O que precisa melhorar em Vargem Alta

Comunicação difícil, estradas em mau estado e briga com a Cadeg são algumas das queixas dos produtores de flores
sábado, 22 de setembro de 2018
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
Produtor de flores em Vargem Alta (Foto: Henrique Pinheiro)
Produtor de flores em Vargem Alta (Foto: Henrique Pinheiro)

Para não dizer que falamos só de flores, escutamos atentamente alguns pedidos dos produtores de Vargem Alta. São alguns apelos ao poder público para que se possa melhorar a infraestrutura da região e fomentar o turismo.

Rico em recursos naturais, Vargem Alta oferece circuitos belíssimos e um contato maior com a natureza. Mas, na opinião de quem mora e trabalha por lá, todo o potencial está sendo desperdiçado.

Comunicação

Um dos grandes problemas é a ausência de uma comunicação de qualidade. Ainda na estrada que dá acesso ao bairro, o sinal de celular é inexistente. Dentro da localidade, mesmo com internet é difícil se comunicar. A aposta é a comunicação por um aplicativo de mensagens, mas ainda assim, só para quem está conectado via Wi-Fi, 3G nem pensar.

“A comunicação ou a falta dela é o nosso grande obstáculo. Às vezes, a gente precisa falar com compradores, com pessoas interessadas nos negócios ou mesmo com a família e não conseguimos”.

Seu Vadite afirma que muita negociação já foi prejudicada por conta disso. “Já perdi muita venda porque não consegui me comunicar com o cliente. A gente fica isolado”.

Wellington também faz coro e pede mudanças. “Às vezes precisamos chamar um serviço de emergência e não temos como nos comunicar. Pedimos que as autoridades vejam o nosso lado. Pra trabalhar, também precisamos nos comunicar”.

Estrada

“A estrada também precisa de manutenção. Seria ótimo se a estrada fosse asfaltada. Isso aproxima mais o freguês da gente. É mais dinheiro que entra na cidade. Em época de chuva, a gente fica isolado porque nem ônibus vem pra cá”, se queixa Seu Vadite.

De fato, em dias de chuva, é comum a direção da Nova Faol enviar informes comunicando a suspensão ou mudança no itinerário dos ônibus para Vargem Alta, diante da impossibilidade de trafegar pela região.

“Se melhorar a estrada, muita coisa melhora junto. A nossa produção poderá ser escoada com segurança, mais pessoas podem vir aqui comprar diretamente conosco e os nossos carros não quebrarão com tanta frequência. Hoje mesmo, eu tô com um carro na oficina porque ele quebrou por conta da estrada ruim”, lamentou Seu Vadite.

Cadeg

O Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara (Cadeg) virou palco de uma batalha entre os produtores de flores do estado. De acordo com Seu Vadite, o Cadeg não é proprietário do espaço, mas cobra como se fosse.

“Estamos em uma briga com o Cadeg, porque eles não são donos de lá, não. Nós estamos lá há 50 anos e fomos descobrir isso, recentemente. Nós queremos tomar posse do lugar que é nosso, e quando digo nós, me refiro não só aos produtores de Nova Friburgo, mas de Teresópolis, Petrópolis, enfim, produtores de todo o estado”.

Para começar a de desvencilhar do Cadeg, Seu Vadite e os outros produtores agora chamam o local por outro nome, mais conhecido e usual. “Mercado das Flores. Esse é o nome que as pessoas conhecem, nome do qual as pessoas têm referências. É o nome que nós queremos deixar, ressaltou Seu Vadite.

O que diz a CadegA 

A Cadeg informou que a decisão de  um grupo de floristas instalados nos galpões da praça geral atrás do mercado de suspender o pagamento da locação dos pontos tem colocado em risco o bom funcionamento do mercado. " Nós sabemos que os floristas são importantes para o Cadeg, por isso continuamos provendo serviços de limpeza, segurança e manutenção na área dos galpões. O que não pode acontecer é um grupo muito grande de comerciantes, que está aqui há décadas, amargar uma dívida que já ultrapassa R$ 4 milhões por causa de um grupo bem menor. Há meses estamos pagando contas de consumo com atraso e multas que ultrapassam R$ 10 mil por mês, o que nos coloca em risco de insolvência", disse Marcelo Penna, presidente do Cadeg.

