O que falta para Nova Friburgo é mais do que limpar a cidade

quinta-feira, 30 de junho de 2011
por Jornal A Voz da Serra

Por Alessandro Lo-Bianco

Tenho muitas saudades da Nova Friburgo que vivi em minha infância. Lembro que, logo ao entrar na cidade, deparava-me no Paissandu com um cartão de entrada para uma das regiões serranas mais belas em parques e jardins do Brasil. Lembro, dos meus tempos de criança, o carnaval de cidade, especialmente no Country Clube, que já foi um dos carnavais mais glamourosos e conhecidos do estado do Rio de Janeiro. Não só o carnaval, mas também o Festival de Queijos e Vinhos, bem como a festa da cerveja na Via Expressa, que também já foi considerada a segunda maior festa da cerveja no Brasil, ficando atrás apenas da Oktoberfest, em Blumenau. Lembro até quando andávamos à cavalo na Praça do Suspiro!

Aliás, ao lembrar do Country Clube, não posso deixar de citar quando o esporte na cidade era farto por modalidades que lotavam seus ginásios e quadras, como o basquete, o tênis, o futebol, a natação, a ginástica olímpica, o judô, e até mesmo o bolão, que também já desfrutou de seus tempos áureos na cidade. Não faltava opção e incentivo para a prática esportiva. Lembro minha mãe conversando com os meus tios de Niterói: “Não há lugar melhor no mundo para criarmos nossos filhos”. A política nunca foi aqui, diga-se de passagem, lá essas coisas. Mas a impressão que tenho agora é de que a cidade ainda não inovou.

Com exceção à regra, fico feliz pela potencialidade de políticos jovens que venho notando na cidade, com pensamentos inovadores e que, até o momento, têm nos feito acreditar que algo novo está surgindo, a exemplo do secretário municipal de educação Marcelo Verly, que tem feito realizações consideráveis no setor. Também me agradou, e muito, ver e acompanhar o deputado federal Glauber Braga votar contra o novo Código Florestal, que presta anistia aos senhores das motosserras e, muito mais, vê-lo discursando no Congresso a favor dos bombeiros, que tanto fizeram pela nossa cidade no momento em que mais precisamos deles. Isso porque em janeiro, o governador Sérgio Cabral disse que eram heróis, já que estavam vindo trabalhar pela recuperação e resgate do nosso povo sem ganharem nada por isso. Depois, de heróis, foram rebaixados a vândalos pelo mesmo Sérgio Cabral, por se organizarem em um movimento legítimo no Rio de Janeiro a favor de melhores condições de trabalho. “Errou o governador Sérgio Cabral, e pedimos que reveja carinhosamente sua conduta em relação aos bombeiros”, disse Glauber em Brasília.

 Mas, ao mesmo tempo, a cidade precisa se desprender de barganhas feitas por antigos políticos que ainda tentam sugar o que podem da nossa cidade. Mal começamos a receber doações para recuperar nossa terra, e não tardou o aparecimento de problemas constrangedores. Fala-se até em CPI pra investigar a fumaça que paira sobre a cidade. Antes fosse aquela linda garoa serrana, enfim... Políticos que estão preocupados com o destino de lixos tóxicos da cidade, justamente porque seus filhos abriram empresas no setor. Políticos que se dizem representantes de um determinado bairro, porque simplesmente angariaram suas casas por lá, e por aí vai... Nova Friburgo precisa renovar sua cara e, para isso, a sociedade precisa estar mais presente nos debates e entraves políticos. É indispensável. Somente quando exigirmos renovação vamos ter uma cidade nova, sem “mais do mesmo”, sem políticas tão antigas quanto foram os tempos áureos de uma Nova Friburgo que eu conheci e espero um dia ver nascer de novo para criar meus filhos.  

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