Não, não estamos na novela e aqui não há Carminha, Nina ou Jorginho. Também não existe um articulado plano de vingança: a única semelhança com a dramaturgia foi o “tufão” que passou por ali. O projeto de construção da Avenida Brasil, segundo moradores, existe há mais de 30 anos e até hoje muita gente conhece o local por esse nome. A ideia era criar uma avenida paralela ao Rio Bengalas que ligasse Conselheiro Paulino a Duas Pedras. Há alguns anos o local passou a se chamar Rua Mauro Luiz Ceccon Salarini.
“Trabalho aqui há 12 anos e nada melhorou. As melhorias são feitas pelos moradores. O pessoal joga cascalho de obra na rua pra diminuir a lama que se forma em dias de chuva”, conta Gedeon Amâncio Faria, lembrando que a iluminação pública é precária, o que favorece o aumento da criminalidade.
Com aproximadamente quatro quilômetros de extensão, o projeto da Avenida Brasil já foi alvo de muitos políticos, mas até o momento a situação continua a mesma. O ponto final da Luiz Ceccon Salarini é o Colégio Estadual Feliciano Costa e em toda sua extensão o local agrega problemas diários. As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram iniciadas no local, mas ainda há muito a ser feito, já que em alguns pontos a obra nem chegou a começar, tornando frequente o drama dos moradores que sofrem com as enchentes.
Entulhos, lixos e a falta de capina na beira do Rio Bengalas fazem parte da cena diária desta novela da vida real. Por ali tudo está interligado. Algumas pessoas conhecem a Avenida Brasil só de passagem, já que ela tem uma servidão que dá acesso à Avenida dos Ferroviários, além das inúmeras pontes que levam até a Avenida Roberto Silveira. Inclusive há pontilhões abandonados desde a tragédia de janeiro do ano passado. A princípio seria construída uma ponte em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Além disso, carros abandonados e uma valeta no meio da rua impedem a passagem de automóveis.
“Moro aqui há um ano e aqui do lado tem um cheiro horrível, moradores de ruas fazem suas necessidades aqui”, relatou revoltada Maria Elenice, referindo-se a uma construção que serve de abrigo para moradores de rua e prática de crimes. “Já acharam muita gente morta aqui”, lembra. Vários pontos da rua estão cedendo, no entanto, o maior problema do local são as ocupações irregulares. Para que o projeto da Avenida Brasil seja realizado será preciso desocupar várias casas que, ao longo dos anos, foram tomando o espaço da rua, impedindo o tráfego contínuo de veículos. Alguns trechos só têm passagem para pedestres.
“A Avenida Brasil é uma questão de necessidade, além de ajudar no trânsito da cidade”, argumenta Caetano Adame, morador do Jardim Ouro Preto, bairro que também seria beneficiado com a realização da obra. Caetano conta que a Avenida dos Ferroviários possui estacionamento irregular em toda sua extensão, o que acaba prejudicando o trânsito no local. “A Avenida dos Ferroviários poderia ser usada como uma via de escape, para desafogar as avenidas principais”, lembra Luiz Antônio Zão, que também apoia e espera que o projeto seja viabilizado. Ele afirma que Nova Friburgo pode melhorar muito, mas deve, primeiramente, organizar as suas ruas.
Prefeitura esclarece alguns problemas referentes à via
Sobre a solicitação de informações sobre a Avenida Brasil, podemos adiantar a resposta do secretário de Assistência Social, Gilberto Souza, que os problemas com pessoas em situação de rua é uma realidade mundial nas grandes cidades, fruto principalmente de uma política econômica avessa aos valores humanitários e sociais. Sendo livre o ir e vir dos cidadãos, não existe impedimento legal para esse fato. As Políticas Públicas Sociais vêm tentando dar conta desse problema com o intuito de minimizar seus resultados nos seios familiares e nas vidas dos cidadãos afetados, sendo isso coisa nada simples ou fácil. A luta é grande contra hábitos arraigados, vícios, dificuldade de capacitação para mudar a curto prazo e a condescendência da população que muitas vezes com o intuito de ajudar cria e fortalece tais comportamentos com suas esmolas e “caridades”. O problema de pessoas em situação de rua não pode ser encarado única e exclusivamente como responsabilidade de uma só Secretaria, ainda que esta seja a de Assistência Social, esse problema tem que ser responsabilidade de vários setores da Política Pública e da sociedade como um todo. Sobre as indagações, o secretário salienta que a invasão de domicílio particular é caso de polícia e cabe uma ação do proprietário. Da mesma maneira crime, pessoas feridas, e venda de drogas são casos de polícia e devem ser denunciados pelos moradores que podem acionar as Associações de Moradores para juntos buscarem uma ação mais efetiva da Polícia nessas áreas.
AUTRAN - A Autran informa que estão sendo levantados os locais apontados e os veículos abandonados para avaliar a possibilidade de remoção.
Sobre as demais questões levantadas no pedido de resposta, estamos agilizando junto às secretarias as devidas respostas.
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