A festa dos andarilhos!
Tudo começou lá no final dos anos 70. Desde o 1º período até o 3º ano F.G., depois o vestibular e o momento de seguirmos nossas estradas. E no último fim de semana os Andarilhos, por conta da bela e única iniciativa de um de nós, celebraram a vida em encontro que serviu para que as experiências fossem compartilhadas e as lembranças estimuladas, a fim de deixar evidente que nossas raízes são fortes e estão aqui em Nova Friburgo. Cada um dos Andarilhos seguiu caminhos distintos, e alguns distantes. Cada um dos Andarilhos viveu momentos decisivos e marcantes nesta cidade durante as décadas de 80 e 90. Atualmente os Andarilhos colhem os bons frutos pelo esforço nos bancos escolares, que permitiram o aprendizado acadêmico e possibilitaram o início dessa convivência tão gostosa e saudável.
Hoje os Andarilhos iniciam a semeadura no campo da vida. Semeadura que — quer por meio das suas atividades profissionais, quer por meio dos seus descendentes — deixou nossos pais felizes e contentes por verem os belos frutos de seus esforços. Os padres e as freiras que cuidavam de nós durante aquela época devem ficar satisfeitos pelo sucesso que foi todo o esforço. Os professores, recompensados. Nós estamos certos de que tudo valeu, cada prova de química e a famosa “maçã”. Valeram cada dança de quadrilha de festa junina, cada jogo nas olimpíadas internas, cada jogo de basquete no clube. Valeu cada sábado que marcávamos para nos encontrar na boate do Country; cada churrasco com suas peculiaridades e lendas; cada viagem — fosse para o Tivoli Parque da Lagoa, para o Barra Shopping a fim de lanchar no Bob’s ou McDonald’s, ou então para assistir ao filme Sociedade dos Poetas Mortos, em Niterói. Tudo foi importante para nos dar força e suportar cada dor que possa ter sido sentida por conta da ausência física de alguns dos nossos.
Somos Andarilhos da mesma geração. Geração que nos presenteou com pessoas de extrema inteligência e capacidade para agregar. Geração que, diante do desastre natural, trabalhou, socorreu e agora escolheu celebrar a vida. Geração formada por pessoas iluminadas pelo Divino e que, por conta desta luz, foi toda atraída por ela. E o resultado é A Festa, uma comemoração por mais de três décadas de vida, amor fraterno e amizade.
E como explicar isso tudo? Pode ser por meio de atitudes ou de palavras. A explicação por atitude já nos foi demonstrada, A Festa. Por palavras tentarei usando uma metáfora. “Um Andarilho se preparou para um longo caminho, onde encontraria o sol, a chuva, o frio. Colocou em sua bagagem calçados, roupas, chapéu, enfim, tudo o que achava necessário. E tudo era novo. Pensou em seu destino e em tudo de valor que achava possuir. Abriu sua mochila e nela colocou tudo, achando que, se não usasse no seu dia a dia, ao final teria tudo ao seu dispor, quando quisesse. E novo. Colocou tudo às costas, e partiu. Ao longo de sua vida, após várias trilhas, viu-se cansado e não pôde mais continuar. Estava exausto. O peso às costas, com o seu tesouro, já lhe era insuportável. Seus pés, rachados e sangrando, seu corpo surrado, machucado e frágil, sua cabeça ferida e seu pensamento sem direção. Olhou para os seus pés e seus calçados. O sapato continuava novo, mas, seus pés, acabados. Tomou a roupa nova e tocou o corpo velho e dolorido. Levantou o chapéu novo e tentou colocá-lo na cabeça inchada. Faltava muito para chegar, e tudo que possuía, novo, tal como preservou, de nada lhe servia agora. Pensou em abandonar tudo. Em silêncio, e pela primeira vez, concluiu que, se tivesse utilizado o seu calçado, ele estaria velho, mas seus pés, doloridos apenas. Se tivesse se vestido, sua roupa estaria rota, mas seu corpo não estaria machucado, cansado e sujo. Se tivesse usado o chapéu, ele estaria com as abas caídas, mas sua cabeça não estaria a estourar de dor. Refletiu e reconheceu que ali estavam os seus verdadeiros amigos. Para servi-lo, a todo instante, porém, tentando somente preservá-los não permitiu que eles participassem de sua vida.
Então, lembre-se: os seus amigos não querem estar somente em uma mochila, como o calçado, a roupa, o chapéu, como um fardo. Querem é estar contigo, em toda a sua jornada, mesmo que cheguem desgastados, sujos, cansados, porém, certos de que, de algum modo, aliviaram a sua dor, seu sacrifício e participaram de sua alegria. Todos, juntos.
Juntos, somos fortes e capazes.
“Salve brenhas do Morro Queimado, que os suíços ousaram varar...”
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