Max Wolosker
Ibsen Pinheiro, deputado federal. Quem é esse gaúcho nascido em São Borja? Vamos refrescar a memória dos desavisados: deputado pelo Partido da Maracutaia e da Bandalheira (PMDB), era presidente da Câmara, quando em 1993 estourou o escândalo dos anões do orçamento em que mais de 100 milhões de reais foram desviados dos cofres públicos.
O esquema era composto de três variantes: na primeira, deputados envolvidos costuravam emendas no orçamento, remetendo o dinheiro para entidades filantrópicas ligadas a parentes e laranjas; na segunda os meliantes acertavam com as empreiteiras grandes obras, mediante o pagamento de polpudas comissões e na terceira, cobravam propinas de prefeitos para a inclusão de obras no orçamento ou para apressar a liberação de uma verba já prevista.
Os leitores já sabem de quem se trata? Ele foi cassado em 1994, juntamente com mais 18 deputados, num episódio que ficou conhecido como o caso dos “7 anões”, em função de serem sete os principais envolvidos, a saber: José Carlos dos Alves dos Santos, João Alves, Ibsen Pinheiro, José Geraldo Ribeiro, Manoel Moreira, Ricardo Fiúza e Raquel Cândido. Aliás que palavrinha maldita esta deputado, pois todos os citados o eram e do PMDB.
Como estamos em solo brasileiro, cumprida a cassação esse indivíduo consegue ser eleito novamente deputado federal e em pleno gozo de suas prerrogativas constitucionais, lança a emenda 387 ao projeto de lei 5.938, que altera a distribuição dos royalties do petróleo, o que vai causar um prejuízo de 7 bilhões de reais aos cofres do estado do Rio de Janeiro.
Apesar da memória do brasileiro ser muito curta e muito ruim para gravar datas e nomes creio que ficou fácil descobrir quem é ele. Trata-se de Ibsen Pinheiro considerado hoje inimigo público número um do Rio de Janeiro.
Será que quando bolou a 387, numa recaída dos seus tempos de anão, o deputado em questão não teria em mente forçar o atual governador do estado do Rio a pagar uma vultosa propina em troca de uma amnésia que o faria deletar sua proposta? Aqui, tudo é possível.
O que é mais grave em todo esse episódio é o fato de continuarmos com os mesmos problemas do passado recente, só que agora mudaram partido e deputados. O hábito de sangrar os cofres públicos dez anos depois é da responsabilidade do PT (partido dos trambiqueiros), com todos os seus filiados cujos nomes abrilhantam as colunas dos jornais, policiais ou não.
É inacreditável que não se consiga promover uma reforma eleitoral nesse país que proiba aos políticos cassados ou aqueles que renunciam para evitar a cassação, um retorno à vida pública como se o passado não existisse. Pode-se alegar que todos têm direito a uma segunda chance, mas quando se trata de dinheiro público, tem se de agir com rigor. De acordo com o ditado popular “pau que nasce torto não endireita” e isso não é exagero, pois basta nos lembrarmos do ex-governador de Brasília, José Roberto Arruda envolvido, no momento, num esquema de desvios de verbas públicas, o conhecido caso dos panetones. Em 2001, quando era senador da República, teve de renunciar ao mandato envolvido que estava no episódio de violação dos painéis do senado, juntamente com Antonio Carlos Magalhães, que também abriu mão do seu mandato. Como Ibsen Pinheiro, a lista é extensa e todos voltaram à vida pública, como se nada tivesse acontecido.
Por isso nós eleitores temos a obrigação de dar um basta nesse festival de maracutaias que denigrem o nosso povo. Nas próximas eleições votemos com consciência mesmo que para isso a solução seja anular o voto.
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