O grupo, de cerca de cem floristas, formou uma associação alegando que a Rua Buíque — mapeada equivocadamente pelo Google e já desconsiderada — não pertence à área do mercado. Com base nisso, os comerciantes suspenderam, em fevereiro de 2016, o pagamento pela locação dos pontos comerciais, alegando não estarem inseridos na área do Cadeg. Um quarto dos floristas instalados no local, no entanto, entende que o calote prejudica a todos e continua com suas contas em dia. A situação afeta ainda outras seis mil famílias de produtores rurais (frutas, legumes, verduras, entre outros) que dependem diretamente do funcionamento do mercado para sua subsistência. 

O que diz a Prefeitura

A respeito da estrada de acesso ao bairro, a Prefeitura de Nova Friburgo informa, por meio da Secretaria de Obras, que vem, ao longo da atual gestão, realizando melhorias na estrada e que faz parte do planejamento municipal asfaltar a via principal. Contudo, não há ainda um prazo para tal.

A Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissionalizante e Superior (SMCTIEPS) está trabalhando para efetivar sua participação de Nova Friburgo no programa do governo federal, chamado "Internet para todos" onde o município e a federação firmam um convênio para levar internet a lugares remotos, com preços reduzidos, para democratizar o acesso à internet buscando a inclusão social.

“O Internet para Todos será implementado a partir de parcerias entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e municípios, e executado por empresas credenciadas junto ao ministério. Caso não haja interesse por parte das provedoras locais, a Telebrás será responsável pela oferta de internet de Banda Larga.

Em Nova Friburgo, foram definidos previamente algumas localidades, e Vargem Alta de Baixo e Vargem Alta de Cima estão nessa listagem previamente feita pelo próprio ministério, e podemos (PMNF) incorporar outras regiões de acordo com a necessidade”.

A previsão é que o Termo de Adesão seja encaminhado ainda este mês para Brasília, enquanto as empresas provedoras locais fazem o cadastro demonstrando interesse e que seja feita um estudo de viabilidade técnica em cada região.

O que diz a Anatel

 “O Serviço Móvel Pessoal - SMP, também conhecido como telefonia móvel, é um serviço prestado em regime privado, em que a regra é a livre iniciativa. A Anatel, no entanto, tem estabelecido obrigações de cobertura nos municípios brasileiros em seus Editais de Licitação, com o objetivo de promover a ampliação desse serviço no país.

Conforme fiscalizações realizadas pela Anatel, Nova Friburgo conta com a cobertura de telefonia móvel 3G das operadoras Claro, Oi, Tim e Vivo desde 2013, devido às obrigações do Edital de Licitação 002/2007/SPV-Anatel. A Nextel também atende o município com 3G desde 2016, em razão das obrigações do Edital 002/2010/PVCP/SPV-Anatel.

As operadoras Claro, Oi, Tim e Vivo também ficaram responsáveis por atender Nova Friburgo com telefonia móvel 4G até 31/12/2016, mas a cobertura não foi comprovada até o momento.

Destaca-se, no entanto, que a área de cobertura obrigatória para a telefonia móvel (voz e dados), SMP, prevista dentre as obrigações específicas vigentes até o momento, engloba somente os Distritos Sedes dos Municípios. É considerado atendido o município quando a área de cobertura contiver, pelo menos, 80% da área urbana do Distrito Sede. Não há, portanto, obrigação de cobrir locais específicos, visto que pode existir no máximo 20% de áreas sem cobertura, precipuamente em virtude da mobilidade do serviço. Assim, ao utilizar do serviço, o usuário poderá se deparar com “áreas de sombra”, isto é, com a degradação do sinal em virtude de alterações geográficas, climáticas, entre outras.

É importante salientar, no entanto que, independentemente do percentual mínimo de cobertura exigido, os direitos dos usuários devem ser resguardados garantindo-se que eles conheçam tais áreas de cobertura previamente à contratação do serviço.

Os mapas de cobertura representam uma demonstração teórica de presença de sinal, baseada em cálculos de predição, isto porque a cobertura efetiva, conforme já se ressaltou acima, depende de outros fatores.

Por fim, informamos que a progressiva ampliação do acesso da população aos serviços de telecomunicações é tema da maior relevância para a Anatel, configurando diretriz de vários estudos de formulação de novas obrigações de atendimento de localidades ainda não atendidas.”

 

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