O Andarilho - A diversidade na adversidade - 4 a 6 de junho 2011

Por Leonardo Penna
sexta-feira, 03 de junho de 2011
por Jornal A Voz da Serra

O andarilho caminhava pela margem de um rio com forte correnteza. Diante do grande volume de água, pensava numa forma de alcançar sua outra margem, para então continuar sua viagem. Ele pensou em atravessar nadando, mas percebeu que não seria capaz de suportar a força das águas. Buscou alguma parte onde fosse a distância menor entre as margens, mas não encontrou. Percebeu que a noite se aproximava e decidiu acampar ali mesmo. Providenciou seu abrigo, preparou sua refeição e deitou, passando a contemplar e refletir com as luzes da noite. As estrelas formavam um emaranhado que, com o tempo, os olhos dissolvia. Punhados de estrelas formavam belos desenhos. Alguns para o andarilho eram impossíveis de decifrar, tal como era a travessia até aquele momento.

O jovem percebeu que estava a pensar no problema e não na solução. Naquele exato instante concluiu que a travessia aconteceria sim, desde que conseguisse auxílio. Percebera que sozinho não conseguiria atingir sua meta. Logo depois adormeceu sob o manto estrelar e tendo seu sono velado pela lua. Logo cedo os primeiros raios do sol o acordaram, espreguiçou e iniciou sua caminhada rumo à vila de pescadores, próxima do local onde dormira. Após algum tempo caminhando alcançou seu destino e solicitou ajuda ao pescador mais antigo daquele povoado. Disse-lhe que precisava atravessar o rio, mas não tinha condições de fazê-lo sozinho. Com isso, o velho pescador se ofereceu para levar o jovem ao outro lado do rio em seu barco. Na verdade, um pequenino e velho barco.

O andarilho preocupou-se com o estado da embarcação e a idade do barqueiro. Mesmo assim, ambos embarcaram e iniciaram a travessia. Dois remos e força de vontade para servir. O inexperiente andarilho começou a pensar que eles não conseguiriam alcançar a outra margem. Mas o velho senhor garantiu que estariam do outro lado do rio em pouco tempo e passou a remar. Neste momento, o passageiro percebeu que cada remo tinha a letra “a”. Imaginava qual o significado daquelas inscrições. Sem suportar a curiosidade, questionou: “Senhor barqueiro, qual a razão das letras gravadas nos remos?” O velho senhor sorriu e continuou a remar. Passados mais alguns instantes, ele então respondeu: “Filho, jogue a âncora, chegamos onde desejava. O barqueiro pegou os remos, desembarcou e mostrou a frente da canoa, onde havia mais uma letra “a”, intrigando ainda mais o jovem, que indagou de novo: “Qual o significado das três letras a?”

O ancião respondeu: “A letra inscrita no barco significa autoconfiança. Já as que estão inscritas nos remos significam acreditar e agir. Para atingir sua meta, que era o outro lado do rio, você precisou de autoconfiança, mas antes decidiu acreditar que era possível e depois agiu para atingir seu intento. Guarde isso, menino, pois assim suas metas serão sempre possíveis, desde que acredite e aja na mesma intensidade. As metas sempre serão alcançadas quando acreditar e agir de acordo com sua capacidade, sem comparações”.

Continuando sua estrada após a instrução recebida, chegou até uma praia e decidiu ali acampar, para prosseguir no dia seguinte e conquistar mais uma de suas metas. Antes de adormecer, porém, sob o mesmo manto estrelar e tendo a lua como sua protetora, observou como os oceanos agregam os rios, indistintamente. Mesmo aqueles riachos são tratados pelo mar tal como aquele imponente, que exige um barco e um experiente barqueiro para atravessá-lo.

Felizes aqueles que conseguem agregar os diversos sob o manto da igualdade.

Fiquem em paz!

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