Eloir Perdigão
Na edição de sexta-feira, 7, A VOZ DA SERRA publicou ampla cobertura sobre a desativação da carceragem da Polinter na Vila Amélia. Os cerca de cem presos foram transferidos para o Presídio Ary Franco, em Água Santa, na cidade do Rio de Janeiro. O fechamento da cadeia em Nova Friburgo atendeu a determinação da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária. Durante a operação houve protestos de familiares dos detentos, que terão mais dificuldades para visitá-los. A fim de saber o que os friburguenses pensam sobre o assunto, A VOZ DA SERRA ouviu dez pessoas nas ruas. Confira as opiniões.
“Eu acho que tem dois lados: o lado da família, que fica longe do parente que já está numa situação difícil, e tem o lado também da carceragem, que aqui não apresentava boas condições para os presos. Eu acho que teria de ser oferecido aqui outro local, mais perto e digno para eles. Talvez a casa de custódia.”
Gláucia de Souza Pires Drummond, 42 anos, servidora pública federal, Centro
“É ruim, porque as famílias não têm como visitar seus familiares presos. Muita gente não tem condições financeiras para ir ao Rio visitá-los e acompanhá-los. É complicado. Da mesma forma que inauguraram a Delegacia Legal deveriam ter construído também a casa de custódia aqui.”
Flávia Mandur, 36, advogada, Centro
“Para o bairro eu acho que não é bom, porque o movimento da polícia até transmitia certa segurança. Hoje os moradores já estão até receosos e acho que já fizeram um pedido, através de um abaixo-assinado, para instalar um posto policial lá. Para os familiares fica complicado pela questão da visita, pois tem pessoas que não têm condições para ir ao Rio visitar os parentes presos. É uma situação complicada. Acredito que deveria ter uma casa de custódia na cidade para que os parentes dos detentos ficassem próximos deles e pudessem visitá-los.”
Peterson Guimarães, 35, vendedor, hoje mora no Nova Suíça, mas morou na Vila Amélia 33 anos
“Eu acho ótimo para a segurança. Representa menos perigo para a cidade, para a nossa comunidade. Os presos devem ir para o Rio mesmo. De preferência que não permaneçam na cidade, pois assim dá certa tranquilidade para a população. Isso é benéfico para o município. De preferência que não haja nem casa de custódia na cidade. Os presos devem ir para o Rio mesmo.”
Aloísio de Castro, 66, comerciante, Fazenda Bela Vista
“Não tem que ficar preso? Se ele for bem cuidado lá e tiver um tratamento bom, foi ótimo. Deveriam arranjar um presídio por aqui melhor do que o que tinha na Vila Amélia, porque aquilo lá era um porão. Presos daqui deveriam ficar aqui, porém em condições dignas. Agora tem que fazer um presídio decente.”
Juarez de Carvalho, 73, laboratorista, Cônego
“Eu só acho que onde eles estavam não podiam mesmo ficar. Não tinha condições. Eu acho que tinham que fazer um lugar seguro tanto para eles quanto para a gente, e eles continuarem na cidade. Eu acho que para as pessoas irem ao Rio visitá-los fica difícil. Os familiares, independente do que fizeram, sofrem. São filhos, são pais e todos querem ver essas pessoas, não deixam de gostar, de amar essas pessoas. Então vai ficar muito difícil tanto para os presos quanto para os parentes. Eu acho que deveria haver um local próprio para eles aqui. Do jeito que estava não dava para ficar, até porque, eu moro ali perto e via toda a situação.”
Nádia Valesca Raposo da Silva, 41, auxiliar de creche, Vila Amélia
“Eu acho ótimo, porque sinceramente não deveria haver carceragem em hipótese alguma aqui em Nova Friburgo. Depois de toda a tragédia que tivemos ainda atrair coisas ruins para nossa cidade, não devemos. Devemos, sim, fugir disso. Os presos devem ir para o Rio mesmo, com estrutura melhor, melhores condições de sobrevivência e também melhor assistência social. E eu sou completamente contra a casa de custódia, que só traz coisas ruins para o município. Junto com as pessoas que ficam em custódia vem também todo um exército de comandados, que vão começar a viver em torno daquela casa de custódia, atraindo coisas ruins para nossa cidade. Eu sou totalmente contra. Os presos devem mesmo ir para o Rio, em lugares que ofereçam melhores condições de recuperação e segurança, coisa que uma cidade pequena como Nova Friburgo não pode oferecer.”
Júlio César Heckert dos Santos, 47, microempresário, Chácara do Paraíso
“Eu acho que a desativação foi consequência de tudo que aconteceu aí, como a falta de espaço e tudo mais. Se ainda não foram julgados, não foram condenados, deveriam permanecer na cidade. Eu acho que deveria ter havido uma solução alternativa para que aqui permanecessem até o julgamento final. Só deveriam ter ido para o Rio os condenados.”
Licínio Carlos Thurler da Silva, 47, engenheiro, Cônego
“Eu acho muito importante porque dá mais segurança para a Escola Estadual Zélia dos Santos Côrtes, que é vizinha ali na Vila Amélia, funciona em três turnos, então o próprio professorado fica mais tranquilo. E a comunidade como um todo, pois temos aqueles conjuntos de apartamentos ali perto e a pessoa fica sempre insegura em saber que ali funciona a carceragem. Os presos ou devem ser levados para o Rio mesmo ou ficar numa casa de custódia em outro local mais afastado da população. Ali estava muito central.”
Rita de Oliveira Espíndola, 71, professora aposentada, Centro
“Para a cidade é muito importante por um motivo principal: as condições da carceragem eram péssimas, tanto para as pessoas que estavam nessa carceragem, como para um risco de fuga. Consequentemente, uma preocupação para as polícias militar e civil. Agora, construir nova carceragem é outra discussão. Eu acho que para cada problema há uma solução. E a solução foi desativar porque aquela carceragem não tinha condições. Conheço o pessoal da Pastoral Carcerária, que fazia um trabalho magnífico ali, e via o sofrimento das pessoas detidas e também de toda a vizinhança e de toda a cidade com a possibilidade de fugas. Eu concordo que sejam transferidos para o Rio. Agora, a casa de custódia é uma questão social: em que condições vai ser feita? Deveria ser somente para pessoas detidas na nossa cidade, porque cada cidade deve administrar seus problemas. Se são mandadas pessoas daqui para outro lugar e de outro lugar para cá é um problema sério. Deveriam regionalizar a casa de custódia, não deveríamos nem exportar nem importar presos.”
Gil de Carvalho, 60, professor da Estácio, Vila Nova
Deixe o seu comentário