Continuando a saga acerca deste sentimento tão divino que é o amor, lembro-me que numa das cartas do Andarilho ficou uma reflexão mais ou menos assim: “Se eu soubesse antes tudo o que sei hoje, será que mudaria alguma coisa?”.
Pois bem, sentado em minha sacada, lugar onde tenho paz para me concentrar e sinto-me confortável para escrever, passei a ponderar sobre a reflexão acima, deixando meus pensamentos agirem, permitindo minhas emoções atuarem, percebendo que meu silêncio me ensina muito.
Nesse momento percebi que a razão, neste cenário, é uma peça que se encaixa ao desencaixar-se de tudo. Realmente o que sei agora é diferente do que sabia há anos, mas, sinceramente, com o conhecimento acumulado ao longo do tempo não tenho certeza de que mudaria alguma coisa. Possivelmente seria mais arrojado em minhas ações e não guardaria tantas palavras à espera do momento correto. Mas não deixaria o conhecimento mudar minha infância, adolescência e juventude.
Sobre minhas frustrações, agradeço por ter experimentado o sabor amargo de cada uma no momento certo. Aos meus erros agradeço por ter tido a chance de aprender e apreender a lição contida neles. Aos amores não correspondidos ou vividos, esses todos formaram um ser humano mais amável, parece um antagonismo, mas é a verdade. Mesmo tendo colecionado alguns desamores, nunca me furtei em amar e buscar o amor. Talvez por isso nada racionalmente exista entre amantes. Talvez por isso o que há entre amantes é o fato de estarem sempre prontos um para o outro. Aqui permito-me continuar a devanear acerca do delicioso exercício do amor. Para tanto me valho novamente do testemunho de uma pessoa querida. Esse amigo, refletindo sobre o amor da sua vida, concluiu da seguinte maneira: o amor de sua vida é aquela mulher que traz de volta a sensação do sangue nas veias. É aquela que o quer pelo que ele é, e o tem justamente por ser ele quem é. Sempre o teve, apesar de tudo e todos e, principalmente, além do famigerado tempo e da cruel distância física. Os pensamentos estiveram desligados, aparentemente, mas em verdade se mantiveram conectados. Até mesmo em logomarcas da sua empresa o amor da sua vida se faz presente. Ele tem certeza em seu íntimo que o amor da sua vida sabe que, apesar de não terem tido a chance de praticarem o que de fato são, eles são!
Tudo realmente sempre está junto e misturado, mas a cada dia melhor e mais forte. Ele sabe que por tudo isso e por estar consciente disso, justamente por esta razão, fica comprovada a irracionalidade dessa situação. A razão é a parte que faltava faltar!
A razão não precisa dar sua contribuição, pois o que os dois são independe da ação de cada um, ocorre naturalmente e sempre estará sendo reinventado. O sentimento é vivo, forte e com raízes tão profundas que nunca mais será possível achar seu final, se é que pode ser chamado de final algo que busca os ingredientes que nutrem o ser.
Ele termina a exposição do seu ponto de vista afirmando que, se soubesse antes tudo o que sabe hoje, nada mudaria. Continuaria sendo o homem que apenas o amor de sua vida conhece. Aquele mesmo que esperava na esquina da casa dela e ia passear mesmo que fosse apenas para acompanhá-la. Continuaria sendo aquele menino que estava sempre pronto a ficar ao seu lado e olhar feio para o galego de olhos claros que a cortejava. Continuaria sendo o mesmo. Continuaria nutrindo o mesmo amor. Continuaria pedindo ao destino que fizesse encontrar novamente com ela, pelo menos para pode lhe dizer tudo. Ele continuaria sabendo o enredo da história. Reviveria o seu início e viveria seu meio, mas o final nem pensa em escrever. Ele não quer nada de contos de fadas. Ele sabe que o amor da sua vida transformou-se numa mulher muito gostosa!
Ele sempre soube quem era o amor da sua vida e nunca repartiu isso com ela. Esse amigo apenas viveu e sentiu o amor. E ao final ele me disse: “Viva sempre o amor. Não se prive disso!”. E é exatamente isso o que proponho a todos!
Fiquem em paz!
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