“O profundo orgulho de ser filho dos meus pais”

O comovente depoimento do médico Armando Lemos e de seus filhos
sábado, 11 de agosto de 2018
por Jornal A Voz da Serra
“O profundo orgulho de ser filho dos meus pais”

Não importa se é clichê, porque não há pai que resista a uma simples declaração como “Te amo, pai!”. Um abraço apertado, um beijo carinhoso, um olhar cúmplice entre pai e filho(a), cada gesto traduz esse amor que é incondicional e intransferível. Este domingo é dia de xamego, de almoço em família, de lembrar momentos, de agradecer. É o que faz aqui o médico Armando Lemos, ao falar de seu pai, Armando Jorge Pereira de Lemos Jr., carinhosamente chamado Armandinho, nascido e criado em Bom Jardim, na Fazenda Fortaleza, em 1929. E também de sua família e de seus filhos. Confira.

História do meu pai

“Meu pai adorava cuidar da fazenda da família e não pensava em sair de lá. Mas meu avô, que era um homem de visão incomum, para a época, disse que ele devia escolher uma profissão, estudar e seguir uma carreira. “Depois de formado a gente vê o caminho que você vai tomar”. Conformado, meu pai escolheu uma profissão na área da saúde, que tinha a ver com cuidar dos outros. Pensou em medicina, mas o curso era longo e como queria voltar o mais rápido possível para a fazenda, optou pela odontologia. Assim que terminou, regressou e abriu consultório. A partir daí sua vida se dividiu entre a fazenda e o consultório. Como dentista descobriu a exodontia (extração dentária), tornando-se especialista, na região, que era bem carente de recursos. Ele também gostava de política e foi eleito vereador para 2 ou 3 mandatos, na época em que essa atividade nem era remunerada. Meu pai era uma pessoa querida e respeitada, um homem de caráter. Por outro lado, era boêmio. Ele só foi se casar perto de completar 40 anos, algo incomum nos dias atuais, imagina naquela época. Parentes e amigos já não acreditavam que ele, um dia, se casaria. Tinha muitas namoradas, gostava de viver cercado de amigos. E namorava a minha mãe há anos. Ela era professora e pertencia a uma família respeitada, os Monnerat. Ele ficava enrolando, adiando o casamento, até que um dia minha mãe “pegou ele pelo pescoço” e deu um ultimato. Ou casavam ou terminavam tudo. Decidida, marcou o casamento para o dia 1º de janeiro de 1967. Isso mesmo, ela obrigou todo mundo, mesmo de ressaca do réveillon, a acordar cedo e ir pra igreja assistir o casamento deles. A gente ri dessa história até hoje! Mas depois de casado ele sossegou a passou a se dedicar à família, criou muito bem os 4 filhos.

Nossa relação se deu de forma madura. Ao contrário de mim, que fui pai aos 28 anos, ele tinha 43 quando nasci. Tive uma convivência muito próxima com ele até os meus 17 anos, quando fui estudar medicina. E só voltava para casa nas férias, ou em datas especiais. Por causa dos estudos, e depois, dos plantões e residências, eu voltava pra casa cada vez menos. Logo depois de formado, aos 27, me casei e vim morar em Friburgo. Um fato que me marcou muito, ocorreu na minha infância, eu devia ter uns cinco anos. Meu avô estava doente, e havia uma certa ansiedade lá em casa. Quando meu pai chegou, corri pra ele perguntando sobre o “vovô”. Ele botou a mão no meu ombro e disse que ele havia morrido. Emocionado me explicou que meu nome era uma homenagem ao pai dele, que também se chamava Armando. Só então me dei conta disso. E tenho o maior orgulho de ser a terceira geração com esse nome. Meu pai faleceu em 2002, aos 73 anos, e minha mãe, aos 63, em 2000. Ele sofreu muito com a morte de minha mãe e a saudade dela, foi demais pra ele.

Hoje, eu tenho a minha família, da qual tenho o maior orgulho. Estou casado há 22 anos com a Cínthia, que é fisioterapeuta, temos dois filhos, Caio, de 20, que já está cursando medicina, e Letícia, de 17, que pretende estudar psicologia. Acho que é hereditária essa inclinação. A formação moral, o amor ao próximo, a solidariedade inerente aos profissionais da saúde, são fortes características de nossas personalidades. Exemplos que tive ao longo de minha vida passo para meus filhos. São valores sólidos, de retidão. Eu e meus três irmãos crescemos com isso, e é o que eu e minha mulher tentamos passar para nossos filhos. Graças ao meu pai, tenho orgulho dos filhos que criamos. Tenho profundo orgulho de ser filho dos meus pais. Esse é o legado que levo do meu pai e que pretendo passar para os meus filhos.”   

De Caio e Letícia para Armando

“Pai, nosso pai... nada pode expressar a gratidão que é tê-lo em nossas vidas. Aquele que sempre nos apoiou, sempre iluminou nossos caminhos para que pudéssemos trilhá-los sem medo. Sempre acreditou e se doou por completo para fazer o impossível se tornar realidade. Aquele que não hesita em renunciar a tudo para nos dar e, principalmente, ensinar todos os valores que carregamos e vamos carregar conosco para toda a vida! Esse texto ou um simples obrigado não bastam, não existem palavras que possam expressar tamanha emoção que sentimos agora, por mais que tentemos demonstrá-la, de algum modo... Você é um verdadeiro herói em nossas vidas! Feliz dia dos pais! Te amamos incondicionalmente!”

 

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