Incluindo a pena capital para crimes hediondos o sistema americano de penalização criminal, oriundo de um judiciário reconhecidamente democrático onde até o chefe da promotoria se submete a processo eleitoral para ser investido, passa por momento infeliz graças a falhas, não técnicas, mas humanas, que lhe valeram a reprovação em todos os quadrantes do planeta. Com certeza o início de uma espécie de jurisprudência sobre uma premissa, esqueceram os promotores americanos que todo acusado é inocente até que sua culpa tenha sido provada em todas as instâncias. Afinal, trata-se de destruir carreiras, desmontar lares e sepultar projetos alinhavados durante uma vida pois é o que acontece quando um nome é inscrito no rol dos culpados. Pior quando a culpa pelo indiciamento decorre da afoiteza, do açodamento, da busca de notoriedade e de conquistar fama a qualquer custo, desde que seus objetivos sejam viabilizados. O caso do ex-diretor gerente do FMI (Fundo Monetário internacional), Dominique Strauss-Kahn, jogado no fundo do cárcere, algemado e com escolta digna de um “cappo” da Máfia se insere nos anais do judiciário nacional e internacional como um dos mais clamorosos equívocos cometidos contra a liberdade individual e logo no país que anuncia aos quatro ventos ser esta cláusula pétrea de seu ideário constitucional. Cyrus Vance Junior, promotor-chefe no referido caso, é um político hábil, de uma família de advogados que tem ocupado posições de relevo na vida pública dos EUA e ele não cogitou que a preocupação com a mídia com a opinião pública e principalmente com o eleitorado afetaria o futuro tanto do banqueiro internacional como o seu próprio. E que ele viu no caso a oportunidade de alavancar sua carreira, jogando-o para os primeiros lugares na corrida pelo Governo de Nova York já que dois antecessores nas funções chegaram ao governo devido suas atuações no combate ao crime. Quando viu a repercussão do assunto em virtude da posição do acusado, o promotor se rendeu ao carreirismo e decidiu aproveitar o movimento, apresentado-se como guardião da Moral e dos Bons Costumes; atrapalhou sua indicação para a candidatura tão almejada.
Os procuradores de Justiça brasileiros são menos gananciosos. Afinal, no Brasil a promotoria não é habilitação para mandatos eletivos e na verdade até atrapalha. Também se erra e muito e as denúncia malformuladas e os inquéritos canhestros elaborados em delegacias por policiais malpreparados facilitam as brechas legais e as chicanices permitindo que réus confessos ganhem liberdade e impunidade. Esta recente história, seja qual for seu desfecho, é um lembrete para os que manejam as leis...
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