No último ano, 30 pessoas tentaram se matar em Nova Friburgo, segundo as estatísticas do Corpo de Bombeiros. Já em 2013 foram 31 casos registrados. Um número alarmante, porque, de acordo com o Ministério da Saúde, a média nacional de quem tenta tirar a própria vida é de 5,8 casos para 100 mil habitantes.
O suicídio é um problema mundial. Em outubro do ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que o Brasil é oitavo país com o maior número de casos registrados. No país, estima-se que 25 pessoas cometam suicídio por dia. No mundo, cerca de 800 mil pessoas se matam todos os anos, ou seja, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos.
Segundo a psiquiatra Ângela Maria Moura Rezende, do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II), um pessoa pode cometer suicídio por inúmeros fatores. "A taxa de suicídios é alta em função das mudanças culturais e sociais que estão acontecendo no mundo. Não há uma única causa. As pressões sociais hoje são muito maiores. Por exemplo, a necessidade de você ter sucesso profissional, amoroso, o corpo perfeito. O mundo cobra isso das pessoas. Em cima dos jovens, então, a pressão é muito difícil. O jovem, às vezes, não está nos ‘padrões’ e se sente fora do grupo social”, explica a médica.
Em vinte anos, o suicídio cresceu 30% entre os brasileiros com idades de 15 a 29 anos, tornando-se a terceira principal causa de morte de pessoas em plena vida produtiva no país. As primeiras causas de mortes entre jovens são acidentes e homicídios. De acordo com a médica, as taxas são ainda maiores entre homens idosos, que costumam consumar o ato usando métodos como enforcamento ou arma de fogo. Entre as mulheres com idades de 20 e 35 anos, as tentativas de suicídio são maiores. "Elas usam métodos que dão tempo de ajudar: tomam remédios ou tentam se cortar com algum objeto”, conta a especialista.
Amigos e familiares precisam estar atentos quando uma pessoa está muito triste, solitária e, principalmente, quando expressa ideias de ruína. "Geralmente o suicida fala do problema com as pessoas. Ele dá sinais. ‘Eu não dou mais certo!’, ‘As coisas estão ruins’, ‘Eu não tenho saída’. Estas são frases típicas que você tem que prestar atenção”, orienta a psiquiatra. As pessoas com histórico de suicídio na família e que não respondem bem às frustrações, como a perda de um emprego, por exemplo, também precisam ser observadas pelos mais próximos.
Segundo Angela, a maneira mais adequada de ajudar uma pessoa nesta situação é ouvi-la, sem julgamentos, e estimulá-la com falas motivadoras. De acordo com a psiquiatra, procurar atendimento médico também é fundamental para que a pessoa receba o tratamento adequado, que envolve psicoterapia e medicamentos que melhoram o humor do paciente.
Em Friburgo, não existe um órgão especializado no tratamento do suicídio, mas, segundo a médica, qualquer pessoa pode procurar o Caps como uma porta de entrada para uma avaliação. "Ele vai ser escutado, vai ser ouvido e vai ser encaminhado para um tratamento nos postos de saúde do município. A emergência do Hospital Raul Sertã também tem um atendimento em saúde mental. Normalmente esse pacientes vão para lá, porque após cometerem a tentativa de suicídio, eles vão para a emergência. E ali ele começa o primeiro atendimento”, encerra.
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