Lá pelos seus 40 anos, numa rua de Nova Friburgo, existia uma casa bem grande. Na entrada tinha um portão de ferro com grades, logo em seguida uma escada que dava para um corredor com mais ou menos dez metros, onde tinha uma porta de entrada para uma saleta, e em seguida um quarto nos fundos de um corredor que tinha uma janela por onde eu entrava e dormia no chão com a permissão de uma empregada bondosa, isso acontecia pois era proibido algumas noites pelo meu padrasto de entrar em casa após às 18h. Esperava descalço e com frio em frente ao portão até tarde, muitas vezes até meia noite, que era quando meu padrasto finalmente dormia. Pulava o portão e a janela e dormia no quarto em um colchão no chão sem o menor conforto.
Quando estava com cerca de dez anos em uma dessas noites de espera a rua estava recebendo novas manilhas e vi muitos sapos, na minha ignorância peguei uns paralelepípedos e esmaguei alguns, pura travessura de criança. Chegando a hora de dormir, pulei o portão e abri a janela que estava só encostada sem o trinco e me deitei como muitas noites no meu colchão no chão. O meu pavor foi na hora em que acordei e abri meus olhos, a um metro de distância de meu rosto havia um sapo olhando para mim, abrindo e fechando a boca, senti um grande pavor, sai correndo e perguntei a minha mãe e irmãos e ninguém tinha visto o sapo. Nunca mais matei um sapo!
Os anos se passaram e em 1953 quando já estava servindo ao Tiro de Guerra, que ficava na Praça do Suspiro, vi uma cena que me deu arrepios, um companheiro de farda pegando com as mãos vários sapos e arremessando na árvore matando os pobres. Pedi várias vezes para ele não fazer aquilo, mas como resposta dava um sorriso sarcástico e continuava sua maldade. A única solução foi reunir alguns companheiros que estavam tão revoltados quanto eu e imobilizamos o rapaz, sendo que um dos nossos abriu a túnica dele e na parte das costas colocou três sapos. De pavor com os sapos se mexendo na túnica que estava presa nas calças, ele não morreu! Mas de tanto pavor mudou de cor! Minha apreensão durou ate o fim da instrução. Imagine a raiva que ele ficou. Ele se isolou num canto ate o fim do ano e nunca mais matou um sapo, nem falou com seus companheiros. Acredito que tenha aprendido a lição assim como eu.
Esta é uma história real.
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