Segundo os antigos, cada mês, como conhecemos hoje, era conhecido por lua. Assim, quando se passava um mês, se passava uma lua.
Então, após uma lua, caminhando numa praça da cidade, presenciei alguém anunciar-se como alquimista, afirmando que ensinaria como transformar metal em ouro.
Algumas pessoas pararam para ouvir e outras o ridicularizavam. Para provar sua mensagem, o alquimista pediu um objeto de metal, recebendo uma ferradura. Ele pegou a peça e, apesar dos insultos e da incredulidade de alguns, colocou a ferradura na vasilha e sobre ela deixou cair o que trazia num pote, ficando alguns segundos em infusão. A partir daquele momento o silêncio varreu a praça. Em seguida, os incrédulos não sabiam o que pensar ao ver uma ferradura de ouro. A transmutação estava completa bem diante dos olhos de todos.
Após conseguir chamar a atenção e colocar todos no mesmo nível, o alquimista retirou de sua sacola um livro de muitas páginas, entregou ao mais novo dos meninos que estava na praça e afirmou que aquela obra continha o segredo da transmutação dos metais em ouro. E partiu tranquilo, sem que ninguém soubesse para onde ele seguia. Todos queriam uma cópia do livro poderoso e logo compartilhavam a receita para produzir ouro. Mas, perceberam que a fórmula era muito complexa. Exigia água destilada no silêncio da madrugada por trinta luas, além de outros compostos, que deveriam ser conseguidos fora da cidade, em noites especiais em palácios distantes, fosse num planalto ou perto de laranjeiras.
Inicialmente todos da cidade assumiram o compromisso de trabalhar em prol daquele intento, mas, com o passar do tempo, as pessoas foram desistindo. Alguns achavam muito penoso esperar a água em silêncio destilar nas madrugadas... E procurar os demais ingredientes era muito cansativo. As pessoas foram desistindo. E, à medida que desistiam, tentavam convencer outros a fazer o mesmo. Os incrédulos reapareceram e atacavam o alquimista, alegando que ele apenas queria mostrar como o povo dos Alpes era tolo.
Mas, um pequeno grupo prosseguiu com o trabalho. Apesar de ridicularizado pelos incrédulos, continuou destilando a água e fazendo as viagens, sempre encontrando os ingredientes da fórmula.
O tempo passou e a quantidade de histórias divertidas e situações que vivenciaram juntos só aumentou. O grupo tornou-se cada vez mais unido. Converteram-se em grandes amigos. Até que, num mesmo dia, todos que tinham começado juntos viraram a última página das instruções do livro, e lá estava escrito:
“Se todas as instruções foram seguidas, você tem agora o líquido que buscava. Entretanto, verdadeiros alquimistas perceberam que a maior riqueza não está no produto final obtido, mas sim, no caminho percorrido. O que nos torna infinitamente ricos não é a quantidade de ouro que conseguimos produzir, mas os momentos que compartilhamos com os verdadeiros alquimistas e amigos”.
Fiquem em Paz!
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