Carlos Emerson Junior *
Qual o maior choque de uma brasileira nascida e criada no Rio de Janeiro, quando se muda para uma cidade canadense? O clima chuvoso e frio? A língua? Comida? Hóquei? A Polícia Montada? Ursos nas ruas? Não, meus caros, nenhuma das opções anteriores, a resposta certa é o lixo.
Tudo bem, eu explico!
Apesar de ostentar o melhor serviço de limpeza urbana do país, a capital fluminense faz feio, culpa de uma parcela da população que suja a cidade sem pestanejar. Apenas na praia de Copacabana, após o réveillon foram recolhidas inacreditáveis 370 toneladas de lixo, o que levou o secretário de Conservação e Serviços Públicos a afirmar que se tratava da maior operação de limpeza urbana do mundo!
Já no Canadá, ninguém joga lixo nas ruas. Quem é flagrado leva uma bronca e uma multa, na certa. E tem mais, todo o lixo doméstico tem que ser separado para reciclagem ou não será recolhido. Enfim, a nossa brasileira, coitada, teve que aprender tudo de novo. Afinal, ninguém gosta de ser rotulado de porcalhão!
E aqui em Nova Friburgo... Pois é, no sábado passado, por volta das três horas da tarde, bem ao lado da rodoviária de integração, dei de cara com um dos ecopontos—aquelas lixeiras escuras para lixo seletivo—completamente cercada de caixas de papelão, sacos plásticos e o que mais você puder imaginar.
Pior do que a visão absurda do lixo fora do devido lugar e da hora de recolhimento foi a suspeita de que os ecopontos não passam de enfeites, até mesmo porque já tem tempo que não assistimos a nenhuma campanha para a reciclagem e o uso correto dessas lixeiras na cidade.
O assunto envolve falta de educação e respeito, deixando uma dúvida: será que estamos mesmo levando a sério o problema do lixo urbano, o nosso lixo? Por que não reciclamos? Os ecopontos realmente funcionam? Se não quisermos perder ainda mais nossa qualidade de vida, precisamos olhar esse problema de frente.
Um debate inadiável!
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Finalmente a concessionária de ônibus anunciou que já é possível fazer a integração sem utilizar o Terminal César Guinle, na Praça Getúlio Vargas. Basta você comprar um Fricard, dar um pulinho em uma loja do centro da cidade para se habilitar e pronto, estará apto para trocar de trocar de ônibus no intervalo de até uma hora, em qualquer lugar.
A má notícia é que montaram uma estrutura cara e burocratizada para controlar individualmente o cidadão que precisa pegar dois coletivos, inclusive com leitores digitais! Possivelmente a adesão será baixa, impedindo a tão esperada desativação da estação rodoviária de integração. Aliás, sem uma reformulação completa, nosso sistema de transporte público continuará caro e muito longe da excelência desejada.
De qualquer maneira, todo mundo concorda que a velha rodoviária já deu o que tinha que dar. De pioneira e principal pilar de uma revolução na década de 80, passou a patinho feio do sistema, não suportando mais o crescimento da população e da frota de ônibus. Algum dia será irremediavelmente fechada e aí surge a questão: o que fazer com aquele prédio?
Um grupo de uma rede social debateu esse assunto e as sugestões foram as mais diversas possíveis, indo de sua demolição pura e simples, substituindo por uma praça, até sua transformação em um centro cultural ou de exposições. Aliás, muita gente boa acredita que ali seria um ótimo local para as feiras de artesanato do município.
Alguns mais mordazes propuseram a mudança para lá de órgãos públicos que, através dos grandes vidros da fachada, poderiam ser fiscalizados pela população, uma maldade, é claro! Falou-se em estacionamento, biblioteca, academia de ginástica, posto de saúde, delegacia de polícia e até mesmo um mercado popular.
Pessoalmente gostaria de ver sua parte externa ocupada por um bom bicicletário, integrado a uma futura rede de ciclovias. O importante é dar um destino digno à estação, mantendo sua utilidade para a população.
Sem dúvida, outro bom debate.
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Infelizmente não tive oportunidade de conhecer pessoalmente o produtor Sergio Madureira, falecido no ano passado. No entanto sempre acompanhei com muito interesse sua campanha “Ame Nova Friburgo” e seu esforço para promover nossa cidade.
Que ele está fazendo muita falta, ninguém duvida. Nesses tempos confusos, onde a nossa autoestima desaparece à medida que escândalos estouram ou as chuvas caem com força, o otimismo e o amor incondicional do Sergio Madureira por Nova Friburgo com certeza seria um norte, um alento.
Aqui não há discussão, foi um grande friburguense.
* carlosemersonjr@gmail.com
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