Número de incêndios já é 5 vezes maior do que o registrado neste mês em 2016

Em 10 dias município contabilizou quase 100 casos. Chamas se alastraram pelas Catarinas nesta quinta
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
por Karine Knust
As chamas lambendo a Catarina Filha ao anoitecer (Foto: Alexandre Meinhardt)
As chamas lambendo a Catarina Filha ao anoitecer (Foto: Alexandre Meinhardt)

O trabalho do Corpo de Bombeiros tem sido ainda mais intenso nos últimos dias. De acordo com um levantamento divulgado pelo comandante do 6º GBM, coronel Fábio Gonçalves, em uma semana, o número de queimadas em Nova Friburgo subiu de 56 (até o último dia 13) para 126 (até a última quarta-feira, 20).

Ainda segundo dados registrados pela corporação militar, destas 70 ocorrências de fogo em vegetação atendidas nos últimos sete dias, 55 eram  próximas a residências. Só na quarta-feira, 20, equipes do grupamento trabalharam para conter chamas em sete localidades: Via Expressa, Toledo, Fazenda Bela Vista,  estrada de acesso a Amparo, Chácara do Paraíso, Vila Amélia e Parque São Clemente.

O número de incêndios em vegetação registrados nestes primeiros 20 dias de setembro já é cinco vezes maior do que o registrado durante todo o mês em 2016. Apenas no Parque São Clemente, 11 bombeiros foram deslocados para conter as chamas quarta-feira.

Na noite desta quinta-feira, 21, um grande incêndio atingiu as Pedras Catarinas, símbolo máximo de Nova Friburgo. O fogo subiu pela Catarina-Filha e, de madrugada, já chegava ao topo da Catarina-Mãe.

Segundo o coronel Fábio Gonçalves, ainda não é possível precisar a dimensão dos estragos causados pelo fogo em todo o município. Mas, para se ter uma ideia, na semana passada, em apenas uma ocorrência as chamas chegaram a destruir uma área equivalente a 100 campos de futebol. O caso aconteceu no loteamento Parada Folly, distrito de Amparo.

Para auxiliar no combate a tantos incêndios, o Corpo de Bombeiros de Nova Friburgo recebeu reforços. O helicóptero do Grupamento Operacional Aéreo (GOA), do Rio de Janeiro, tem sobrevoado diversas localidades nos últimos dias, inclusive para encontrar possíveis novos focos em locais de difícil acesso.

Fogo tardio

O crescimento no número de queimadas neste mês de setembro é alarmante. Mas outro levantamento divulgado pelo Corpo de Bombeiros no início desta semana chama a atenção por outra questão. De acordo com os dados divulgados pelo grupamento, os incêndios em vegetação registrados de janeiro a agosto de 2017 representam quase a metade do que foi contabilizado em 2016. Exatamente. Nos primeiros oito meses do ano passado, o 6º GBM combateu 188 queimadas no município. No mesmo período este ano, foram 99 ocorrências.

Em entrevista para A VOZ DA SERRA, publicada na segunda-feira, 18, o tenente-coronel Fábio Gonçalves, afirmou que a mudança pode ser atribuída às alterações climáticas. “O período de estiagem varia bastante de ano a ano. Ano passado, por exemplo, o período de estiagem já começou com queimadas, esse ano os incêndios em vegetação estão sendo tardios exatamente porque os dias secos demoraram a chegar. Fatores como umidade e temperatura fazem culminar no aumento ou diminuição do índice de fogo em vegetação”, explica ele.

Apesar do amanhecer dos últimos dias ter sido de céu nebuloso, as tardes em Nova Friburgo tem sido de céu limpo. Não chove na cidade há mais de 40 dias. Segundo o site de previsões meteorológicas Climatempo, a estimativa é de que o clima permaneça seco por, pelo menos, a metade da próxima semana. Apesar da longa estiagem, que contribui para o aumento no caso de incêndios, de acordo com Fábio Gonçalves, 90% das ocorrências registradas na cidade foram provocadas. A chamada “limpeza de terreno” é um dos métodos que causam boa parte das queimadas. Além de transtornos para quem mora nas redondezas, com a intensa fumaça e fuligem, o incêndio desse tipo pode sair do controle e provocar grandes estragos.

 

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