Por Leonardo Penna
O que nos revela essa palavra? Em um primeiro momento, a palavra nos remete a igualdade, fraternidade, suavidade, paz. Sentimentos nobres que todos desejam usufruir. Pergunte a um maestro por um acaso se seu trabalho pode ser feito sem ela. Com toda certeza ele dirá que será impossível. De nada adiantará um grupo de músicos se não existe harmonia entre eles. Não haverá melodia, não haverá orquestra, não haverá beleza! A beleza que toca os sentidos e nos eleva para outro patamar de pensamento, onde o eu se torna o nós e onde juntos montamos e tocamos a sinfonia.
A sinfonia da vida onde todos contribuem com a sua parcela de modo único, porém harmônico, no pensamento do todo. Como dizia Sêneca: “Vive em harmonia com as leis da natureza e nunca será pobre. Vive em harmonia com as opiniões e nunca será rico”.
Cada um contribuindo a seu modo; uns com instrumento de sopro, outros com instrumentos de corda — afinal, a beleza é construída pela diversidade, apesar de parecer um contrassenso, como a harmonia.
A presença da harmonia representa a evolução dos seres, pois não se conhece até os dias atuais um lugar onde a harmonia tenha determinado o fim de um povo, uma cidade, uma comunidade ou uma família. Muito pelo contrário: onde ela existe “coincidentemente” percebemos de forma clara a evolução daquele grupo. Porém, para que ela se manifeste, é importante que os seres individualmente procurem ajustar-se a ela em tudo que preside no Universo, evitando os choques e atritos que causam a infelicidade humana.
Um a um devemos procurar a harmonia interior, disciplinando nossos impulsos, burilando nosso caráter, conquistando nosso equilíbrio espiritual. Senhores de si mesmo, nós controlamos perfeitamente nossas ações, dominando nossas paixões, nossos instintos irracionais e nossos impulsos egoísticos. Em busca da evolução, percebemos que desprezar ambições materiais é fundamental, pois estas contribuem para perturbar nossa paz interior. E aqui entra uma pequena palavra que infelizmente é grande demais para muitos, ego.
Uma vez dominado o ego, fácil é conquistar a harmonia com o mundo exterior. Os impulsos vão cedendo lugar aos altruísmos, o ajustamento vai tornando-se cada vez mais espontâneo e a integração cada vez mais perfeita. A busca da harmonia com o mundo exterior gera o sentimento de fraternidade, expressão de solidariedade, do amor do indivíduo por seus semelhantes. Torna-se um modo de ser que traduz-se por solidariedade, tolerância e lealdade.
No sentido contrário, a falta de harmonia tem gênese nos sentimentos egoísticos e geram forças nefastas em luta constante contra as forças do bem. Essas forças do mal procuram manter as massas na ignorância, na escravidão dos preconceitos provocando manifestações de intolerância, ódio e injustiça, fomentando a exploração do homem pelo homem, a tirania, as lutas sociais, as guerras e todas as demais formas de atrito e choques que tornam a humanidade sofredora.
Albert Einstein, com seu privilegiado intelecto, já dizia: “O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos como algo separado do universo — numa espécie de ilusão de ótica de sua consciência. E essa ilusão é uma espécie de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos e ao afeto por pessoas mais próximas. Nossa principal tarefa é nos libertarmos desta prisão, ampliando o nosso círculo de compaixão, para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá alcançar completamente este objetivo, mas lutar pela sua realização já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior”.
Essa deve ser a nossa luta permanente, a nossa própria razão de ser. A orquestra já está formada e se estivermos verdadeiramente dispostos tudo será harmônico com saúde, força e união! A sinfonia necessita ser bela e para isto temos que ser responsáveis e se formos ela sempre será!
Fiquem em Paz!
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