesmo para aqueles que torcem o nariz, não há quem não se entregue quando escuta... “No rancho fundo / Bem pra lá do fim do mundo / Onde a dor e a saudade / Contam coisas da cidade…” (Lamartine Babo e Ary Barroso, 1953).
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