Morreu ontem, 26, de madrugada, em um hospital particular em Niterói, aos 63 anos, o jornalista e ator de teatro Paulo Carvalho, apresentador do telejornal "SBT Cidade”, na afiliada do SBT em Nova Friburgo, e também do programa da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do município (Aeanf), "Hora Técnica”, na TV Zoom. Paulo Carvalho havia sido submetido na semana passada a um procedimento cardíaco para controle de uma arritmia, mas sofreu uma parada cardíaca que desencadeou demais complicações. O velório, realizado no memorial SAF, no bairro Duas Pedras, contou com um grande acompanhamento de amigos e admiradores. Seu corpo será cremado hoje, 27, em Nova Friburgo. Paulo era casado com a atriz de teatro Cildéia Corrêa e tinha duas filhas, Luisa e Maria Beatriz.
Além de ator e jornalista, Paulo Carvalho tinha uma personalidade forte e se destacava pelo bom humor e simpatia. Era um verdadeiro apaixonado pelo teatro. A veia artística o facilitou para externar o talento que ganhou as telas da TV. Paulo teve diversas passagens pelo SBT nacional, chegando inclusive a substituir Boris Casoy durante férias na titularidade do extinto "TJ Brasil”. Nas bancadas da TV também apresentou o "Jornal da Manchete - Edição da tarde”, com transmissão em todo o Brasil na extinta Rede Manchete, e também foi locutor da Rádio Jornal do Brasil FM, no Rio de Janeiro. Participou da fundação do SBT Interior na década de 80 e, desde 2005, voltou à emissora em Nova Friburgo para ancorar o "SBT Jornal”, hoje "SBT Cidade”, veiculado em todo o interior do estado. Se destacava pelo bordão: "O seu problema é o meu problema”. Ele voltaria das férias ontem para apresentar o telejornal.
Paulo Carvalho também atuava como mestre de cerimônias e com sua verve e profissionalismo colaborou para muitos perderem a inibição de se apresentar em público com cursos de oratória. Mas foi no teatro que seu talento marcou época através de uma série de produções do Grupo de Arte, Movimento e Ação (Gama), do qual também participou da fundação há quase cinco décadas junto com o grande amigo Júlio Cezar Seabra Cavalcanti, o Jaburu.
Em sua trajetória no Gama destacam-se espetáculos de grande sucesso, como "O que mantém o homem vivo”, "Diário de um louco”, "A história do Zoológico”, "Um grito parado no ar”, "O assalto”, "Faz escuro, mas eu canto”, "Tiradentes Brasil Opus”, "O auto da compadecida” e "Liberdade, liberdade”. Em 1971, Paulo Carvalho foi agraciado em Niterói com o troféu "Melhor Ator Estadual”. No ano seguinte, arrebatou outro troféu, desta vez em âmbito nacional, por sua atuação em "Tiradentes Brasil Opus”, de Girlan Miranda.
Parceiro de inúmeras produções teatrais, Jaburu emociona-se ao falar do talento de Paulo Carvalho e recorda-se de uma de suas apresentações magistrais em "Liberdade, liberdade”, quando, após a encenação, o ex-presidente do Serviço Nacional do Teatro, Orlando Miranda, ao ser perguntado sobre o espetáculo, afirmou "não poder emitir uma só palavra antes de abraçar e reverenciar Paulo Carvalho por sua brilhante interpretação”. Orlando, que atuava com mestres do teatro da época como Jardel Filho, Paulo Autran e Paulo Gracindo, reforçou: "Há muito não via em cena um ator com tantas qualidades como Paulo Carvalho”. A afirmação marcou Jaburu para sempre.
"Com a morte de Paulo, todos do Gama estamos consternados, porém felizes por sabermos que ele viveu plenamente sua trajetória nesta terra. A plenitude da relação de Paulo com o Gama foi de uma profundidade humana e cultural incomensurável. Era um ator como poucos no Brasil e um excelente ser humano”, resume Jaburu.
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