Sérvio Túllio Pereira do Lago nasceu em Nova Friburgo em 27 de julho de 1884, um dos cinco filhos do tabelião e escrivão Américo Vespúcio Pereira do Lago e de dona Emília Carneiro Pereira do Lago. Criado entre grandes apreciadores de música, seu pai levava com assiduidade a família ao Rio, onde frequentavam as melhores salas e teatros de concertos. Conta-se também que chegou a trazer à cidade concertistas internacionais que se apresentaram no extinto Theatro Dona Eugênia.
Assim, o jovem Sérvio demonstrou grande tendência para a música. Seus primeiros estudos foram com pessoas da própria família, sendo logo em seguida levado para o Rio, onde, após concurso, ingressou no Instituto Nacional de Música, hoje Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na qual completou todo o curso básico e depois o superior, diplomando-se também em composição, regência e flauta. Estudou e tocou violino.
Nessa ocasião de estudante, no próprio instituto, iniciou uma amizade de longos anos: um de seus colegas de turma era o compositor Heitor Villa-Lobos, com o qual, inclusive, se apresentou no concerto de sua estreia em Nova Friburgo, em janeiro de 1915.
Em seus últimos anos de formação musical, Sérvio também se dedicou ao jornalismo. Trabalhou nos extintos jornais O País e Correio da Manhã, sendo que em Nova Friburgo também escreveu para O Friburguense, à época de Augusto Cardoso, do qual também sempre foi muito amigo.
Em 1918, a comissão organizadora dos grandes festejos comemorativos do primeiro centenário do município encomendou ao poeta Franklin Coutinho e a Sérvio Lago, respectivamente, a letra e a música para o hino daquele evento.
Sérvio Lago já havia iniciado atividades musicais no Rio, quando o seu pai, já viúvo, adoeceu gravemente. Como filho mais velho dos homens, teve que retornar à cidade para tocar o Cartório do 2° Ofício, de propriedade do pai. Ao mesmo tempo, cuidava da precária saúde do ancião, acompanhando-o por longos anos. Com o seu falecimento, se viu forçado a retornar definitivamente a Nova Friburgo, abandonando a carreira artística para a qual se preparava com entusiasmo, passando a trabalhar somente no cartório, que lhe foi transferido definitivamente.
Casado com Stella Magarão do Lago, teve quatro filhos: Américo Vespúcio, Sylvio (ambos falecidos), Mozart e Lúcia Stella. Sérvio Lago faleceu em 19 de julho de 1948, a uma semana de completar 64 anos.
Filho Comendador da Euterpe
Como parte das celebrações do Ano Sesquicentenário, em 2013, a Sociedade Musical Beneficente Euterpe Friburguense e o Grupo de Arte Movimento e Ação (Gama) homenagearam o maestro Sérvio Lago. No dia 1º de junho foram recepcionados familiares do maestro — entre os quais o filho Mozart Lago —, que participaram da inauguração de placa referencial na antiga residência da família, na Rua Augusto Cardoso 52, onde funciona a Clínica Mater Dei.
E durante o concerto da Euterpe, como parte dos 54º Jogos Florais, à noite, no Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura, Mozart Lago também recebeu o título de sócio honorário no grau de comenda, como embaixador do sesquicentenário da Euterpe Friburguense.
A família Lago aproveitou o ensejo e doou à banda Euterpe as partituras originais do Hino de Nova Friburgo, que se encontram preservadas em seus arquivos.
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