O poder das mulheres na política brasileira

Movimentação feminina elegeu mais mulheres em todo o país
sábado, 03 de novembro de 2018
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Laura Milheiro de Freitas, primeira vereadora mulher do Estado do Rio (Arquivo AVS)
Laura Milheiro de Freitas, primeira vereadora mulher do Estado do Rio (Arquivo AVS)

 Nascida em 13 de abril de 1913, filha de uma família de imigrantes portugueses, Laura Milheiro de Freitas é carioca de nascimento. Veio para Friburgo em 1942, aos 29 anos de idade, com o marido Augusto Souza Freitas, oficial da Marinha, transferido para o Sanatório Naval.

Sua trajetória política começou pelas mãos do médico da Marinha, dr. Silva Araújo, amigo da família que a ajudava no atendimento de pessoas carentes, em Friburgo. Ao se candidatar para o cargo de vereador, Laura  retribuiu a solidariedade do médico, ajudando-o em sua campanha. Depois de cumprir seu mandato, incentivou Laura a se candidatar, argumentando que como vereadora poderia fazer mais na área social. Assim ela entrou para a política, teve uma carreira meteórica e abriu diversas frentes de atendimento aos pobres.

Foi vereadora por quatro mandatos, presidente da Câmara, sendo a primeira mulher a exercer o cargo de vereador no Estado do Rio. Assumiu ainda a função de prefeita durante 40 dias, em substituição a Amâncio Mário Azevedo, em viagem para a Alemanha.

Nos últimos anos de sua vida, duas imagens da militante política Laura Milheiro de Freitas podiam parecer contraditórias, mas na verdade eram complementares: tanto era a doce e terna “Tia Laura” pelas classes populares, como a “dama de ferro”, como a descreviam seus correligionários e adversários políticos.

Depoimento da neta, Ana Luiza

“Verdadeiramente, ela fez parte de safra de bons políticos, cidadãos que se importavam e se dedicavam ao bem estar da população, muito diferente do que vemos hoje em dia. Dona Laura era uma mulher de personalidade forte, determinada a fazer o bem ao próximo (ela sempre esteve envolvida com o social), sendo esse o motivo do seu ingresso na vida pública.

Em casa, minha avó era uma pessoa que se fazia respeitar. Não era rígida, ouvia opiniões, mas nem sempre as aceitava, rs.... Algumas coisas eram "sagradas", como seus valores e princípios morais, esses não eram negociáveis.

Tanto eu, quanto minha mãe, vivemos sob a influência que ela exercia. Eu me sentia importante, até mesmo uma "celebridade", em ser reconhecida como "neta da dona Laura"... Penso que precisamos cada vez mais de mulheres na vida politica do nosso país, cidadãs que venham fazer a diferença, pessoas capazes de suportar o peso da responsabilidade, mantendo-se íntegras, respeitando os valores morais e democráticos do nosso Brasil.” (Ana Luiza M.de Freitas)

 

Joice, deputada federal, 1 milhão de votos e segunda maior votação em São Paulo

Joice Cristina Hasselmann (Ponta Grossa/PR, 1978) é jornalista, escritora, comentarista e política. Trabalhou nas emissoras de rádio CBN e BandNews FM, na revista VEJA como apresentadora do TVEJA, na Record pela afiliada RIC TV e teve uma breve passagem no SBT pela afiliada Rede Massa. Teve uma breve atuação na rádio Jovem Pan (SP) onde foi âncora do programa Os Pingos nos Is. Também atua por meio do seu canal no Youtube, onde apresenta e comenta o noticiário nacional.

Nos anos de 2015 e 2016, participou das manifestações contrárias ao governo Dilma Rousseff, bem como das manifestações favoráveis à Operação Lava Jato e de apoio à Polícia Federal. Em 2016, escreveu uma biografia do juiz federal Sérgio Moro, intitulada Sérgio Moro: a História do Homem por Trás da Operação que Mudou o Brasil.

