O que aprendi com Luis Moraes

sexta-feira, 31 de outubro de 2014
por Jornal A Voz da Serra
O que aprendi com Luis Moraes
O que aprendi com Luis Moraes

Ana Borges

Para início de conversa, sem abelhas não existiria mel. Estes insetos existem no mundo há 20/40 milhões de anos, segundo os cientistas. Agora, para entendermos a evolução da vida na Terra até chegar ao mel, precisamos voltar aos primórdios de vida no nosso planeta, que começaram no meio aquático. Os primeiros organismos unicelulares que se formaram surgiram na água. Depois esses organismos foram evoluindo, chegaram à superfície, e em seguida se transformaram em plantas. As mais antigas não produzem flores, como as samambaias e as do tipo coníferas. 

 

Quando finalmente começaram a aparecer plantas com flores, as chamadas angiosespermas (ou angiospérmicas, plantas espermatófitas, cujas sementes são protegidas por uma estrutura denominada fruto [segundo o Wikipédia]), um grupo de vespas, que tinha hábitos carnívoros, atraídas pelas flores se transformaram nas primeiras abelhas. Essa teoria é defendida há muito tempo, baseada em achados arqueológicos de abelhas fossilizadas em restos de âmbar e que foram devidamente datadas. Há cerca de cinco anos foi encontrado um sítio arqueológico novo na Índia, onde pôde ser comprovado uma datação de abelhas fossilizadas ainda mais antiga do que a conhecida até então: 52 milhões de anos. 

   A abelha faz parte de um grupo de insetos que só se alimenta do mel proveniente do néctar das flores. Néctar é uma "aguinha doce” produzida por todas as flores. Mas nem toda flor tem a anatomia voltada para a abelha. Algumas têm anatomia apropriada para outros polinizadores como pássaros, borboletas, até morcegos. Mas 80% das flores de todo o mundo são visitadas e polinizadas por abelhas. Flores e insetos vêm evoluindo juntos, em suas formas, ao longo de milhões de anos. É um processo da natureza chamado coevolução, isto é, evoluir e modificar junto, ao longo do tempo. A planta se adaptou à abelha, e esta à planta. 

Um depende do outro. Não existe planta sem abelha, não existe abelha sem planta. Por isso, a questão do desaparecimento das abelhas é um assunto sério e vem sendo muito debatido em encontros internacionais promovidos por diversas entidades de vários segmentos da sociedade. A sobrevivência da nossa espécie depende desse processo, desse equilíbrio. Inclusive, ultimamente tem sido muito citada uma frase atribuída, (mas não confirmada) a Albert Einstein, proferida sabe-se lá quando: "Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade teria apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora. Sem flora não haverá animais e sem animais não haverá raça humana”. 

Quando, e se Einstein disse realmente isso, ninguém ligou, ninguém ouviu, ninguém deu a mínima. Mas considero irrelevante se foi ou não ele quem disse. Relevante, mesmo, é considerar minimamente possível que essa cadeia de acontecimentos se confirme. Mas, agora... bem, prefiro continuar a conversa sobre esse tema compartilhando com o leitor a entrevista que fiz com o veterinário e apicultor niteroiense Luis Moraes, na página seguinte. Acompanhe, vale a pena se inteirar sobre questão e, mais ainda, ficar atento. 


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