Regressando de uma de minhas andanças sozinho pelo caminho, num daqueles momentos em que podemos refletir sobre nós mesmos, resolvi sentar à beira da estrada. Naquele momento iniciei uma busca por mim mesmo. Ao me deparar comigo, escolhi escutar-me. Foi então que constatei quantas vezes me ignorei. Com isso, me magoei e afetei outras pessoas. Quantos sonhos ficaram pelo chão. Lembrei de como era bom ir para o colégio, como era gostoso entrar em férias, como era bom passear com o cachorro, como era sensacional estar cursando uma faculdade — aprendendo, sonhando que poderia, por meio do conhecimento, contribuir para a sociedade. E como é excelente ser parte de minha família, fazer novas amizades, construir novos laços fraternos com as pessoas.
Eu posso. Eu mereço. Eu quero ser feliz, saudável, profissional, amigo. Quero ser feliz junto à minha família. Quero continuar minhas andanças. Quero continuar aprendendo e contribuindo.
Após essa reflexão, reiniciei a caminhada, mas com a sensação de que havia deixado para trás uma “mochila” que não era minha. Havia expurgado o que não era para guardar e arrumado o que tinha que ficar. Optei por ser eu mesmo e aceitar as consequências. Diante desta escolha consciente, observei detalhes no caminho, ao regressar, que antes não havia percebido.
Constatei que mesmo em meio a tanta mudança provocada pelo evento natural, muitos continuavam suas vidas, adequando-se ao meio e inovando, prosseguindo em sua estrada. Verifiquei que, dentro do possível, a comunidade se ajudava em tudo que dependia dela, não esperava por ajuda de nenhuma parte. Foi quando concluí que a ajuda do grupo de amigos era um prêmio pela iniciativa daquelas pessoas. Elas mereceram aquele apoio. Isso prova que juntos somos capazes. E que todos podemos, sim, ter um dia perfeito.
A partir dessa constatação, e continuando a andar pela estrada, recordei-me de uma lição que recebi quando praticava judô, ainda bem pequeno. Há uma técnica que sempre gostei, mas que tinha grande dificuldade em executar. Na turma dos adultos um aluno a executava com perfeição, e sempre após o meu treino ficava assistindo, esperando aprender a tão sonhada projeção. Depois de vários dias, o aluno se dirigiu a mim e disse: “Não poderás aprender a executar está técnica se não treinares incansavelmente por todos os dias. O treino é o que dá conhecimento e fortalecimento para tornar realidade os seus sonhos. Se não colocar em prática a sua vontade, seu sonho sempre será um sonho. A realidade é para aqueles que não temem quebrar limites e crenças”.
Depois disso, constatei que aqueles que acreditam em liberdade podem fazer o que desejarem e contribuirão para transformar a realidade. Farão o que devem fazer. Seguirão firmes seus objetivos, cumprindo suas metas com ética, eficácia e eficiência. Constatarão que tudo é possível desde que aceitem que são livres, acreditem e confiem em sua capacidade de aprendizado e escolham de maneira consciente.
Fiquem em paz!
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