Em abril de 2018, a jornalista se filiou oficialmente no PSL e anunciou a sua pré-candidatura ao Senado Federal representando o Estado de São Paulo. Porém, pouco antes da convenção partidária, optou pela disputa a uma vaga na Câmara dos Deputados. Em outubro de 2018 foi eleita deputada federal com mais de 1 milhão de votos, o que representou a segunda maior votação no estado de São Paulo.

Em 2015 uma denúncia de plágio contra Hasselmann foi movida pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, que impediu-a de filiar-se ao mesmo, e nesse ano foi desligada da Veja, sem um motivo específico dado pela revista. Em 2017, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná anulou a decisão do Sindicado, contestada por Hasselmann. A jornalista esteve envolvida em diversos processos por danos morais, tanto na condição de denunciante como de denunciada - em 2007, processou o então governador do Paraná, Roberto Requião, em 2016 foi processada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo absolvida, e em 2017 pela filha do jornalista Luis Nassiff, em processo em que foi condenada a uma indenização por ter postado uma informação falsa a seu respeito em sua rede social.

Janaina, deputada estadual, 2 milhões de votos, a mais votada pelo estado de São Paulo e do Brasil

Janaina Conceição Paschoal (São Paulo/SP, 1974) é jurista e política, filiada ao Partido Social Liberal (PSL), eleita deputada estadual por São Paulo. É advogada e professora da Universidade de São Paulo (USP). Obteve o grau de doutora em direito penal pela USP em 2002, orientada por Miguel Reale Júnior, com a tese Constituição, Criminalização e Direito Penal Mínimo. Atua na linha de pesquisa do direito penal econômico.

Foi uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, junto com Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo, e participou ativamente na tramitação do processo na Câmara dos Deputados e no Senado. Após o impeachment, e refletir sobre sua atuação futura na política, com convites de diversos partidos, Janaina aceitou o convite feito pelo PSL, de Jair Bolsonaro, para se filiar ao mesmo.

"No último dia do prazo, eu me filiei. Muitas pessoas ligadas à sigla me recomendaram e com exceção de um ou outro ponto, o estatuto do partido confere com o que eu penso. Não me filiei pensando em sair candidata ao cargo A ou B. Eu me filiei com o intuito de ter a possibilidade, e se a filiação ocorresse depois do prazo, uma eventual candidatura não seria possível", afirmou.

Inicialmente, as lideranças do partido em São Paulo a convidaram para encabeçar a chapa a governador pelo PSL, que ela recusou. Também foram oferecidos outros cargos, inclusive a vice-presidência, cujos pontos ela esclareceu em conversas com Bolsonaro. Porém, desistiu por razões familiares, uma vez que a família não poderia acompanhá-la à Brasilia.

No dia 14 de ago de 2018 anunciou que seria candidata a deputada estadual de São Paulo, com pautas de educação e segurança pública. Foi eleita com 2.060.786 votos, 9,88% dos votos válidos, sendo a deputada estadual mais votada pelo estado de São Paulo e a mais votada do Brasil, entre representantes estaduais e federais.

 

Vanderléia Abrace Essa Idéia, vereadora, 2º mandato em Friburgo

“Desde que conquistamos o direito ao voto, nós mulheres estamos nos empenhando cada vez mais na conquista do nosso espaço na vida pública.

Ao longo do tempo de uma forma gradativa, com respeito, amor e dedicação, estamos colhendo os frutos com notórios resultados.

E nesse momento tão difícil e delicado do cenário político, a mulher, de um modo geral, vem ocupando posições transformadoras no nosso cotidiano, se destacando e se apresentando como uma opção de mudança, haja vista que nessa eleição a campeã de votos no Brasil foi uma mulher, a advogada Janaina Paschoal, eleita deputada estadual, em São Paulo.

Sabemos que os 15% que ocupamos hoje no Congresso ainda é pouco, mas, acredito que nós somos capazes de mudar esse quadro, com a nossa garra, determinação e organização.”

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: mulheres | eleições
Publicidade