O melhor da arte brasileira em Friburgo

quarta-feira, 17 de novembro de 2010
por Jornal A Voz da Serra
O melhor da arte brasileira em Friburgo
O melhor da arte brasileira em Friburgo

João Carlos Moura *

Num tempo em que um catador de lixo como Vik Muniz deslumbra os novos ricos com seus arranjos simpáticos (bonitinhos, engraçadinhos, divertidos, as crianças lá de casa adoram...) e choques publicitários – e cobra caro pelo show –, Friburgo terá a chance rara de ver, de 13 a 30 de novembro, o trabalho de um dos maiores artistas brasileiros vivos: Lincoln Nogueira.

Quem gosta de arte além do prazer visual e quer investir, esse é o momento certo. Lincoln é um dos grandes nomes que vai permanecer no primeiro time da arte brasileira; o que fica para além de modas ou choques midiáticos. O barulho passa e a boa arte fica. Lincoln veio para ficar. Tem história, estudou, trabalhou muito, sabe o que faz, não segue moda nem tendências. Portanto não é um “tendencioso” desses que “bienalizam” as suas vidas para fazer escada para subir, subir e subir – para onde nem eles mesmos sabem – porque os editores de cadernos de cultura da imprensa os estimulam com falsas escadas, já que precisam encher os espaços com qualquer coisa assemelhada a arte; desde que choque, gere rumor e ruído na vida das pessoas – e ganho para alguns!

Lincoln é de outro tempo, de outra safra. Sua ética é a do estudo, do trabalho, da reflexão permanente, constante e paciente – coisa rara entre os moderninhos do Parque Laje, que num só verão já saem “formados” artistas, com marchande, curador, assessoria de imprensa e muito marketing, pois, afinal, vivemos a época do choque, do inútil, do reciclável, do fútil – na arte e na vida. Não percam as esperanças, os trabalhos de Lincoln reorganizam o sentido da vida, a sua ordem oculta (e que a arte revela ou desvela) sem ser careta nem moralista, é a ordem que acalma o espírito e ordena o mundo. Essa é a arte que fica. A sua estética (e a sua ética) são do bem. Tem estética do mal? Vide os Rambos brasileiros também e as suas tropas barulhentas de elite que visam o quê? Banalizar ainda mais a vida. Deixemos que os urubulinos – também na bienal – falem disso. Falemos de arte vendo a mostra do Lincoln.

* Editor do www.respublicabrasil.com

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